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Mulheres pioneiras na tecnologia

Precisamos dar destaque para a trajetória das mulheres na tecnologia buscando inclusão e representatividade.

Consegue citar 7 nomes de mulheres pioneiras na área de tecnologia?

1. Ada Lovelace

A primeira pessoa a programar foi uma mulher.

Como sua mãe era professora de matemática e via a importância de ensinar ciências para crianças, Ada esteve desde cedo imersa no mundo dos números.

Em meados do século XIX, aos 17 anos, Ada conheceu o cientista e matemático inglês Charles Babbage. Na época, Babbage convidou Lovelace para realizar a tradução de um artigo escrito por Luigi Menabrea, engenheiro militar, que falava sobre uma máquina de calcular inventada por Babbage.

Ada traduziu esses arquivos, mas também acrescentou diversas notas que mais tarde ficaram conhecidas como anotações sobre o mecanismo analítico. Além disso, ela também foi responsável por classificar o algoritmo contido na máquina, conhecido como "Sequência de Bernoulli", o que mais tarde se tornou o primeiro a ser implementado por um computador.

Este trabalho estava relacionado à metodologia de cálculo de uma sequência de números com operações altamente complexas, isto resultou no primeiro algoritmo criado na história, muito antes até da existência de máquinas que pudessem processá-lo. Entretanto, ele foi provado como correto anos depois de seu falecimento, quando finalmente chegaram os equipamentos necessários para essa verificação.

Hoje, ela dá nome a um prêmio da Sociedade Britânica de Computação que contempla avanços significativos em sistemas de informação. Além disso, comemora-se anualmente o dia de Ada Lovelace, sempre na segunda terça-feira de outubro, com o objetivo de relembrar as mulheres importantes no campo da matemática, ciências e tecnologia, apoiando outras mulheres a seguirem esse caminho.

2. “As garotas do ENIAC”

Para contextualizar, o ENIAC foi o primeiro computador digital completamente eletrônico da história, pesava cerca de 30 toneladas e ocupava uma área de 180m². Em português o significado deste nome é Computador e Integrador Numérico Eletrônico.

Durante a Segunda Guerra Mundial, na época em que a guerra era “coisa de homem”, foram selecionadas seis mulheres para fazer o trabalho de operar o computador. As seis foram:

  • Kathleen McNulty
  • Mauchly Antonelli
  • Jean Jennings Bartik
  • Frances Synder Holber
  • Marlyn Wescoff Meltzer
  • Frances Bilas Spence
  • Ruth Lichterman Teitelbaum.

Essa “operação” consistia na programação, braçal, através da conexão de fios em situações semelhantes às antigas telefonistas que faziam a conexão manual entre os números para as pessoas se comunicarem. Essas mulheres usavam diagramas e esquemas de como as coisas deveriam funcionar, interagindo com aquele computador e o fazendo funcionar, ou seja, elas programavam. Detalhe, elas não tinham livros ou qualquer documentação que as ensinasse como programar.
O ENIAC acabou não ficando pronto para ser utilizado durante a Guerra, mas ganhou muita fama por sua funcionalidade. Com ele, cálculos que levavam até 30 horas para serem feitos a mão, passaram a ser concluídos em segundos.

Durante muitos anos, mesmo que mostrassem a presença física dessas mulheres, por meio de fotografias, não davam o devido destaque à função delas. Nos anos 90 houve uma celebração de aniversário do ENIAC, nenhuma delas foi convidada para participar. Somente mais tarde, em 2014, foi lançado o documentário “The Computers'' que conta a história das seis mulheres e como elas foram durante muito tempo não relacionadas a essa grande inovação.

3. Grace Hopper

Grace Hopper nasceu em 1906, e desde criança demonstrou muito interesse pela ciência e pela forma como funcionavam as coisas. Com 7 anos de idade desmontou todos os relógios da casa para entender como funcionavam.

Quando se fala em pioneirismo, ela tem diversos títulos para chamar de seus. Ela foi a primeira mulher a se formar na prestigiosa Universidade de Yale com um PhD em matemática, além de ter sido a primeira almirante da Marinha dos EUA. No campo da tecnologia, ela foi uma das criadoras do COBOL, uma linguagem de programação e também criou linguagens de programação para o UNIVAC, o primeiro computador comercial fabricado nos Estados Unidos.

