DEV Community

Cover image for Emoções
Joao Tavares
Joao Tavares

Posted on

Emoções

Oi eu sou João tenho 27 anos, acho que a gente já conhece.

Vim aqui contar um pouco sobre uma crise emocional que eu tive recentemente e como que ela me fez sair em uma aventura de autoconhecimento.

Mas pra isso vou pedir ajuda ao pessoal do divertidamente pra explicar essas emoções comigo.


Pra começo de conversa, o trio da nojinho, tristeza e alegria foi o primeiro a entrar no palco.

Como todo mundo aqui que viveu 2020 sabe, estamos passando por uma pandemia e com isso a nojinho ativou o meu instinto do autopreservação físico e mental, me fazendo ficar dentro de casa para evitar o contato com o vírus.

A tristeza veio para apresentar as formas da saudade que a gente ia começar a ter por lembrar do tempo que passávamos fora de casa com amigos, amores e familiares.

E a alegria veio se apresentar pra mim na forma de otimismo. Ela queria segurar as rédeas dos sentimentos ruins e nos falar: calma que vai passar, vai ser coisa de 6 meses e o mais tardar 1 ano. Vamos ser fortes pra não preocupar ninguém.

E assim, lideradas pelo otimismos, esse trio veio por um bom tempo coordenando o console do meu humor.


Atividades como trabalhar de home office, o privilégio de receber tudo em casa sem precisar me por em risco na rua, ter a infraestrutura de ocupação mental seja com os livros, os vídeo games e streamings. Pra que me preocupar?

Aprendei a me reinventar. A saudade do abraço, se resolvia com as ligações de video chamada. Os momentos de solidão, com Netflix e combo de vídeo games com podcasts.

Assim novos hobbies e planejamentos acabaram nascendo. Comecei aulas de japonês e de piano a distância, estruturei uma viagem pro Japão em 2023, pesquisei possibilidades de levantar uma casa perto da praia. Pra mim tudo estava se tornando bem grandioso.


Tudo parecia tão bem até o dia que comecei a ver o especial na Netflix chamado Inside. Aí que a ficha começou a cair, quando me enxerguei nos fases do Bo Burnham e reparei que as coisas não estavam tão bem assim.

Olhar pro meu apartamento me deixava enjoado, os dias pareciam todos iguais, olhar no espelho e olhar para o meu cabelo crescendo sem cuidado representava o que não estava tão bem assim por dentro.

Assim, Medo começou a se aproximar do painel de controle, e alegria passou o joystick pra ele que assumiu a forma de ansiedade e nervosismo.


Comecei a querer resolver todos os meus problemas de uma vez. Pelo fato deu estar com tempo livre, resolvi pensar antecipadamente em todas as possibilidades.

Etapas da vida que tinha em mente, primeiro mudar pra salvador, viagem ao Japão, comprar um terreno, ir pro Canadá cursar cinema, levantar a casa dos sonhos, fazer dinheiro com investimentos.

Assim basicamente a ansiedade planejou toda uma vida até 2026. Achava que naquele momento nada poderia dar de errado.


Mas alegria não poderia deixar de ser a principal jogadora. Ela tinha que voltar com tudo, o otimismo e felicidade não poderia deixar de existir, temos que fazer alguma coisa. O plano foi, vamos depositar nossas expectativas nos outros, vamos fazer planos com outras pessoas (mas elas não podem saber até nos encontrarmos pessoalmente tá?).

Assim a alegria se contagiou com a ansiedade e tomou o console de volta, começou a usar amigos com planos para as viagens, a garota que eu gosto com presente e planos de uma vida pós pandemia, família pra ser meu depósito financeiro de longo prazo.

Mas tem um detalhe que eu não imaginava seria que quando o otimismo vira extremo, ele nos dá um sinal do quão estamos sendo ingênuo. E se não deixamos as emoções transparecer, entramos em um modo de atuação superficial; onde apenas um momento de falha, tudo colapsa pro cansaço e frustração.


Apesar da alegria estar dominando, a tristeza também teve a sua vez. Ela explorou a esperança que a notícia da vacina havia chegado e me causou uma saudade que virou banzo ao invés de nostalgia. Me deu uma vontade de querer reviver tudo que havia passado aumentava a agonia que sentia todos os dias.

Com todo o cenário de cansaço e instabilidade montado, foi assim que o nosso último personagem entra em cena, a raiva. E foi em um momento de má interpretação de texto, julguei mensagens das pessoas que mais gosto que me causou uma desilusão dos planos que formei.

Alegria ficou em choque, Medo foi segurar o joystick, mas Raiva foi mais rápido. E naquele sábado, eu explodi em silêncio em casa.


Todos os planos de até 2026 estavam desmoronando, tudo que eu tinha de segurança eram dependências emocionais em terceiros. Espero não ter ofendido ninguém naquele dia, se te ofendi, me perdoe.

No dia seguinte não havia chances de ficar no apartamento, raiva e medo me colocaram para fora de casa depois de muito tempo.

Apesar de nojinho está presente pra cuidar de mim e não ter contato com pessoas, medo me fez ter um ataque de ansiedade no meu restaurante favorito. Mas pelo lado bom, também me fez pedir ajuda pra alguns amigos.


Assim, na segunda-feira pedi ajuda para a minha psicóloga. Conversamos e comecei a dar nome no que hoje uso para ilustrar as emoções que vivi. Assim aprendendo a começar a identificar os seus sinais.

Com isso, decidir experimentar uma nova vida. Resolvi entender as emoções com ajuda do livro, o lado bom do lado ruim. Resolvi também fazer uma faxina digital, com base em estudos sobre minimalismo digital. Que me fez afastar de todos os lugares que me provocavam antecipação de informações por ansiedade.

Comecei a fazer atividade física, a pisar no freio da vida e entender mais sobre o que é essencial pra um hakuna matata.


Lidar com as emoções não tem formula certa, é algo aos poucos, com auto-conhecimento e auxilio de um psicologo e, se precisar, de medicamentos. Cada dia é uma vitória e um momento que se vale curtir o presente.


E essa foi a minha jornada com as emoções. E se houver outros temas sobre como tô identificando elas e como minha nova rotina me for interessante, talvez faça um novo vídeo.

Fiquem bem.

Top comments (0)

The discussion has been locked. New comments can't be added.