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Personas - Como perfis psicográficos moldaram o game design

Se você se interessa pelo assunto de UX Design já deve ter se deparado com o conceito de personas, e talvez não tenha dado tanto valor quanto deveria, por isso no post de hoje vamos ver como game designers aplicaram isso na área de jogos de carta para planejar as evoluções do conhecido Magic: The Gathering (MTG), assim analisando como esse conceito simples foi utilizado para causar impacto positivo num produto da vida real.

O que são personas

Persona aqui não se refere a uma série de jogos, mas sim a um conceito aplicado na área de UX Design onde se é criado uma representação fictícia de um usuário ideal para um determinado produto, serviço, site ou marca.

A ideia seria facilitar o processo de se empatizar com o seu público-alvo imaginando como um usuário ideal dentro desse grupo seria, seu nome, o que faz, quais os seus gostos, o que não gosta, etc. Assim, a partir disso, tentar imaginar como essa pessoa interagiria com o seu produto/serviço, e quais suas reações quanto a ele, de forma a encontrar os seus pontos positivos e negativos, fornecendo uma ótima fundação para que se começa a pensar em como melhorar ou projetar a experiência desse produto/serviço.

Normalmente, se criam várias personas de forma a capturar os diversos tipos de usuários que podemos ter, por isso antes de se criar qualquer persona é necessário que pesquisas sejam feitas com os usuários para entender quais os seus perfis, e coletar os detalhes que iremos utilizar para formar as nossas personas depois, pois elas devem capturar os aspectos-chave desse público.

As informações que buscamos coletar durante esse processo, geralmente, são:

  • Dados demográficos (idade, sexo, localização, ocupação, etc);
  • Relacionamento com seu produto/serviço, no caso como eles interagem com ele;
  • Quais objetivos eles possuem ao utilizar/consumir o seu produto/serviço;
  • As suas dores, ou seja, quais problemas, frustrações, e aspectos negativos em geral ele tem durante seu uso;
  • As suas motivações, afinal se tudo fosse dores, seu produto não estaria sendo utilizado, precisamos coletar os pontos positivos também né? Aqui descobrimos as razões pelo qual o seu produto/serviço é utilizado;

Elas podem ser coletadas de diversas maneiras como entrevistas, questionários, dados coletados durante o uso, trabalho de campo, ou seja, indo observar os seus usuários em seu ambiente natural pessoalmente, etc.

Assim, após analisar todos esses dados, podemos criar uma persona, por exemplo:

Persona: Maria Silva

Nome
Maria Silva

Idade
34 anos

Sexo
Feminino

Localização
São Paulo, SP

Ocupação
Gerente de Marketing

Biografia
Maria é uma profissional de marketing digital que vive em São Paulo. Ela adora aprender sobre novas tendências em marketing e está sempre procurando ferramentas que a ajudem a otimizar suas campanhas.

Comportamentos
Usa redes sociais diariamente, lê blogs de marketing, participa de webinars.

Objetivos
Aumentar o engajamento das campanhas de marketing, melhorar a conversão de leads.

Frustrações
Falta de tempo para analisar dados, dificuldade em acompanhar todas as novidades do mercado.

Motivações
Ver os resultados de suas campanhas, ganhar reconhecimento profissional.

Perfis psicográficos em MTG: um caso da vida real

Agora que introduzimos todo mundo ao assunto, vamos a parte mais interessante do artigo de hoje: como o time de game design do jogo de cartas Magic: The Gathering (MTG) integrou o conceito de personas na prática no processo de desenvolvimento do jogo.

Existe um artigo no blog oficial do cardgame onde Mark Rosewater, colunista e designer-chefe do MTG.com, conta que o seu time tinha a missão de criar um jogo que fizesse os jogadores felizes, e para tal, eles precisavam descobrir o que fazia os jogadores felizes, nisso eles realizaram a sua pesquisa se utilizando de vários métodos como: questionários, grupos focais, monitoraram sites de Magic, conversaram com os jogares pessoalmente, e até mesmo analisaram quais artigos no site oficial os usuários mais visualizavam.

Após vários anos coletando e analisando esses dados, eles chegaram a conclusão que haviam 3 tipos de jogadores, no qual eles nomearam esses tipos como "perfis psicográficos" que citamos anteriormente.