A sua história mais famosa é a da popularização do termo “bug” para indicar problemas em software. Ela teria resolvido um problema de processamento de dados ao remover uma mariposa que estava criando ninho dentro de um computador, indicando que um “debugging”, ou a remoção de um “inseto”, é o melhor caminho para resolver falhas de funcionamento.

Uma de suas principais frases se tornou um dos mantras para as mulheres que lutam por representatividade na indústria da tecnologia: “É mais fácil pedir perdão do que permissão”.

4. Katherine C. G. Johnson

Além de concluir aos 18 anos as suas primeiras graduações, em Matemática e Francês, ainda foi a primeira mulher negra a ingressar em um curso de pós-graduação na universidade West Virginia State. Suas ideias fizeram com que trabalhasse na NACA, um órgão que, futuramente, viria a se tornar a NASA.

Ela foi uma das mulheres que formavam uma equipe para calcular a trajetória dos primeiros voos espaciais para a missão do primeiro pouso na lua, operações que atualmente são feitas por computadores.

Quando a Nasa começou a usar computadores para a missão em que John Gleen orbitou a Terra pela primeira vez, em 1962, Katherine foi consultada para verificar os cálculos da máquina. Segundo a própria, o astronauta disse: "Se ela diz que são bons, então estou pronto para ir".

A Nasa reconheceu em seu site que "não teria sido possível fazer essas coisas sem Katherine Johnson e seu amor pela matemática". Além deste reconhecimento, uma parte de sua história pode ser assistida no filme “Estrelas Além do Tempo”, lançado em 2017.

5. Carol Shaw

Se você gosta de videogames, vai adorar conhecer a Carol Shaw. Ela nasceu em 1955, na região do Vale do Silício, e é considerada a primeira mulher que começou a trabalhar com o desenvolvimento de jogos digitais.

Ela foi uma das funcionárias originais da Atari. Porém, ela passou pouco tempo na empresa, pois foi contratada pela Activision para participar do desenvolvimento de um dos maiores clássicos dos games, River Raid.

Shaw foi designada como “engenheira de software para microprocessadores”, o que significava que ela atuava também nos sistemas do próprio console. Ela foi a responsável por criar o primeiro sistema de geração procedural de conteúdo, ou seja, em River Raid, uma fase nunca era igual à outra. Oponentes, itens e objetos do cenário apareciam de forma randômica, conceito que é utilizado até hoje.

Entre as suas outras principais contribuições, podemos citar os jogos:

  • 3D Tic Tac Toe
  • Super Breakout
  • Happy Trails

6. Hedy Lamarr

Hedy Lamarr, era famosa nos cinemas chegando até ser chamada de mulher mais linda do mundo na época. Entretanto, teve ideias que foram utilizadas até mesmo para a interceptação de mensagens durante a guerra.

Muitos não sabem que ela também foi pesquisadora, com grande interesse em matemática e inventora. Foi responsável pela criação do que hoje conhecemos como “salto de frequência”, um processo que envia sinais de rádio a partir de diferentes canais de frequência. Detalhe, fez isso ao perceber a variação da frequência emitida pelas notas tocadas no piano e que as estações de radiocomunicação poderiam funcionar de forma parecida.

Junto de George Antheil, desenvolveu um sistema de interferência de rádio, utilizado para evitar a detecção de mensagens dos EUA pelos países inimigos na Segunda Guerra Mundial. Esse conceito é aplicado até hoje em smartphones, Wi-Fi, GPS, Bluetooth e diversas outras tecnologias.

7. Karen Sparck Jones

Mais uma daquelas mulheres cuja influência está no seu dia a dia até hoje. Jones realizou um trabalho focado em processamento de linguagem, sendo uma das criadoras do conceito de “inverso da frequência em documentos”, a base do que hoje são os sistemas de busca e localização de conteúdo, como o Google, por exemplo.

Em resumo, consiste na análise dos textos que buscam as palavras que mais aparecem e quando cruzados com o sistema de filtragem, mostram a relevância dos termos para a busca. É o que define, por exemplo, se uma página está falando sobre a influência das mulheres no mundo da tecnologia ou se apenas cita as palavras “mulheres” e “tecnologia”, mas em um outro contexto completamente diferente.

A Sociedade Britânica de Computação, em 2008, criou o Prêmio Karen Sparck Jones, que reconhece profissionais da área de recuperação de informação.

Finalização

O papel da mulher na história da tecnologia foi e ainda é muito marcante. Conhecer as histórias de mulheres na tecnologia é fundamental para enfrentamento dos desafios, utilizar como inspiração para seguir na carreira de interesse.

Referências

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