MVVM para Iniciantes: Desvendando o Padrão de Arquitetura
A arquitetura MVVM (Model-View-ViewModel) é uma das abordagens mais populares e eficazes para organizar o código em aplicações modernas. Ela busca separar responsabilidades, tornando o código mais limpo, testável e escalável — características essenciais em projetos de médio e grande porte.
Neste artigo, vamos mergulhar no conceito de MVVM, entender suas camadas, vantagens e desafios, e ainda ver exemplos práticos para que você possa aplicar esse padrão em seus próprios projetos.
🧭 O Que é o MVVM?
O MVVM é um padrão de arquitetura criado por John Gossman em 2005, inicialmente para o framework Microsoft WPF (Windows Presentation Foundation).
Com o passar dos anos, sua adoção se expandiu e hoje está presente em diversas tecnologias como Angular, Vue, React, Flutter, SwiftUI, Jetpack Compose, e até mesmo em frameworks backend que lidam com a camada de apresentação.
O objetivo do MVVM é desacoplar a lógica da interface do usuário da lógica de negócios e manipulação de dados.
Isso permite que desenvolvedores trabalhem em diferentes partes da aplicação sem interferir uns nos outros, além de facilitar testes unitários e manutenção.
A estrutura básica é composta por três elementos:
Model ↔ ViewModel ↔ View
Cada camada tem um papel claro e definido, como veremos a seguir.
🧩 Entendendo as Camadas do MVVM
1. Model — O Coração dos Dados
O Model representa os dados da aplicação e a lógica de negócios.
Ele é responsável por acessar APIs, consultar bancos de dados, aplicar validações e regras do domínio.
Boas práticas:
- Evite depender da UI;
- Centralize regras de negócio aqui;
- Mantenha o Model independente do framework utilizado.
Exemplo:
// models/User.ts
export interface User {
id: number;
name: string;
email: string;
}
2. View — A Interface do Usuário
A View é responsável apenas por exibir informações e interagir com o usuário.
Ela observa o ViewModel e reage automaticamente às mudanças, sem precisar lidar com regras de negócio.
Boas práticas:
- Não coloque lógica de negócio aqui;
- Use data binding sempre que possível;
- Deixe a View “burra”, focada apenas em apresentar dados.
Exemplo (Vue.js):
<!-- UserView.vue -->
<template>
<section>
<h1>{{ user.name }}</h1>
<p>{{ user.email }}</p>
</section>
</template>
3. ViewModel — O Elo Entre o Model e a View
O ViewModel atua como intermediário entre o Model e a View.
Ele é responsável por preparar e transformar os dados vindos do Model para que possam ser exibidos na View.
Em frameworks reativos, o ViewModel geralmente usa mecanismos como observables, reactive refs ou state hooks para notificar a View sobre mudanças.
Exemplo (Vue + Composition API):
// viewmodels/useUserViewModel.ts
import { ref, onMounted } from 'vue';
import type { User } from '../models/User';
export function useUserViewModel() {
const user = ref<User | null>(null);
async function fetchUser() {
const response = await fetch('/api/user/1');
user.value = await response.json();
}
onMounted(fetchUser);
return { user, fetchUser };
}
E na View:
<!-- UserView.vue -->
<template>
<div v-if="user">
<h1>{{ user.name }}</h1>
<p>{{ user.email }}</p>
</div>
</template>
<script setup lang="ts">
import { useUserViewModel } from '../viewmodels/useUserViewModel';
const { user } = useUserViewModel();
</script>
🔄 Ciclo de Comunicação MVVM
- O usuário interage com a View (clicando, digitando, etc.);
- A View envia comandos ao ViewModel;
- O ViewModel processa a ação e atualiza o Model, se necessário;
- O Model retorna novos dados;
- O ViewModel notifica a View sobre a mudança;
- A View é atualizada automaticamente.
Esse fluxo cria uma camada de reatividade natural, evitando a manipulação direta do DOM e deixando a aplicação mais previsível.
🧪 Benefícios do MVVM
✅ Separação de responsabilidades: cada parte tem um papel claro.