A ideia de perfis psicográficos que eles chegaram é basicamente a ideia de personas que nós estudamos até aqui, no caso do time do MTG, eles representam coisas como:

  • O que motiva esse perfil a jogar?
  • Quais cartas ele gosta?
  • O que o encoraja a continuar jogando?

O Resultado foi a criação de 3 perfis psicográficos (personas): Timmy, Johnny, e Spike.

Timmy

Timmy seria o tipo de jogador que anseia pela experiência, apesar de gostar de vencer, ele seria do tipo onde a jornada importa mais do que o destino, portanto, ele prefere realizar uma jogada muito incrível e perder uma partida à vencer várias delas de maneira apertada ou de uma forma que ele considere chata.

A "experiência" nesse caso varia muito de Timmy para Timmy, por exemplo existem os que gostam de grandes monstros, feitiços com grandes efeitos, tudo o que dê a ele a sensação de poder durante a partida.

Existem os que gostam do aspecto social do jogo, e apreciam a experiência em si de jogar com os amigos, ou de modos multi-player.

Também existem aqueles que gostam de explorar as possibildades que o jogo tem a oferecer testando todos os tipos de arquetipos, decks, modos de jogo, estilos de jogo, etc.

Johnny

O Johnny seria o tipo de jogador que gosta de se expressar ao jogar MTG, ele seria o diferentão, aquele que joga com o que ninguém mais joga, gosta de demonstrar ao mundo sua criatividade através de suas jogadas inteligentes. Dessa forma, ele é um perfil que aprecia o aspecto de personalização de um deck do jogo.

Assim como os Timmies, os Johnnies também variam entre si no que eles consideram uma "expressão".

Existem aqueles que gostam de pegar uma carta, analisar o seu potencial, e são fascinados pela conexão que as cartas podem ter, dessa forma se especializam em montar decks em volta de uma única carta, e todas as interações que ela pode ter com outras cartas.

Existem aqueles que gostam de expressar uma ideia como um deck apenas de terras, um deck que rouba todas as cartas do oponente, etc.

Também existem aqueles que gostam de remar contra a maré, eles não são convencidos que um deck não funciona, que algo é ruim, etc. Se não funciona, eles vão fazer funcionar.

Spike

MTG é um jogo onde o conceito de vitória existe, logo, grande parte de seus jogares são do tipo competitivo, e é exatamente isso que os Spikes representam: o meta player. Eles querem provar algo: o quão bons eles são. O que o motiva é a vitória, pois ela é uma prova de suas habilidades ao mundo, da mesma forma, ao contrário dos Timmies, ele odeia perder.

Existem Spikes que buscam sempre o novo deck que vai dominar o meta do jogo, assim como alguns Johnnies, gostam de analisar as cartas do jogo, suas interações, julgar o seu potencial, e sempre buscar por novos decks, no entanto, ao contrário dos Johnnies, eles o fazem para encontrar a nova melhor forma de se vencer, e não pela descoberta em si. Muitos Spikes nesse ramo seriam o que formam as comunidades envolvidas com theorycraft do jogo.

Apesar disso, eles podem não necessariamente ligar para descobrir novos decks, lembre-se a intenção é vencer, por isso se algo funciona, eles vão usar aquilo, o objetivo é dominar algo por completo para vencer da forma mais eficiente possível.

Nessa linha existem aqueles que estudam o metagame, analisando quais as forças e fraquezas dos decks mais populares, e bolando estratégias para lidar com cada uma dessas situações.

Conclusão

Com esses perfis em mente, o time de MTG agora pode ter um alvo em suas mentes ao desenhar uma nova carta, além de conseguir tentar prever como seria a sua recepção na comunidade, afinal o que agrada a um Spike pode não agradar um Johnny e vice e versa por exemplo.

Dessa forma, suas decisões de design são bem mais focadas, além de darem um direcionamento em seus lançamentos de novos conjuntos de cartas, onde eles tentam adicionar cartas que podem agradar pelo menos um dos 3 perfis em cada um.

Eles aprenderam muito com isso ao longo dos anos e compartilham várias de suas experiências em seu blog, mas e você? Aprendeu algo novo no artigo de hoje? Conhecer os perfis psicográficos te fez entender melhor que tipo de jogador você é mesmo que não seja um jogador de MTG? Conta para gente aqui nos comentários e não deixe de deixar a sua reação também.

Até a próxima!

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Ass: Suporte cansado.

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