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Dicas para criar componentes mais legíveis

O problema

Uma das minhas maiores dores no desenvolvimento de aplicações front-end é quando abro um componente desenvolvido por um colega (ou por mim mesmo 😅) e vejo que este possui 2 mil linhas em um único arquivo. Para mim isso é ruim, pois demoro para conseguir entender o que de fato todas aquelas linhas fazem - isso quando eu entendo. Então torna-se necessário desprender de uma quantidade x de tempo para ir lendo tudo até fazer, de fato, o eu precisava inicialmente. Para resolver ou, pelo menos, amenizar esse problema existem algumas técnicas que podem ser utilizadas e é sobre isso que venho tratar aqui.

O velho e o novo testamento

Como já citei anteriormente, às vezes, no nosso dia a dia de desenvolvimento acabamos deixando um componente tão grande que caberiam 2 bíblias dentro dele 🤣.

Para citar alguns dos problemas do arquivo desse tamanho seria:

Dificuldade na legibilidade da página

Com arquivos muito grandes o processo de leitura acaba demorando mais e, por consequência, o entendimento também. Demora-se mais tempo para conseguir entender o que cada método, função ou trecho de código executa e quando executa.

Baixa manutenibilidade

É comum ver que nesses tipos arquivos há uma grande dependência de pedaços diferentes do código. Desta forma, se você precisa alterar um trecho X ele pode afetar algum outro trecho indesejado.

Alta possibilidade de código duplicado

Também se torna comum ver que em arquivos desse tipo há uma grande quantidade de códigos exatamente iguais ou, pelo menos, muito parecido onde uma ou outra coisa que é diferente.

Coleguinha pistola

Ninguém gosta da sensação que se tem ao abrir um arquivo e pensar "eu não faço ideia do que tem aqui!". O seu coleguinha não gosta e você provavelmente também não.

Virando o jogo

Para virar o jogo e começar a criar componentes que sejam mais manuteníveis, fáceis de ler, aproveitar da reutilização e, não menos importante, deixar os coleguinhas mais felizes é interessante considerar algumas boas práticas enquanto estiver escrevendo seus componentes. Na internet encontramos diversos posts/artigos com diversas dicas do que pode ser feito para ter componentes mais manuteníveis e simples. Aqui não irei tratar uma especificamente, mas sim de um pedaço de cada coisa que vi e que fazem sentido para mim. Caso você tenha interesse em se aprofundar mais no assunto recomendo muito que busque por Atomic Design.

OBS: Nos exemplos que cito abaixo estarei usando Reactjs, mas nada impede que você aplique os conceitos em outras bibliotecas/frameworks.

Componentes genéricos reutilizáveis

Ficar atento toda vez que começar a notar que há coisas demais se repetindo no código. Se está repetindo exatamente igual ou muito próximo disso provavelmente esse trecho de código pode virar um componente isolado.

Para deixar mais sobre as coisas que se repetem, podemos tomar de exemplo coisas como: modais, botões, headers, footers, títulos, sidebars, cards, caixas de alerta e muitas outras coisas. O sistema que você está desenvolvendo pode ter esses exemplos que citei, como podem ter outros totalmente diferentes. Vai ir da sua percepção saber se aquilo que está sendo desenvolvido pode ser reutilizado por outras páginas do sistema. Se a resposta for sim, então componentize!

Componentes específicos não reutilizáveis

Há situações onde trechos de códigos estão se repetindo, porém, não é algo que poderá ser reutilizado em outras partes do sistema. É algo tão específico que somente aquela página terá aquela funcionalidade.

Mesmo em casos assim, se a página está ficando muito grande, é interessante fazer a componentização deste trecho, porém, com uma diferença. No lugar de colocar esse componente na pasta src/Components você o colocará na pasta Components dentro da pasta da sua Página.

