Arquiteturas de Banco de Dados para Multi-Tenancy
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Quando comecei a desenvolver a versão web de um sistema que já rodava localmente, me deparei com uma decisão estratégica: como estruturar o banco de dados para suportar vários clientes (multi-tenancy). Essa escolha não é apenas técnica; ela impacta escalabilidade, segurança, custos e até a forma como a equipe vai trabalhar no dia a dia.
Grosso modo, existem três modelos principais: desde o mais simples, onde todos compartilham as mesmas tabelas, até o mais isolado, com um banco dedicado para cada cliente.
Padrão 1 – Banco Único e Tabelas Compartilhadas
CREATE TABLE customers (
id INT PRIMARY KEY,
tenant_id INT NOT NULL,
name VARCHAR(255),
email VARCHAR(255),
INDEX(tenant_id)
);
Nesse modelo, todos os clientes dividem as mesmas tabelas. O que diferencia os dados é uma coluna tenant_id
. É o desenho mais direto e geralmente o primeiro que vem à mente.
Vantagens
- Mais barato e simples de operar.
- Backups, monitoramento e atualizações em um único ponto.
- Mudanças de schema refletem em todos os clientes de uma vez.
Desvantagens
- Qualquer descuido em queries pode vazar dados entre clientes.
- Um cliente pesado pode afetar todos os outros.
- Não dá muita flexibilidade de customização.
Padrão 2 – Banco Único, Schemas Separados
CREATE SCHEMA tenant1;
CREATE TABLE tenant1.customers (...);
CREATE SCHEMA tenant2;
CREATE TABLE tenant2.customers (...);
Aqui ainda temos um banco só, mas cada cliente fica em um schema separado. É algo que bancos como PostgreSQL e SQL Server oferecem nativamente.
Vantagens
- Mais isolamento do que o modelo anterior.
- Possibilita pequenas customizações por cliente.
- Custos ainda controlados (um único banco físico).
Desvantagens
- As migrações precisam ser replicadas em cada schema.
- Com muitos clientes, o banco pode atingir limites de objetos.
- Gerenciar backups/restores é mais trabalhoso.
Padrão 3 – Um Banco por Cliente
CREATE DATABASE tenant1;
CREATE DATABASE tenant2;
Esse é o modelo mais isolado: cada cliente tem sua própria base de dados, totalmente separada das demais.
Vantagens
- Isolamento total (ideal para compliance e segurança).
- Escalabilidade independente por cliente.
- Facilidade em atender exigências regulatórias.
Desvantagens
- Maior custo de operação e infraestrutura.
- Migrações de schema são mais trabalhosas.
- Exige automação para gerenciar conexões e atualizações.
Comparativo Rápido
Critério | Compartilhar Banco + Esquema | Compartilhar Banco + Schemas | Banco por Tenant |
---|---|---|---|
Suporte em SGDBs | Todos | PostgreSQL, SQL Server, etc. | Todos |
Conformidade | Difícil | Possível com esforço extra | Mais simples |
Complexidade | Baixa | Média/Alta | Alta |
Customização | Limitada | Moderada | Total |
Escalabilidade | Banco inteiro | Banco inteiro | Por cliente |
Dicas para Migrações de Schema
Não importa o modelo que você escolha, mudar a estrutura do banco será sempre uma dor de cabeça se não houver disciplina.
- Versione seus scripts no Git com numeração sequencial.
- Automatize com CI/CD, rodando testes antes de aplicar.
- Escreva scripts idempotentes (seguros para rodar mais de uma vez).
- Aplique mudanças primeiro em staging e depois em subset de clientes.
- Mantenha compatibilidade retroativa sempre que possível.
- Use um catálogo centralizado para acompanhar versões de cada tenant.
Conclusão
Não existe receita única. O melhor modelo depende do seu estágio e das exigências do seu negócio.
- Quer começar simples e barato? → Banco + Tabelas Compartilhadas
- Precisa de isolamento e compliance? → Banco por Cliente
- Busca um equilíbrio? → Banco único com Schemas separados
O mais importante é escolher algo que funcione bem hoje, mas com clareza de como migrar no futuro conforme sua base de clientes crescer.
Referências
- Tianzhou 18 de março de 2025 – Multi-Tenant Database Architecture Patterns Explained
- turso – Database Multi-Tenancy Made Easy
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