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Felipe Austriaco
Felipe Austriaco

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Meu primeiro ano como desenvolvedor

Bom, aqui estou, um ano após conseguir um estágio, ser efetivado pra Júnior, trancar a faculdade e um mês depois ser promovido para “Pleno”.

O propósito deste artigo é melhorar minhas habilidades de escrita, me identificar com a plataforma para possíveis tutoriais no futuro, compartilhar experiências profissionais e me lembrar de tudo que já passei.

Vida antes de ser desenvolvedor

Começando pelo ensino médio, acredito que repeti umas 2 ou 3 vezes, talvez por falta de motivação ou interesse, nesse período da minha vida eu não tinha expectativa alguma de ter uma vida profissional acima da média salarial brasileira (por volta dos R$ 1.800) e passava boa parte do dia jogando. Por incentivo de um amigo de infância que teve e tem bastante influência na minha vida, vulgo Luquinhas, o anão, acabei ingressando em um curso técnico (ETEC — Técnico em Informática). Foi uma época de muita presença na minha vida, onde aprendi a lidar com diversos problemas que eu tinha/tenho, seja ignorando-os ou sendo mais forte do que eles. Em relação ao curso, com certeza eu aprendi uma coisa: Odeio programação!

Como alguém poderia gostar de passar horas escrevendo linhas e linhas em inglês que no final do dia não tinha utilidade alguma?

Foi o que pensei. Partindo desse pensamento, terminei o curso técnico com a vontade de prestar um ensino superior público na área de TI, já que era o assunto que eu mais tinha conhecimento, só tinha uma condição: ser o mais distante possível de programação. Acabei chegando na conclusão de cursar Redes, afinal, por quê não? quem nunca quis ser um hacker famoso?

Fiz o vestibular e acabei passando, e por enfim prestando faculdade. Mas quem diria!

1 ano de faculdade

Eu não aguentava mais participar de aulas tediosas ou de professores que se sentiam ofendidos com perguntas nas quais eles não saberiam responder. 10 minutos de Google era mais produtivo que um semestre inteiro! Em contrapartida, eu precisava de dinheiro. Já estava com 23 anos e nunca tinha trabalhado na vida. Nesse ponto tomei talvez a decisão mais importante da minha vida, sair da zona de conforto!

Acabei enviando diversos currículos com o que eu tinha de conhecimento na época (Linux/Redes) e aconteceu o que eu menos queria, fui aceito para estagiar como programador!

Lembro-me até hoje do primeiro dia, o Super-intendente da empresa me fez a seguinte pergunta:

Você tem mais conhecimentos de Java ou Ruby? pode escolher uma das duas para trabalhar.

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Optei por Ruby por conta de experiências traumáticas passadas com Java.

Sou desenvolvedor?

Aqui começa o pesadelo, pelo menos era o que eu acreditava na época. Fui bombardeado com diversos conceitos e ferramentas do ecossistema de um desenvolvedor: Squads, Scrum, Sprint, JIRA, Back-End, Front-End, Frameworks, Ambientes, Cerimônias (Essa era a pior parte). Meu time contemplava quase que o Scrum por completo, então tínhamos cerca de 4 ou 5 reuniões semanais e em cada uma delas eu tinha que defender ou apresentar algo do qual eu não fazia a mínima ideia!

Até então eu já tinha trabalhado em equipe nos cursos e faculdades mas trabalhar com o conceito de Squad em uma empresa é totalmente diferente!

Quando eu me comparava com o resto do meu time em questões de habilidades (Soft Skills e Hard Skills) parecia uma distância de conhecimento sem fim.

Quantos cursos eles já fizeram?
Quantas vezes eles já passaram por isso?
Quantas vezes eles já erraram?
Eu ainda tenho esse tempo para errar?
Eu ainda tenho esse tempo para aprender?
Eu sou capaz?

Ser iniciante em um mundo como o dos desenvolvedores pode ser sufocante, é tanta informação, tantos meios diferentes de chegar no mesmo lugar, você com certeza precisa ser calmo e pensar a longo prazo.

Depois de alguns meses eu consegui entender que não precisava ser bom em tudo, não tinha por quê. Com isso comecei a evoluir de acordo com o tempo e esforço, eu já não precisava pedir ajuda para resolver aquele conflito no Git. Testes unitários estavam finalmente entrando na minha cabeça. O fluxo das aplicações estavam ficando cada vez mais claros.

Será que sou desenvolvedor mesmo?

Após desenvolver com Ruby On Rails por 5 meses, recebi a proposta de mudar de Squad, era o que eu queria na época. Na minha visão Ruby estava morrendo.

Um mês depois, fui encaixado em um Squad de JavaScript! ~hehe

Nesse momento, tive um grande choque de realidade em relação as tecnologias, estava tão acostumado com o modelo de Model, View e Controller que não conseguia imaginar como uma aplicação poderia funcionar sem isso.

Comecei em Node JS, lá pela versão 10? não lembro. Minha principal dificuldade foi lidar com Promises, não lembro como Ruby lidava com isso mas foi uma das coisas que mais estudei na vida. Nesse mês cheguei a ter uma rotina de 13 á 14 horas de trabalho + estudo (não da faculdade).

Percebi algumas características minha interessantes, eu só aprendo escrevendo. E por mais que eu empurre informações para o meu cérebro sem parar, não sou capaz de absorver tudo depois de algumas horas.

Este Squad, vulgo Compromisso com o Cliente provavelmente será a melhor equipe com qual eu venha a trabalhar. Eu tinha suporte de todos os lados, feedbacks de todos os membros e mais importante, respeito de todos.

Talvez eu seja desenvolvedor mesmo…

Nesse período eu já tinha sido efetivado como “Desenvolvedor”, acredito que seja Jr. Depois de algum tempo desenvolvendo em Node migrei para o Front-End com React.JS, foi onde conheci uma das pessoas que mais me ajudou/ajuda na vida profissional. Praticamente me ensinou tudo o que eu sei de React hoje.

A caminhada pra aprender React e de fato ser produtivo foi longa, cerca de 3 meses (Quando você vê isso todo dia da sua vida, pode ter certeza que 3 meses é muita coisa)

Tudo estava bom, eu tinha sido efetivado e reconhecido, estava aprendendo coisas novas muito rápido mas de repente…

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Por conta da crise e da pandemia, boa parte do meu querido time Compromisso com o Cliente foi desligado da empresa.

Foi um momento muito difícil, tive que assumir responsabilidades nas quais eu não soube lidar no começo. Mas o tempo e esforço dão um jeito em tudo.

Eu sou desenvolvedor!

A pandemia só foi um gatilho para algo que eu estava planejando há muito tempo, trancar a faculdade. Com isso, tive muito mais tempo para estudar e hoje participo de diversos projetos, todos atuando como React Developer.

Aqui eu já tive muitas mudanças por conta das dificuldades que passei. Era apenas um garoto desenvolvendo Botões em uma Sprint e na outra Sprint tive que desenvolver e manter aplicações React, desde criação de telas até integração.

Hoje estou desenvolvendo um banco digital WhiteLabel para minha empresa, a mesma empresa de quando eu era estagiário. O mesmo cara que era Jr. um mês atrás! Pensar isso me dá arrepios mas ao mesmo tempo vejo como um desafio e mais espaço parar melhorar profissionalmente.

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