Entre Código e Pedagogia: o que aprendi ao ensinar IA a escrever tutoriais de Programação Funcional

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Neste semestre, decidi experimentar algo diferente na disciplina Introdução à Programação Funcional.

Em vez de manter o foco integral em Haskell, utilizei a linguagem apenas no primeiro terço do curso, como base conceitual.

Nas etapas seguintes, os estudantes trabalharam com duas stacks funcionais amplamente utilizadas na web: Clojure/ClojureScript e Elixir/Phoenix LiveView.

O objetivo era duplo: explorar a aplicabilidade prática da programação funcional moderna e investigar o papel da Inteligência Artificial na produção de materiais didáticos e arquiteturas de software.

Duas abordagens, um mesmo problema

Ambos os tutoriais resolvem o mesmo desafio: desenvolver uma aplicação Todo List completa e persistente, mas com filosofias distintas.

Versão	Stack	Abordagem
Clojure/ClojureScript	Reagent 2.0 (React 18), Ring, Reitit, next.jdbc	Reatividade explícita no frontend e API REST modular
Elixir/Phoenix LiveView	LiveView, Ecto, Tailwind	Reatividade integrada no backend, sem API intermediária

Os dois tutoriais podem ser acessados aqui:

O papel da Inteligência Artificial

Os tutoriais foram produzidos em colaboração com diferentes modelos de IA — ChatGPT, Gemini e Perplexity — a partir de prompts detalhados.

As IAs conseguiram gerar código funcional e explicações coerentes, mas sem estrutura pedagógica.

Faltava a intencionalidade didática: o porquê de cada decisão, o encadeamento entre etapas e a reflexão sobre erros comuns.

As IAs entregaram aproximadamente 80% do trabalho técnico.

Os 20% restantes — os mais importantes — dependeram de engenharia humana: testar, corrigir, modularizar e transformar o material em uma narrativa de aprendizagem.

Foram cerca de seis horas de curadoria, revisão e depuração, até que o conteúdo atingisse um padrão consistente e instrutivo.

“Produzir código com IA é simples. Transformá-lo em conhecimento exige experiência, método e propósito.”

O que essa experiência revelou

O processo reforçou uma lição essencial: a IA é uma ferramenta poderosa para acelerar o desenvolvimento e inspirar soluções,

mas a mediação humana continua insubstituível.

É o professor, o pesquisador e o engenheiro que atribuem sentido, constroem contexto e transformam o código em aprendizado.

Esses tutoriais representam mais do que guias técnicos.

São um experimento sobre como ensinar programação funcional no século XXI, integrando tecnologia, pedagogia e reflexão crítica sobre o papel da inteligência artificial no processo de aprendizagem.