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Thiago Pederzolli Machado da Silva
Thiago Pederzolli Machado da Silva

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O que Among Us nos ensina sobre Sindrome do Impostor

Dependendo do contexto que você vive, já deve ter visto a febre que virou o jogo Among Us. Mas caso você não conheça, aqui vai um pouco de contexto:

Trata-se de um jogo onde estão 10 jogadores numa nave e entre eles há um ou mais impostores. São três as possibilidades que permitem o encerramento da partida:

  • a) caso a tripulação termine todas as suas tarefas;
  • b) quando a tripulação consegue por n meios descobrir qual dentre eles é o impostor o retira do jogo, ou;
  • c) quando impostor consegue dizimar toda a população da aeronave por sabotagem ou por emboscada.

Cada vez que um corpo é encontrado, uma reunião é chamada para debater sobre possíveis suspeitos e ocorre uma votação para saber se alguém será ejetado da nave ou se a votação será inconclusiva (sem retirar nenhum participante do jogo), tudo mediante a uma discussão onde acusações, provas e falsos testemunhos podem ser trocados.

Um detalhe relevante para nossa analogia é que, mesmo morto ou ejetado, o tripulante é capaz de realizar suas tarefas, porém, se ele for ejetado injustamente, pode sentir-se desmotivado a continuar suas funções e ajudar o resto da tripulação.

E o que isso conversa com a Síndrome do Impostor?

Pensemos na nossa mente como a nave, precisamos nos atentar a várias áreas dela para sermos capazes de evoluir em nosso desenvolvimento, trabalhando capacidades tanto técnicas quanto de relações interpessoais.

Para isso, precisamos de estudos, dedicação, diálogos internos. Mas mesmo assim, sempre parece ter uma voz interior tentando aniquilar nossas tentativas de evoluir em uma determinada capacidade, ou então tentando sabotar nosso aprendizado desviando o foco para uma outra área de atenção, a famosa distração que tanto nos faz procrastinar.

Deixemos de lado a dualidade do ganhar/perder, abstrair e pensar num cenário maior e vários contextos é um ponto de evolução da capacidade cognitiva. Vamos refletir sobre os impactos das ações na nossa existência.

A primeira saída, ejetar o impostor é inviável. Ele é parte de nossa existência e essência, não seria viável, ele vai dar um jeito de continuar lá, tanto que, no jogo, se há mais de um impostor e um deles é descoberto, mesmo ejetado ele pode continuar ajudando seus companheiros sabotando a nave.

Então devemos simplesmente ignorá-lo? Também não, porque se não mantemos a atenção em seus movimentos, podemos ser pegos desatentos e ele achar um jeito de nos derrubar.

Precisamos entender que são comunicações inconscientes que lutam por manter um estado de funcionamento ao qual já estão adaptados e que, por medo dos impactos que as mudanças podem gerar, atuam em prol desta manutenção.

Devemos atentar para os momentos em que surge a possibilidade de diálogos internos e buscar entender o porquê aquela capacidade foi sabotada, porque mesmo com um domínio tão bom da técnica não consigo me expressar, ou o que faz na teoria eu conseguir compreender cada conceito, mas na hora da prática a mente trava. Devemos, principalmente, entender que, assim como o jogo, cada momento implica em um impostor diferente, que pode ou não se repetir, então talvez um problema pessoal possa interferir no profissional e vice-versa, ou um pode não ter nada a ver com o outro e achamos que é o mesmo para evitar de olhar para um problema maior.

Muitas vezes, nas partidas de Among Us, os tripulantes conseguem vencer por entender o funcionamento do impostor, se juntarem e conseguir uma estratégia onde sejam feitas todas tarefas para consertar a nave. Assim deve funcionar nossa mente, conversando entre suas diversas instâncias para descobrir como gerar mudanças sem criar um ambiente psiquicamente desestruturante.

Print da tela de um momento em que a tripulação ganhou a partida de Among Us

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