✅ Facilidade de manutenção: alterar uma camada não quebra outra.
✅ Alta testabilidade: o ViewModel pode ser testado sem interface gráfica.
✅ Escalabilidade: o projeto cresce sem virar uma bagunça.
✅ Reutilização de código: o mesmo ViewModel pode alimentar diferentes Views.
⚠️ Desvantagens e Desafios
Nem tudo são flores! O MVVM também traz desafios:
- 📉 Curva de aprendizado: exige disciplina e organização.
- 🧩 Complexidade inicial: pode parecer overkill em projetos pequenos.
- 🔄 Sincronização de estados: requer atenção ao fluxo de dados para evitar inconsistências.
- 🧠 Testes mal definidos: se o ViewModel ficar muito grande, o padrão se perde.
Dica: mantenha o ViewModel enxuto, focado apenas em coordenar a lógica entre Model e View.
🧱 MVVM vs MVC vs MVP
Padrão | Papel do Intermediário | Comunicação | Exemplo de uso |
---|---|---|---|
MVC | Controller | View ↔ Controller ↔ Model | Aplicações clássicas web e server-side |
MVP | Presenter | View ↔ Presenter ↔ Model | Aplicações Android antigas |
MVVM | ViewModel | View ↔ Data Binding ↔ Model | Apps reativos modernos (Vue, Angular, React, Flutter) |
O MVVM se destaca justamente pela reatividade e ligação automática de dados (data binding), algo que o MVC e o MVP não implementam de forma nativa.
💡 Boas Práticas ao Usar MVVM
- 1. Mantenha o ViewModel simples: nada de regras de negócio pesadas aqui.
- 2. Evite dependências diretas entre View e Model.
- 3. Use observables, refs ou estados globais bem definidos.
-
4. Organize pastas por funcionalidade:
-
models/
→ entidades e regras de domínio -
viewmodels/
→ lógica de exibição -
views/
→ componentes visuais
-
- 5. Escreva testes para o ViewModel (é onde mora a maior parte da lógica).
🚀 Conclusão
O MVVM é mais do que um padrão de arquitetura — é uma filosofia de desenvolvimento que preza pela clareza, modularidade e previsibilidade do código.
Ele te ajuda a construir aplicações robustas, com código sustentável, fácil de evoluir e testar.
Mesmo que no início pareça mais complexo, com o tempo, o MVVM se torna um aliado poderoso para qualquer desenvolvedor que deseja criar soluções escaláveis e bem estruturadas.
Comece pequeno: implemente um ViewModel em um projeto simples e observe como tudo começa a fazer sentido.
✍️ Autor: Gabriel Silva
💻 Engenheiro de Software | Foco em Arquitetura, Acessibilidade e Desenvolvimento Web
📚 "Tentando escrever código limpo e acessível."
Top comments (1)
Uma perspectiva "não convencional"
MVVM é MVC + Marketing
A análise é quase matemática: os dois tem M e V. Então, os eliminamos
Sobra de um lado o VM e de outro o C
Como só há dois, a responsabilidade de um, precisa que ser exatamente a mesma de outro
Caso contrário, a aplicação não funcionaria em ambas arquiteturas
Fim
Sobre databindings e reatividade
Isso é apenas uma "feature glorificada"
Não tem relação com a arquitetura
Eu posso usar js proxy no C e criar as mesmas reactividades e databindings
E com isso, magicamente, posso chamar o C de VM
Antes do hype das reatividades C já fazia algo similar com ajax, iframes, flash, applets java, active windows, etc
Outro detalhe: MVVM, na prática, não é utilizado como M+V+VM
Utilizam assim:
View ↔ ViewModel ↔ Service/Repository ↔ Model
Ou seja é um VVMSRM
VM não faz chamadas http como um C faria
Quem faz as chamadas é o Service, que é uma dessas sub-camadas ocultas
Esse termo MVVM é totalmente equivocado
Mas foi mantido assim
E foi inicialmente utilizado com esse objetivo:
capitalização/marketing/diferenciação tecnológica
Enfim, a maioria não concorda com isso
E eu não concordo com a maioria =)