No dia 13 de setembro deste ano, eu precisei parar e respirar fundo. Pensar sobre muitas coisas da minha vida. E, coincidentemente, ou não, o dia anterior foi dia das pessoas programadoras. Então fiz uma reflexão sobre meus passos até aqui.
Acabei conversando com algumas pessoas no twitter sobre isso, naquele dia, mas hoje, resolvi que precisava pensar novamente e fixar em algum lugar.
Tive minha primeira oportunidade na área da programação em maio de 2016 como estagiária. Foi bem assustador e transformador. Há um tempo já tentava mudar de profissão e não conseguia.
Saí de um emprego fixo e perto de casa para me aventurar na tecnologia em São Paulo. Estava fazendo faculdade na época e precisava colocar aquilo em prática e vivenciar o mercado. Tive muito medo, mas fui.
Em março de 2017, tive a segunda grande notícia: estava sendo efetivada. E então eu era uma programadora Junior. Para mim, foi uma conquista gigantesca. Nem acreditava que aquilo estava acontecendo. A cada dia aprendia um monte de coisa nova. Estava, também, mais envolvida com coisas da faculdade e também com a comunidade.
Abri mão de muita coisa. E acabei me perdendo em todas as responsabilidades que estava assumindo na época. De qualquer forma, sei que tudo o que eu vivi e todos os projetos, profissionais ou pessoais, que participei, foram importantes e me fizeram aprender muito.
Não posso me arrepender, certo? Foi então que, mediante o mercado e o local onde eu trabalhava, tornei-me pleno, em fevereiro de 2019. Não sei bem ao certo o quanto isso era bom ou ruim. Sempre buscava entender o que me faria virar a chave e ser pleno. E isso é bem relativo, então não vamos tão a fundo, ok?
De qualquer forma, sempre fui muito insegura. Não sabia nem se eu merecia de verdade tudo aquilo. Mas tentei aproveitar para entender qual era meu papel como programadora e em qual ponto eu queria chegar. Quando comecei, imaginava que partiria para o lado de negócios. E é engraçado perceber que desde quando me tornei pleno na empresa anterior, eu tinha certeza que queria continuar na área técnica, mas que ainda assim, envolvesse as pessoas.
Então decidi que queria ser arquiteta. A visão que eu tinha naquela época era que uma pessoa arquiteta tinha que saber lidar com as duas coisas: pessoas e tecnologia. Perfeito. Era a coisa pela qual eu estava apaixonada. E eu sei que este ponto também pode ser bem relativo, mas não é a discussão central desta conversa. Então vamos em frente.
Insegurança de novo (e sempre). Porque agora, que eu gostaria de ser arquiteta, eu tinha que aprender mais um trilhão de coisas. E mesmo sabendo que cada coisa tem seu tempo, cada pessoa evolui numa velocidade diferente, porque era isso que eu falava para todo mundo, parece que minha cabeça só entendia que eu nunca seria capaz. É muito estranho SABER de uma coisa, mas não conseguir SENTIR essa coisa.
O tempo passou, eu me levei além do meu limite e tive diversos problemas. Meu corpo não funcionava direito, meu psicológico se quebrou e eu não aguentava mais. Já tinha pensado em desistir outras vezes antes. Mas ali eu tinha esse pensamento ainda mais forte na minha cabeça. Era quase uma certeza. E, como sempre, eu só me cobrava. Eu sempre fui assim. E isso é bem ruim.
Tive que dar um jeito de me recuperar e seguir em frente. Mesmo quebrada. Mesmo perdida. Mesmo achando que eu nunca evoluiria. Mesmo me sentindo só um pedaço de lixo... E coisa pior.
Passou mais um tempo e eu recebi outra oportunidade. Tudo novo. Tecnologias que eu nunca tinha estudado ou mexido. (A gente se mete em cada uma, né?) Eu entraria como Junior, o que nunca seria um problema pra mim e fazia total sentido naquele contexto.
Era um risco. Poderia dar muito errado. Fiquei com medo de me afundar num buraco de novo. Insegurança, como sempre, e o medo de não dar conta. Mas eu falava para mim mesma que eu precisava de outra oportunidade. Outro lugar. Outros aprendizados. Outros projetos.
Lá vamos nós meter as caras de novo. E em setembro, eu completei um ano nessa empresa nova. A surpresa foi ter sido reconhecida e ter ganhado uma promoção. Hoje, sou uma desenvolvedora pleno. E é uma grande coisa! É uma conquista incrível. Sei disso. Mas tem um pensamento que insiste em ficar na minha cabeça: que talvez eu não mereça. Que tudo está errado. Mas eu também entendo que, independente do nível que o mercado de trabalho me veja, eu sempre terei algo a aprender.
Não sou nenhuma especialista em nada. Estou bem longe disso. Mas tento enfiar na minha cabeça como era a estagiária anos atrás. E como é a desenvolvedora de hoje. E é isso que a gente tem que fazer... Comparar nossa própria evolução. E não com outras pessoas.
Trabalhar com programação não é uma coisa fácil. Eu sei que muita gente tenta entrar na área e, infelizmente, muita gente também desiste. Cada um com seus motivos. É bem difícil mesmo. E não quero que esse artigo pareça alguma coisa de orientação, coach ou qualquer coisa assim.
Eu acho que é mais um desabafo mesmo. A gente precisa insistir e construir nosso caminho. Vai doer. Vamos precisar abrir mão de muita coisa em determinados momentos. O estudo será eterno. Mas um passinho de cada vez, cada peça vai se encaixando.
Eu ainda preciso mudar meu pensamento e parar de achar que não mereço nada do que tenho hoje. Pode parecer pouco ou bobo, mas é uma conquista e ela precisa ser comemorada.
Tenho muito a agradecer a muitas pessoas. Por tudo que eu aprendo com cada uma. E por mais difícil que seja, espero ver mais pessoas conquistando seu espaço nessa área. Fico muito feliz quando vejo alguém entrando como pessoa desenvolvedora em alguma empresa. Principalmente quando essas pessoas são mulheres.
Desculpem o textão. Prometo, a mim mesma, tentar melhorar a insegurança e enxergar, pelo menos um pouquinho, que talvez eu mereça o que está acontecendo.
PS: Por favor, lembre-se de comemorar suas conquistas, independente do tamanho que elas sejam. Você merece cada vez mais.
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