DEV Community

Flávio de Assis
Flávio de Assis

Posted on

Mudar de carreira vale a pena?

Alt Text

Fazer uma transição de carreira não é uma tarefa tão fácil, mas não é nenhum bicho de sete cabeças ou algo intangível. É possível com uma boa dose de estudo, perseverança e paciência. Na época de faculdade, eu mesmo dizia que não tinha interesse em me tornar um programador. Pois bem, hoje sou um.

TLDR:

Se você está procurando uma transição de carreira, comece por mudar pequenas coisas na sua atividade diária e inserir ações da função que você pretende estar na que você está atualmente. Esteja preparado para feedbacks ruins, mas não desmotive. Perseverança e estudo - e é estudo todo dia mesmo - é a alma do negócio.

Minha história de transição foi basicamente assim:

Em 2018, eu entrei em uma empresa para atuar como analista de telecomunicações. Embora o nome pareça técnico a primeira vista, o trabalho era puramente operacional. A minha missão pela qual foi contratado, baseava-se em pagar faturas de telefonia móvel, entrar em contato com fornecedores para pedir cancelamento, reativação e suspensão temporária de linhas e automatizar o processo de geração da lista de linhas que deveriam ser suspensas e canceladas, dados alguns critérios.

O conhecimento do time era de Excel, mas eu decidi usar Python para automatizar a rotina. Na época, eu estava no começo da minha curva de aprendizagem e com isso eu acabava fazendo o processo em Excel, assim como o resto das pessoas faziam, e construía em paralelo as soluções em código (trabalho dobrado mesmo). O processo era relativamente bem definido, mas feito mensalmente. A cada lista alguma restrição ou outra entrava no caminho e ele se modificava um pouco, e eu... bom, eu continuava modificando meu código.

Naturalmente, passei a gostar mais de programar e decidi que ia me tornar um programador. Em um ano, eu aprendi, com muitos gaps, bash, cloud, containers, me aprofundei no Python, aprendi a fazer um serviço de APIs, automatizar e-mails, extrapolei o Pandas e fui para o Apache Spark, construí bancos de dados usando migrations do Python, fiz ETLs de outros bancos e fiz serviços para ingestão de dados no Splunk.

É aí que começou o meu problema.

Da mesma forma que eu comecei a encaixar as coisas que eu queria aprender nas minhas rotinas do dia-a-dia, eu não podia me desvencilhar das atividades operacionais da minha função. Conversei com a liderança sobre esses anseios e ouvi um marcante:

“Olha Flávio, nós não conseguimos trabalhar 100% com o que a gente gosta. Eu também faço atividades na minha rotina que acho chatas”

O ponto disso tudo era que, pra mim, a operação não era apenas chata mas um consumidor de tempo que me atrasava dos meus objetivos profissionais de longo prazo. Nesse momento, eu já estava quase que diariamente dormindo de madrugada vendo vídeos, fazendo cursos e praticando tutoriais. Percebi então que transformar minhas tarefas não era mais o suficiente e eu tinha que buscar me inserir no meio onde eu gostaria de estar. Comecei conversas importantes com pessoas de tecnologia e consegui uma proposta de mudança interna de time.

Depois de alguns meses, entrei para uma posição no time de Data Engineering. O gestor do time entendeu que meu esforço para mudar a minha realidade e a realidade do contexto onde eu me inseria valia um voto de confiança.

Nesse novo time, eu passei a estudar o que gostaria de aprender e a por em prática estes conhecimentos. Um dia após o outro, eu vi a minha motivação e meu propósito aumentarem e minha apatia se esvair de maneira tão brutal que ouvi de um amigo, enquanto andava pelos corredores, a seguinte frase:

“Nossa, você está diferente... está com uma nova fisionomia, parece que está mais feliz...”

De fato eu estava, e muito! Fui acolhido por um time que entendeu meu contexto, meus gaps e estiveram dispostos a me ajudar a crescer. Passei de um contexto onde eu fazia atividades paralelas para um onde a minha principal meta era fazer tudo o que eu estava disposto a aprender.

Por motivos da vida, um ano depois, tive que mudar de cidade e com isso acabei mudando de empresa também. Mas as lições se mantém.

Lembra da frase que o gestor antigo me disse? Bom, acho que provavelmente ele não tenha tido, até aquele momento, a mesma sorte que eu. Hoje posso dizer que estou feliz de fato com a minha função, com minha trilha de aprendizado e com meus sonhos futuros.

Espero de coração que ele e todos os que pensam como ele pensava encontrem seus propósitos assim como eu.

Top comments (1)

Collapse
 
gugoan profile image
Gustavo G. Andrade

Bacana sua historia de transição ^^
Também estou um pouco nessa pegada, de DEV para BI/DEV rs