A ideia é criar uma série de artigos que vão seguir uma ordem cronológica com o objetivo de ajudar as pessoas a desenvolverem aplicações acessíveis. Estou compartilhando o que eu tenho estudado e aprendido na prática. Então caso tenham dúvidas e sugestões de melhoria, podem me falar. 😍🤗
Então vamos lá…
Uma breve Introdução
Antes de desenvolver uma aplicação acessível é preciso entender pelo menos um pouco o que é acessibilidade e como ela impacta a vida de inúmeras pessoas. Parece até um exagero falar de "inúmeras pessoas", mas é verdade. Ainda existem várias pessoas que desconhecem o poder de aplicações digitais acessíveis, como a acessibilidade influencia na performance, usabilidade, nas boas práticas de desenvolvimento, dentre outros.
O que é Acessibilidade?
O que vem primeiro na sua cabeça quando escuta a palavra: Acessibilidade?
Deficiência? Cadeirantes? Rampas de acesso? Vagas especiais? (Se quiser deixar nos comentários, fique a vontade) 😄
Pois bem, o significado de acessibilidade vai muito além disso. Mas não se julgue se esse foi o seu primeiro pensamento, pois a acessibilidade ainda é vista como e para pessoas com deficiência.
Então, se olharmos no dicionário, por exemplo o Michaelis:
"1 Facilidade de acesso; qualidade do que é acessível.
2 Facilidade de aproximação, de procedimento ou de obtenção."
Já no dicionário da Cambridge o significado é ainda mais interessante:
"Facilidade de acesso.
Permitir a acessibilidade a todos"
As primeiras definições, dizem mais sobre garantir um espaço, recurso, produto que seja acessível a diferentes pessoas, do que propriamente específico para um determinado público. Isso me faz lembrar da ligação direta que existe entre acessibilidade e inclusão.
Acessibilidade e Inclusão
Esta imagem retrata de forma clara 4 etapas que se vistas como uma sequência, podem demonstrar um processo evolutivo ao tratar de Acessibilidade.
De uma forma breve o que seriam estas etapas:
- Exclusão: quando as pessoas não podem fazer parte do meio ou espaço. Muitas vezes se dá quando não reconhecendo os direitos e necessidades de todas as pessoas, privando direta ou indiretamente a participação das pessoas com deficiências da sociedade.
- Segregação: são espaços reservados separadamente e especiais para as pessoas com deficiência, onde os direitos e necessidades são diferenciados entre as pessoas com e sem deficiência. Esses espaços criam barreiras no contato social e a mostram importância da integração de todos em um mesmo espaço.
- Integração: costumo dizer que é a falsa sensação de inclusão, pois as pessoas com deficiência agora podem acessar os mesmos espaços, possuem algumas necessidade e direitos atendidos, porém existem espaços exclusivos e específicos para elas. As diferenciando das demais pessoas, dentro de um mesmo espaço.
- Inclusão: essa etapa traz a necessidade de aceitação e valorização da diversidade e colaboração entre as diferentes pessoas. As pessoas com e sem deficiência participam do mesmos espaços, compartilham de direitos e as suas necessidades são atendidas conforme a sua diversidade. Esta etapa exige uma maior cooperação e colaboração da sociedade para que as pessoas com deficiência participem de forma ativa desses meios.
💡 [Dica] Existe um artigo publicado na SciELO pela Maria Odete, que relata de forma clara e precisa, como a educação para pessoas com deficiência caminhou e caminha sobre essas quatro etapas. Em seu artigo: Da Exclusão à Inclusão: Concepções e Práticas, contextos e períodos históricos são descritos de forma simples e rica sobre como o período escolar passou por essas etapas. Vale a pena ler depois, para se ter exemplos reais e históricos. 😉
Sendo assim, a verdadeira inclusão é quando os espaços se tornam acessíveis de maneira natural. Ou seja, todas as pessoas possuem facilidade de acesso e a informação é passada de diferentes formas a fim de incluir as diversidades.
Entendendo isso, fica mais fácil de compreender o que é e os impactos que a acessibilidade promove.
Acessibilidade Digital
A acessibilidade digital diz mais sobre a diversidade de usuários. Isto é, os usuários são respeitados quanto a sua diferenças e características, buscando harmonizar o uso, de forma que todos possam ter condições de aproveitar as informações apresentadas pela aplicação.
Para entender a diversidade de usuários, precisamos entender sobre as limitações que existem. As limitações podem ser temporárias ou permanentes e ambas impactam diretamente a forma de acesso à informação.
- Deficiências temporárias: são todas as limitações que acontecem por um período definido. Como por exemplo: você quebrou algum membro como, mão, perna, possui sensibilidade a luz e está em um ambiente muito iluminado, dentre outros.
- Deficiências situacional: são todas as ocorrências que colocam uma pessoa em uma situação momentânea, não ligadas as suas atribuições físicas. Por exemplo: você está em um ambiente barulhento e precisa assistir a um vídeo; você está com o mouse quebrado e precisa acessar as aplicações pelo teclado, ou até mesmo, você prefere navegar por ele; dentre outros.
- Deficiências permanentes: são de fato as deficiências permanentes. Por exemplo: visual (cegueira, baixa-visão), auditiva (surdez, perda parcial), mobilidade reduzida, cognitivas.
Se pegarmos dados sobre a quantidade de pessoas que se auto-declara como deficientes, vamos ter um número X, mas se considerarmos todas as outras limitações que não são consideradas como deficiências, mas dificultam ou tornam o acesso a informação mais complexo, esse número tende a crescer de forma absurda. Tirando assim toda a ideia de que acessibilidade é apenas para pessoas com deficiência. E o que estamos fazendo para reter essas pessoas em nossas aplicações? Parece que não é muita coisa, visto que pesquisas recentes (2019) realizadas pela Web Para Todos e a BigData Corp, mostram que menos de 1% dos sites brasileiros são acessíveis. Sim, isso mesmo, 99% dos sites não passaram nos testes de acessibilidade. Sinta o impacto.
E qual o motivo de não desenvolvermos nossas aplicações acessíveis?
Complexidade? Desconhecimento? Preguiça?
Bom eu diria que está mais para os dois últimos. Se começarmos a pensar e inserir a acessibilidade desde o começo, seria fácil notar como toda boa prática de desenvolvimento, que ela simplifica e muito o nosso desenvolvimento e produto. Nos fazendo pensar, criar, testar e corrigir uma aplicação muito melhor e que sim pode transformar vidas. Desenvolvimento com acessibilidade diz muito sobre desenvolver de forma correta as nossas aplicações. Mas isso é assunto para um próximo artigo.
Bom se eu ainda não te convenci que a presença e a falta da acessibilidade digital te impacta também, precisamos conversar um pouco 😄 topa um papo?
Até breve pessoal 😉🤗
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