Ano novo fresquinho vem com aquela lista de promessas e na minha lista em especial, a leitura está como uma das metas. Comecei com um livro bem interessante para mim que já mudou minha visão de algumas coisas, reforçou outras e me deu coragem para mais outras: "Faça Acontecer".
Um livro sobre trabalho, mulheres e a vontade de liderar. Sheryl Sandberg, diretora de operações do Facebook, conta suas experiências, visões e aprendizados ao longo dos anos de carreira, entre Google e Facebook.
Fui marcando o que me interessou em cada capítulo, então esse resumo é uma visão pessoal sobre a leitura. Se outra pessoa fizer o resumo do mesmo livro, talvez seria totalmente diferente do que eu achei legal e importante para mim.
"A ambição profissional é algo esperado para os homens, mas opcional — ou, pior, às vezes até algo negativo — para as mulheres. "Ela é muito ambiciosa" não é um elogio em nossa cultura"
O que você faria se não tivesse medo ?
O livro mostra diversos exemplos e vivências de como somos minadas pelo nosso medo e querer ser uma mulher ambiciosa nem sempre é trazido como algo bom.
Nós somos alertadas o tempo todo do quanto é difícil lidar com carreira + família, isso também nos da medo de aceitar responsabilidades maiores na empresa. E principalmente em ambientes predominantemente masculinos ficamos mais recuadas e não deixamos transparecer nosso lado forte.
Um lugar à mesa.
Sheryl comenta para "sentarmos à mesa", ou seja, não podemos nos recuar, precisamos participar e ganhar essa batalha interna desse desconforto. Com certeza você já teve momentos em que confiava mais em si mesmo e as coisas saiam totalmente diferentes, inclusive, a visão ou sensação das pessoas sobre você. Opine e se imponha.
Sucesso e simpatia.
Mulheres em cargos altos não são muito estimadas e podem ser vistas como agressivas demais, muito políticas ou que não dá para confiar. Mas não devemos sacrificar nossa carreira para que gostem da gente. Devemos seguir em frente apesar das críticas. Todos vão sofrer com críticas. É aquela história, que quando nós ficamos nervosas somos hitéricas e loucas, já para os homens é outra coisa.
"É fácil não gostar de mulheres em cargos altos porque são pouquíssimas. Se as mulheres ocupassem 50% dos cargos mais altos, simplesmente seria impossível desgostar de tanta gente"
É um trepa-trepa, não uma escada.
Um dos meus capítulos favoritos. Para ser curta e objetiva, a carreira não é uma escada e sim um trepa-trepa. Escada limita e trepa-trepa é mais criativo, com diveresas maneiras de chegarmos ao topo. Aqui também é comentado para darmos prioridade ao potencial de crescimento rápido e missão da empresa e não ao título do cargo. Mas precisamos ser mais abertas ao risco em nossas carreiras.
O custo da estabilidade muitas vezes consiste em menores oportunidades de crescimento…Às vezes, continuar na mesma área e na mesma empresa cria inércia e reduz boa preparação para a liderença.
Outro ponto que me chamou MUITA atenção.
As mulheres tendem a se adaptar à carreira do companheiro do que o inverso. Se a mudança de emprego inclui a mudança para outra cidade, pode ser um impedimento para uma mulher que esteja num relacionamento.
E mais dicas preciosas nesse capítulo maravilhoso.
As mulheres precisam parar de pensar "Não estou preparada para fazer isso" e passar a pensar "quero fazer isso — e vou aprender fazendo"…Aceitar riscos, optar pelo crescimento, desafiar a nós mesmas e pedir promoção (com um sorriso no rosto, claro) são elementos importantes para gerir nossa carreira. Uma de minhas citações favoritas é da escritora Alice Walker, que observou: "A maneira mais habitual de renunciar ao poder é pensar que não se tem nenhum poder". Não espere que lhe ofereçam poder. Como aquela coroa, talvez nunca se materialize. De qualquer fomra, quem usa coroa num trepa-trepa?
Busque e diga a verdade como você a vê
Outro capítulo que gostei bastante! Sempre sermos transparentes e diretos principalmente na gestão. Também saiba escutar bem e entender os pontos de vista.
Comunicação eficiente começa pelo entendimento de que existe meu ponto de vista (minha verdade) e o ponto de vista do outro (a verdade dele). Raramente existe uma verdade absoluta, de modo que as pessoas acham que dizem a verdade impõe muito silêncio às outras.
Sempre ser claro, por mais que não seja muito confortável. Sabemos que dar ou levar um feedback mais duro não é agradável, por que é um retorno da visão que causamos nos outros. Mesmo com pessoas mais difíceis de lidar, temos que adquirir um jogo de cintura para dar feedback. É por isso que todos nós preferímos dar feedback para alguém que aceita numa boa.
Sempre questionarmos o que podemos melhorar e saber que a verdade dói, mas Sheryl comenta que: "o lado positivo da verdade é bem maior do que o lado feliz da ignorância".
Outro ponto que vejo acontecer bastante é que as pessoas evitam misturar vida profissional e pessoal. Mas a verdade é que ambas andam muito juntas.
