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Gabriel Jeronimo Lima Silva
Gabriel Jeronimo Lima Silva

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O que é DeFi? Explicando as finanças descentralizadas.

Você já ouviu falar sobre DeFi antes? Aplicações DeFi são o divisor de águas do universo crypto ou só uma onda passageira?
Não importa se você nunca ouviu sobre DeFi ou se você só quer solidificar seus conhecimentos, esse artigo é para você.

O que é DeFi

DeFi ou finanças descentralizadas é um movimento que visa criar um novo sistema de finanças que é aberto para todos e não precisa de um intermediário central como um banco. As bases da DeFi são a criptografia, as blockchains e os contratos inteligentes.

Contratos inteligentes são o coração da DeFi. Se você não sabe o que é um contrato inteligente ou só quer relembrar esse conceito você pode checar neste post (em inglês).

É importante notar que a maioria dos projetos de DeFi são construídos sobre a rede Ethereum. A razão principal para isso é que o Ethereum possui uma linguagem de programação de contratos inteligentes extremamente sólida e robusta chamada Solidity. O Solidity nos permite escrever contratos inteligentes avançados que contém toda a lógica das aplicações DeFi. Além disso, o Ethereum possui o ecossistema mais avançado dentre todas as plataformas de contratos inteligentes possuindo milhares de desenvolvedores construindo novas aplicações todos os dias. Por causa disso todos os protocolos mencionados nesse artigo são construídos no Ethereum.

Agora, vamos ver como tudo começou.

Um resumo sobre a história das DeFi.

Um dos primeiros projetos que começou o movimento das finanças descentralizadas foi o MarkerDAO.

MarkerDAO foi fundada em 2015 e permite que usuários gerem DAI usando ETH como garantia. DAI é uma stable coin que utiliza certos incentivos para seguir o preço do dólar americano. DAI também pode ser usado para criar uma poupança na plataforma da Marker's Oasis. Essa é a recriação de um dos pilares do sistema financeiro tradicional - Emprestando e tomando emprestado (lending and borrowing). Na verdade, A DeFi está tentando criar um ecossistema financeiro completamente novo de forma aberta e descentralizada. Outras partes importantes desse ecossistema são as moedas estáveis, trocas descentralizadas, derivados, negociação de margem e seguros.

O ecossistema DEFI é composto por trocas descentralizadas, derivados, moedas estáveis, empréstimos, seguros e negociação de margem

Vamos falar sobre elas uma por uma.

Emprestando e tomando emprestado

Além da MarkerDAO que nós mencionamos anteriormente, existem outros projetos DeFi importantes nessa categoria.
O principal é o Compound. No momento deste artigo o valor dos assets guardados neste protocolo é 10.2 bilhões de dólares.
Compound é um protocolo de taxa de juros autônomo e algorítmico que suporta Ether, BAT, 0x ou Tether. Os ativos fornecidos também podem ser usados como garantia para outros ativos.

Outro projeto popular nessa categoria é o Aave.

Moedas estáveis.

Com o uso inteligente dos contratos e utilizando certos incentivos nós podemos criar moedas estáveis que são indexadas com o dólar americano sem precisar guardar dólares no mundo real. Nós já mencionamos o MarkerDAO que permite os usuários fornecerem garantia para a plataforma e gerar DAI. DAI é um ótimo exemplo de uma moeda estável algorítmica.

Trocas descentralizadas

Trocas descentralizadas ou dexes, ao contrário das corretas de criptomoedas centralizadas, permitem que ativos crypto sejam trocados de forma completamente sem a necessidade da autorização de terceiros e de forma descentralizada sem precisar que os usuários percam a custodia de suas moedas.

Existem dois tipos principais de dexes: piscinas de liquidez e as baseadas em ordens de compra e venda.

Derivados

Da mesma forma que nas finanças tradicionais, os derivativos são contratos que derivam seu valor de um ativo subjacente.

A principal aplicação DeFi nessa categoria é a Synthetix que é uma plataforma descentralizada que fornece exposição on-chain para diferentes ativos.

