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Ricardo Gouveia
Ricardo Gouveia

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A história de amor entre macOS e os devs front-end

Desde criança, eu sempre quis ter um computador da Apple. Desde antes mesmo de saber que a pronúncia é [é-pou] e não [ei-pou]. Esse desejo já me levou a fazer alterações na aparência de Windows para obter visual parecido, a modificar completamente o gnome-shell do Ubunto Gnome tentando de novo um visual semelhante (sabia que boa parte da aparência é apenas um arquivo CSS?), e a estudar por duas semanas sobre como fazer um hackintosh: execução de uma versão modificada do macOS em uma máquina não-Apple.

Indiretamente, eu buscava na verdade duas coisas:

  1. O visual do macOS, que sempre se destacou entre os sistemas operacionais.

  2. Aprender mais sobre o sistema e o fluxo de tarefas simples dele, como instalar apps, programas padrões, configurações básicas, etc…

O meu primeiro contato com o macOS foi quando tive sucesso com as experiências Hackintosh. Mesmo sendo uma versão modificada, o uso era fiel a versão original do sistema (sendo que na época eu apenas especulava isso). O desempenho do sistema também era bastante bom, mesmo levando em consideração uma máquina com menos recursos do que um Mac, especialmente de vídeo.

Como eu já tinha certa experiência com programas gráficos no Windows e com linha de comando no Ubuntu, eu não demorei a perceber que uma grande vantagem do sistema era poder ter essas duas vantagens de sistemas diferentes em apenas um.

Influências do comunidade

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Ao entrar profissionalmente numa área da tecnologia pela primeira vez, recebemos recomendações indiretas o tempo todo. Qualquer autor vira uma referência. E os estímulos extrapolam o texto: o estilo de vida do autor passa a ser uma recomendação.

Claro que ninguém vai sair vasculhando o lixo de outra pessoa pra saber o que ela comprou, mas o "estilo de vida" de um dev inclui sua máquina, sistema operacional, editor de texto, pré-processadores, frameworks… por vezes, também entram coisas como cidade onde mora, rotina…

Tudo isso entra como recomendação indireta para quem está começando. O pensamento é "se ele está usando/fazendo, deve ser porque é bom". Por vezes, o dev até já produziu um texto ou video justificando algumas escolhas, e isso ajuda a consolidar a recomendação.

Grande parte das minhas primeiras influências do mundo da tecnologia, e mais especificamente do front-end, apresentava-se sempre a poucos metros de um Macbook. E isso se repetia em esferas locais, nacionais e internacionais. Então, eu já sabia que era bom, mas não sabia o porque era bom.

O melhor dos dois mundos

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Todos os sistemas operacionais tem suas vantagens: o Windows é muito difundido, fácil de usar, tem ótimos softwares… o Ubuntu, ou outros linux-based, em geral são mais seguros, te obrigam a saber mais sobre cada tarefa executada (instalação via apt-get, por exemplo), e são porta de entrada para as comunidades em geral, sobretudo a comunidade open-source e a comunidade de softwares alternativos.

O masOS é o sistema que eu julguei mais difícil de se ter um contato inicial, já que ele exige uma máquina de tipo especifico, e essa máquina anda bem cara aqui no Brasil. Porém, o uso dele é simplesmente incrível: a instalação de apps com o método de drag-n-drop é a implementação do conceito de facilidade de uso do Steve Jobs, o visual é sempre vantagem, aceita vários comandos do Linux ao mesmo tempo em que possui vários programas do windows. É nessa última vantagem que entra a comunidade front-end.

Seja por qual for o motivo: talvez uma feliz coincidência ou por estudo de mercado ou qualquer outra motivação, o macOS sempre foi o sistema favorito pelos designers. Como as máquinas sempre precisavam de mais poder gráfico para o próprio sistema, então havia poder gráfico disponível para outras aplicações. Além disso, aplicativos da Adobe sempre recebiam versões primeiro para macOS e depois para Windows. O Photoshop, lançado em 1988, só teve sua primeira versão para windows no 2.5, em 1992.

No começo, quando os webmasters faziam tudo, esse tudo incluía o design. Hoje, por mais que tenhamos áreas bem definidas em prol de um único produto, ainda usamos software gráfico para transformar a arte em código. Alguns ainda fazem a arte, e isso não é um problema desde se tenha conhecimento pra tal tarefa. Então, se somos a interseção, precisamos de um sistema operacional de interseção.

O macOS é o sistema preferido por ter ferramentas de linha de código linux-based e softwares gráficos de qualidade.

O futuro da relação

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Nada dura para sempre. Mesmo que não haja alteração perceptível na preferência pelo macOS por parte de desenvolvedores, já há discussões sobre o assunto.

Pessoalmente, eu não vejo motivos para migrar, me sinto confortável usando. Mas eu reconheço que é difícil ter acesso a uma máquina tão cara no inicio da carreira. O macOS não é essencial para trabalhar-se com front-end, mas certamente ele ajuda, no mínimo, na praticidade.

Temos correntes que podem significar mudanças no futuro: o lançamento de uma linha de comando ubuntu-based dentro do Windows 10, ainda em beta, mas pode tornar o sistema mais atrativo para desenvolvedores no futuro. Também há o lançamento de concorrentes do Sketch (que a maioria, incluindo a mim mesmo, acha um absurdo que seja exclusivo para macOS), como web apps, assim disponíveis em todos os sistemas operacionais.

A Adobe, por outro lado, continua mantendo seus softwares longe do Linux de maneira quase que proposital.

O sistema operacional em si não determina a qualidade do trabalho desenvolvido. Existem desenvolvedores incríveis utilizando qualquer sistema e máquina. Outras variáveis, dependentes do esforço próprio, são mais determinantes no processo de desenvolvimento de software. Então, basicamente você é livre para escolher de acordo com os parâmetros que melhor lhe couberem.

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