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Anderson Contreira
Anderson Contreira

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Processo seletivo ou prova de resistência?

Até hoje eu não consigo ver vantagem em entrevistas com mais de 4 etapas para contratar uma pessoa para trabalhar, não para salvar o mundo.

Ao longo dos anos, percebi que existem alguns “modelos padrão” de processos — e cada um com seus exageros.


O processo “faça um projeto para nós”

É aquele em que a empresa te pede para montar um projeto no seu computador, às vezes quase um mini-MVP, e enviar para avaliação.
Depois vem uma conversa técnica para validar o que você fez.

Esse modelo até funciona quando bem dosado:
-> tarefa objetiva
-> prazo claro
-> dificuldade compatível com o salário da vaga
Mas muitos exageram e pedem coisas que parecem trabalho não pago.


O processo técnico clássico: LeetCode + System Design

Aqui entram:

desafios de algoritmos

exercícios de lógica

perguntas técnicas sobre linguagem/framework

system design / arquitetura

whiteboard de estruturas de dados

pair programming

Esse modelo funciona bem para vagas mais senior, porque avalia raciocínio e profundidade técnica.
O problema é quando tentam contratar um pleno ou até júnior como se fosse staff engineer da Big Tech.


O processo burocrático e interminável

Esse é o mais cansativo, geralmente assim:

entrevistas técnicas

análise de código

behavioural interview

teste psicológico

teste de perfil

construção de um diagrama de sequência baseado em um cenário específico

case de arquitetura

conversa com VP

conversa com Diretor

conversa com RH (de novo)

E todas essas etapas, que deveriam durar 1 ou 2 semanas, acabam se arrastando por um a dois meses.
É uma maratona que exige paciência e um calendário livre.


E no fim…

Depois de toda essa maratona, muitas empresas ainda dizem:
“Decidimos seguir com outro candidato.”
Ou pior: somem.

E quando avançam até a fase final, às vezes querem oferecer menos do que você pediu — e você ainda precisa brigar para manter o valor que já havia alinhado desde o início.

O processo seletivo ideal deveria ser objetivo, proporcional ao nível da vaga e respeitar o tempo do candidato.
Mais etapas não significam melhor contratação — e muitas vezes só afastam bons profissionais.

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