Seguros

Os seguros são outra parte das finanças tradicionais que podem ser reproduzidos nas finanças descentralizadas. Em troca de uma quantia os seguros fornecem certas garantias e compensações contra falhas em protocolos DeFi. Uma das aplicações mais populares dos seguros é a proteção contra falhas de contratos inteligentes e proteção de depósitos.

Os projetos mais populares relacionado a isso são a Nexus Mutual e Opyn.

Oracles

Outra parte importante e que não são limitadas a parte financeira do ecossistema DeFi são os serviços de oracle que são responsáveis por trazer dados de fora da blockchain, como a cotação de uma moeda, para dentro dos contratos inteligentes. O projeto mais popular de oracle é a Chainlink.

Essas são as partes principais do ecossistema das finanças descentralizadas. Eles também podem ser combinados de diferentes maneiras formando um lego financeiro.

DeFi vs CeFi

Vamos comparar as principais diferenças entre DeFi e CeFi (finanças centralizadas ou finanças tradicional). Na DeFi não é necessária a permissão de terceiros, enquanto nas finanças tradicionais sim. A DeFi é completamente descentralizada e resistente a censura enquanto as CeFi não. As finanças descentralizadas são extremamente baratas por terem a blockchain como base, já as finanças tradicionais são caras porque exigem fundações antigas e complexas.

Quais são os riscos?

Antes de terminarmos esse artigo nós também temos que mencionar os riscos associados as finanças descentralizadas.

Um dos principais riscos são os bugs em contratos inteligentes e mudanças em protocolos que podem afetar contratos já existentes. É por isso inclusive que usuários contratam os serviços de seguro, para diminuir potenciais perdas por problemas em contratos e protocolos.

Além disso, nós sempre temos que verificar o quão descentralizado um projeto DeFi realmente é e quais são os procedimentos caso algo dê errado. Alguém tem acesso para desligar o protocolo? Ou então se existe alguma governança que possa tomar a decisão de desliga-la.

Além disso, temos sempre que levar em consideração o risco mais sistêmico que pode ser causado por, por exemplo, os preços dos ativos perderem drasticamente seu valor, o que pode resultar em uma cascata de liquidações em vários protocolos.

Taxas da rede e congestionamentos também podem ser um problema para projetos DeFi. A vinda do Ethereum 2.0 e uma second-layer podem resolver esses problemas.

Existem também uma série de recursos ou alterações mais sutis que quando aplicados a um protocolo podem incentivar os usuários a certas ações não tão óbvias que podem gerar consequências em vários protocolos.
Um bom exemplo disso foi a distribuição de tokens COMP no protocolo Compound que fez com que os usuários entrassem em empréstimos com juros altos e aparentemente não lucrativos que, na verdade, eram lucrativos devido ao fato de eles serem recompensados em tokens COMP adicionais. Mesmo que situações como essa possam ser bastante perigosas, elas tornam todo o ecossistema mais forte e menos vulnerável a situações semelhantes no futuro.

Resumo e o futuro das finanças descentralizadas

Como você notou, DeFi é um espaço super vibrante e interessante cheio de oportunidades. Apesar disso, nós temos que lembrar que ainda é uma industria nascente, então as recompensas e os riscos ainda são altos.

DeFi é a coisa mais próxima que nós temos de romper a indústria das finanças tradicionais. Na direção oposta da maior parte das fintechs, as finanças descentralizadas são construídas sobre novas bases ao invés confiar em tecnologias e procedimentos desatualizados.

Atualmente, a maior parte dos produtos financeiros só podem ser criados por bancos. DeFi é aberto, sem a necessidade da permissão de um terceiro e permite o trabalho cooperativo de uma forma semelhante a da internet.

Apesar de a maioria dos projetos DeFi estarem na rede Ethereum, com a maior adoção de protocolos de interoperabilidade, podemos ver mais projetos sendo construídos em diferentes blockchains no futuro.

Considerações finais

Esse artigo é uma tradução em PT-BR do artigo da Finematics What is DEFI? Decentralized Finance Explained (Ethereum, MakerDao, Compound, Uniswap, Kyber).

Ele faz parte de uma série de outros artigos sobre DeFi e web3 que você pode encontrar aqui.

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