Tomar decisões por exemplo, muitas delas são colocadas em uma balança entre a vida pessoal e profissional e isso não é tratado com normalidade, mas deveria. É óbvio que a vida pessoal afeta a profissional.
Talvez um dia não se considere mais chorar no trabalho um sinal de fraqueza ou uma situação constrangedora…E talvez a compaixão e a sensibilidade que têm historicamente refreado algumas mulheres venham a torná-las líderes mais naturais no futuro. Enquanto isso, todos podemos acelerar essa mudança empenhando-nos em procurar-e falar- a verdade, tal como nos parece.
Não saia antes de sair
Acho que amei muitos capítulos, por que esse também está como um dos meus favoritos. Me marcou muito por ser uma situação comum em que mulheres evitam cargos altos, desafios maiores, por receio sobre cuidar da casa e da família. Sempre vem aquela voz na cabeça "será que vou dar conta?".
Mas o que vemos ao longo do capítulo é que devemos aceitar o desafio, por que podemos dar conta sim. E se não aceitarmos, podemos nos arrepender depois. Então não devemos sair antes de sair.
Deveria ser mais comum o apoio entre homens e mulheres e não ser um tabu ou um problema a questão da preocupação com a casa, família e filhos principalmente.
Esse assunto se encaixa bastante no assunto do próximo capítulo que também gostei bastante (sem novidades).
Peggy Orenstein, autora de Cindera comeu minha filha, conta a história de uma menina de cinco anos de idade, que chegou meio aflita em casa depois de uma atividade extrtacurricular e disse à mãe que ela e o menino de quem gostava queriam ser astronautas. Quando a mãe perguntou qual era o problema, a menina respondeu: "Quando formos juntos para o espaço, quem vai cuidar dos nosso filhos?". Aos cincos anos, ela pensava que o aspecto mais complicado numa viagem especial era ter alguém de confiança para cuidar dos filhos.
Faça de seu companheiro um companheiro de verdade
Hoje o assunto está bem mais comum do que antigamente. Mas a verdade nua e crua é que se o parceiro faz as coisas de casa também, o peso e a carga mental para as mulheres diminui MUITO e a consequência disso é uma melhora na parte profissional.
Não é legal ficar como gestora do lar, designando tarefa para que o parceiro faça as coisas. Cada um precisa se encarregar das aitvidades, se não, acaba achando que está fazendo um favor e não sua parte que deve se feita.
Sheyrl comenta:
Não conheço nenhuma mulher em posição de liderança cujo companheiro não dê apoio total — e digo total mesmo- à sua carreira. Nenhuma. E, ao contrário da ideia difundida de que apenas mulheres solteiras conseguem chegar ao topo, as líderes empresarias mais bem-sucedidas, em dua maioria têm um companheiro.
…Muitas dessas altas executivas disseram que não teriam sucesso que tiveram sem o apoio dos maridos, ajudando com os filhos e as tarefas domésticas e aceitando tranferências com boa vontade…
…Não admira que quando lhe perguntaram numa conferência o que os homens poderiam fazer para ajudar a promover o avanço das mulheres, a professora Rosabeth moss Kanter, da Escola de Administração de Harvard, tenha respondido: "Lavar a roupa". Tarefas como lavar a roupa, comprar comida, cuidar da limpeza e cozinhar são triviais e obrigatórias. É típico que recaiam sobre as mulheres.
O mito de fazer tudo
Ningúem da conta de tudo, mas sempre vão mandar você fazer tudo. Se você não colocar um limite, continuarão pedindo. Saiba estabelecer os seus.
Estou pagando pela qualidade do trabalho, não pelas horas que cumprem. Esse tipo de ambiente sempre me rendeu os melhores resultados.
Sigo aprendendo bastante sobre liderança, mulheres na liderança e trabalho. Quero que as pessoas sempre se apoiem e sejam transparentes. E que como diz também no livro, não tenha mais isso de "líder mulher" e "líder homem" e sim apenas "líder". Quando deixarmos de ser raridade em cargos de liderança.
Por último mais um recado muito bom do livro.
Todos queremos a mesma coisa: nos sentir bem com nossas escolhas, nos sentir legitimados pelos que nos cercam. Então vamos começar nos legitimando mutuamente. As mães que trabalham fora devem considerar as mães que trabalham em casa trabalhadoras de verdade. E as mães que trabalham em casa devem ter o mesmo respeito pelas que escolheram outra opção.
Liderança para mim é isso e muito mais. E para chegar lá é preciso encarar situações (evitar medos), ter confiança (sentar-se à mesa), ter simpatia transparência, equílibrio, apoio (do parceiro ou parceira), é saber que a vida pessoal afeta sim, é saber mentorar também e também ter humildade pra ser mentorada(o) quando precisa.
Espero que tenhamos em mente que não precisamos ser heróis ou heróinas e abraçar tudo, espero que a gente se conheça o suficiente pra estabelecer limites também e que a gente não saia antes de sair.
Sheryl também espera:
Espero que ambos cheguem exatamente aonde querem chegar. E quando descobrirem onde residem suas verdadeiras paixões, espero que ambos façam acontecer-sempre.
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