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Ana Biscalchin
Ana Biscalchin

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Como uso IA para aprender programação (sem cair nos atalhos fáceis)

Entre uma retomada e outra nos estudos, comecei a notar uma coisa: eu rendia muito mais quando conseguia manter o ritmo, mesmo com dúvidas pelo caminho.

A IA começou a entrar como um apoio pra isso. Mas com cuidado para não “terceirizar” o raciocínio.

No artigo anterior, falei sobre como o uso automático da IA pode atrapalhar o processo cognitivo. E sigo achando isso, _ mas como não usar algo tão legal???_

Bem, tive que encontrar o critérios de uso que funcionassem para mim.

Esses critérios foram se formando com o tempo. Abaixo, compartilho alguns dos que mais têm feito diferença na prática.

📌 Eu separo o momento de aprender do momento de fazer

Tentar aprender um conceito novo enquanto resolvo um problema real me deixa mais ansiosa — parece que estou “ficando pra trás” por não saber.Então comecei a separar os blocos: tem hora pra praticar e errar, e tem hora pra parar e realmente entender o que aconteceu.É nessa segunda hora que a IA me ajuda mais: quando já tenho uma dúvida mais específica e posso investigar com calma.

📌 Eu escrevo à mão pra consolidar o entendimento

Escrever me obriga a organizar o raciocínio com mais clareza.Faço resumos curtos, desenho fluxos, traduzo explicações da IA com as minhas palavras.Essa prática não é só mais lenta — ela é mais eficaz justamente por isso: ativa o raciocínio, a memória de longo prazo e a construção de associações cognitivas.

Mueller & Oppenheimer (2014), na Psychological Science, mostraram que anotar à mão envolve processamento semântico mais profundo e melhora a retenção em tarefas conceituais.

Outra publicação reforça: participantes que escreveram informações à mão apresentaram maior ativação do cérebro — indicativo de melhor memorização — do que aqueles que digitavam (VAN DER MEULEN, et Al., 2021).

📌 IA como professor particular

Usando prompts com o formato de resposta esperado, eu jogo o tópico a ser estudado e depois, a IA que sofra com as minhas perguntas. Peço um exemplo parecido, peço pra reescrever a explicação com outro vocabulário, ou peço analogias, exercícios personalizados, revisões.

É um tutor 24/7 que não se cansa de explicar, isso é uma vantagem que eu tiro proveito sem dó!

📌 Combinando modos diferentes de usar IA

Durante o estudo mais conceitual, costumo usar a IA generativa em formato textual. É onde consigo me concentrar nos significados, nos porquês, nas relações entre partes do código ou de um conceito.

Já na hora de praticar, uso agentes de codificação que me ajudam a visualizar estruturas, propor variações e refinar implementações. Esses agentes funcionam como uma espécie de "sparring técnico": respondem, corrigem, sugerem melhorias.

Se você ja pediu ao Copilot te explicar uma feature, vai entender que o poder de leitura contextual dele vai te poupar muitos minutos daqueles momentos de olhar o código e pensar "mas que p... é essa?".

Não substituem o processo de raciocínio, mas ajudam a manter o foco e reduzem a frustração de ficar presa em erros simples enquanto tento entender o todo.

Essa combinação de IA + anotações manuais + prática repetida me ajuda a manter o foco. Ficou mais fácil reunir material de qualidade e iterar sobre ele. Com isso eu disperso menos e consigo chegar mais rapidamente aos objetivos de estudo do momento.

Não estou buscando decorar tudo nem saber a resposta de cara. Quero construir segurança no processo, entender como aprendo melhor, e seguir. Meu objetivo é ter uma base conceitual sólida para me tornar uma resolvedora de problemas.

Mais pra frente em um próximo artigo, quero explorar exatamente isso: o que significa "resolver problemas" na prática da programação, e quais habilidades estão envolvidas nesse processo.

Talvez isso não funcione pra todo mundo, mas tem funcionado pra mim que sou uma pessoa muito visual e sempre adoto a leitura como meu passo inicial de estudos, pra galera do vídeo tutorial o processo poder ser outro, mas espero que se beneficiem dessas dicas.

Se você leu até aqui... fica vai ter prompt!

Eu costumo usar algumas ferramentas que posso mostrar aqui nessa série, mas quero compartilhar o prompt que eu uso para estudar conceitos de forma introdutória. A partir da explicação obtida eu começo o questionamento e vou investigando mais fundo como num diálogo.

👉 Prompt de Mentoria Técnica (PT-BR)

Você pode explorar esse e outros no repositório completo:

📂 ana-prompts no GitHub


Fontes usadas aqui:

  • MUELLER, P. A.; OPPENHEIMER, D. M. The pen is mightier than the keyboard: advantages of longhand over laptop note taking. Psychological Science, v. 25, n. 6, p. 1159–1168, 2014. Disponível em: https://doi.org/10.1177/0956797614524581. Acesso em: 13 jul. 2025.
  • VAN DER MEULEN, M. et al. The importance of cursive handwriting over typewriting for learning in the classroom: a high-density EEG study of 12-year-old children and young adults. Frontiers in Psychology, v. 12, 2021. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8222525/. Acesso em: 13 jul. 2025.

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