Por exemplo, imagine que você tenha uma página de listagem de produtos no diretório /src/Pages/ProductList/index.tsx e nela há um componente que não é reutilizável por outras páginas do sistema, mas que pelo tamanho que ele está ficando você deseja criar um arquivo exclusivamente para esse componente. Algo que poderia ser feito seria criar esse componente dentro de uma pasta Components, com o caminho desse componente ficando assim: /src/Pages/ProductList/Components/MyExampleComponent.tsx.
Desta forma, todos os componentes exclusivos da página ProductList estaria dentro desta pasta, facilitando a identificação do que está alí dentro é algo que não é reutilizável, mas que foi componetizado para simplificar a complexidade da página ProductList

Exemplo de componentização não reutilizável

Componentes de componentes

Outra situação em que é possível fazer componentes é quando temos dois ou mais componentes e que juntos se tornam outro componente. Tipo aquele botão e input que juntos viram uma barra de busca, sacou?

Exemplo instagram

Observe a imagem acima. As caixas em roxo são os componentes "Micro", ou seja, componentes pequenos que possuem uma ação bem específica. Já as caixas vermelhas temos os "Macros" ou componentes de componentes. Um componente "Macro" é um componente maior que junta vários outros componentes menores dentro de si. Assim, também facilita a reutilização, pois toda vez que precisarmos daquele conjunto de componentes juntos podemos utilizar esse componente maior no lugar de ficar chamando cada componente pequeno um por um.

As aplicações para esse tipo de componentização são diversas. Você pode, por exemplo, querer criar um componente de uma biblioteca que você usa para que a chamada dele fique mais simples. Esse é o exemplo que darei a seguir:

Nas imagens abaixos veja que há dois exemplos de componentes, o primeiro é o DefaultModal e o segundo é CustomModal. Observe que o CustomModal está bem mais simples, sem precisar colocar tanta coisa no meio do componente e esses dois componentes fazem a mesma coisa. A diferença é que no CustomModal foi criado um componente que encapsula o código da primeira imagem, expondo apenas algumas propriedades com os dados que de fato alteram e também permite que seja passado um "filho" no corpo da modal para que você possa adicionar elementos mais customizáveis. Desta forma, o título, os botões de ações, as funções que checa se modal está aberta ou fechada, ficam tudo "escondidas" para quem está usando a versão CustomModal .

Exemplo instagram
Exemplo instagram
Exemplo instagram

Reutilização sem componentes

Nem todo código repetido nos componentes podem sem quebrados em outros componentes menores.Também temos códigos repetidos que são lógicas para tratar algum problema, coisas como: formatação de datas, buscar um endereço com base num cep, tratamento de dados e coisas do tipo. Mesmo nesses casos ainda sim, podemos recorrer à reutilização, pode-se pegar esse trecho de lógica repetida, criar uma função que fica responsável pela aquela atividade e colocá-la dentro de uma pasta src/utils na raiz do projeto. Desta forma, toda vez que você precisar, por exemplo, buscar um endereço com base no CEP, você pode importar a função getAddressByCep do seu utils sem precisar copiar e colar o mesmo trecho de código para uma nova página.

Finalizando

Tentei neste artigo mostrar algumas dicas para escrever um código que seja, pelo menos, um pouco mais manutenível. Tentei passar um pouco da minha experiência do assunto, então pode ser que tenha algo que não caiba na realidade do projeto que você está trabalhando. Caso tenha curtido o tema, sugiro novamente que pesquise por Atomic Design, pois o que mostrei aqui sobre ele foi apenas a ponta do iceberg. E se tiver algo para acrescentar ficaria agradecido se compartilhasse comigo também, assim podemos sempre ir evoluindo.

Referências

Componentização no front-end I

Componentização no front-end IV

Estruturando camadas de uma arquitetura no React

Atomic design

Top comments (4)

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pedroca profile image
Pedro Henrique

Muito bom! No design também vejo que esse processo auxilia e muito os entregáveis ao front end. Com isso, nesse formato todos ganham, o sistema passa a ter maior escalabilidade e fica mais fácil gerenciar ajustes e implementações no futuro.

👉 Complementando suas referências, indico um vídeo do Brad Frost (autor do livro "Atomic Design") apresentando o processo numa conferência na Alemanha.

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marcola profile image
Marcos Alexandre

Ótimo artigo!

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mandelaloko profile image
Marcelo Augusto

Excelente!

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cabelow profile image
cabelow • Edited

Muito bom! Eu to vindo do velho oeste me preparando pro novo testamento :)