✨ INTRODUÇÃO
Trabalhar em uma Big Tech sempre parece uma espécie de “porta para um novo mundo”.
Antes de entrar, eu imaginava que seria apenas sobre tecnologia avançada, processos robustos e times altamente especializados.
E sim, tudo isso existe. Mas o que realmente muda não é apenas como você escreve código, e sim como você passa a pensar tecnologia, produto e impacto em escala.
Depois de anos atuando em um ambiente de alto tráfego, lidando diariamente com sistemas que atendem centenas de milhares de usuários, percebi que o aprendizado vai muito além do óbvio.
Neste texto, compartilho alguns dos maiores ensinamentos que levo comigo.
⭐ 1. Tudo é pensado para escalar (e continuar funcionando)
Em uma Big Tech, você não constrói features “para funcionar”.
Você constrói features “para continuar funcionando” mesmo com milhões de acessos, picos inesperados e cenários extremos.
Cada componente, cada endpoint, cada query, cada renderização precisa ser eficiente e previsível.
O que isso muda como desenvolvedor?
- começa a pensar em fallbacks, retry, timeouts, observabilidade e resiliência.
- passa a medir antes de mudar (Lighthouse, Web Vitals, experimentos, testes a/b).
- antes de implementar algo novo você começa a fazer spikes, poc's, decisões arquiteturais com o time.
- entende que latência é UX.
Você deixa de ser apenas um executor e se torna um engenheiro preocupado com futuro e escala.
⭐ 2. Design System não é luxo
Antes de trabalhar em produto grande, eu via Design System como organização, documentação e componentes bonitos.
Depois, percebi que Design System é infraestrutura. É tão essencial quanto API e banco de dados.
Quando uma plataforma tem dezenas de times integrando a mesma interface, consistência, acessibilidade e eficiência se tornam críticas.
O que aprendi:
- componentes precisam ser seguros, estáveis e testáveis.
- acessibilidade (WCAG) deixa de ser opcional e muito importante por sinal.
- evoluir o DS é alavancar toda a empresa, não apenas seu time.
Aprendi a projetar componentes como “produtos dentro do produto”.
⭐ 3. Monitoramento é mais importante do que você imagina
Antes:
- Resolver bug quando o usuário reclama.
Depois:
- Resolver bug antes do usuário perceber que existe.
Trabalhar com ferramentas como Sentry, Amplitude, LogZ, Datadog, Clarity me fez entender que:
- erros acontecem, sempre, mas o diferencial é a velocidade com que você detecta, investiga e resolve.
- criar dashboard antes de entregar uma funcionalidade é muito importante.
- dados são a linguagem de todos: engenharia, produto, design.
Hoje, minha visão mudou completamente:
👉 Código sem métricas é código no escuro.
⭐ 4. Testes deixam de ser “melhor prática” e viram sobrevivência
Quando você trabalha num ambiente onde um fluxo errado gera prejuízo real, retrabalho massivo ou impacto direto no usuário, testes deixam de ser algo “legal de ter”.
Meus aprendizados:
- cobertura alta importa, mas teste útil importa muito mais.
- testes bem escritos aceleram releases, em vez de atrasar.
- E2E não substitui unitário; unitário não substitui integração.
- QA manual existe, mas valida comportamento, não qualidade técnica.
Hoje eu penso features já imaginando:
Como eu testo isso? Como garanto que não quebra?
⭐ 5. Feedback é constante — e fundamental para crescer
Big Techs têm ambientes onde feedback acontece o tempo todo:
- em PR reviews
- em RFCs
- em alinhamentos técnicos
- em retrospectivas
- em refinamentos
- em pairing
Isso te força a evoluir rápido, tanto como dev quanto como pessoa.
Aprendi que:
- feedback não é ataque.
- 1:1 é super importante.
- revisar código é um exercício de empatia + intenção.
- pensar alto no time traz alinhamento e evita dívida.
- comunicar decisões é tão importante quanto tomá-las.
Esse ambiente te puxa para cima.
⭐ 6. Colaboração entre times é a chave
Você trabalha com:
- produto
- design
- backend
- data
- QA
- stakeholders
- engenharia
E percebe que ninguém entrega nada sozinho.
Você aprende a:
- negociar escopo
- explicar compromissos técnicos para não técnicos
- fazer trade-offs
- entender prioridades reais do negócio
É um tipo de maturidade que só a prática ensina.
⭐ 7. “Boa engenharia” não é só sobre código — é sobre impacto
No fim, seu trabalho é medido por:
- quanto você reduz erro
- quanto você melhora a experiência
- quanto você acelera outros times
- quanto você economiza custos
- quanta dor você remove do usuário
Código é meio.
Impacto é fim.
Esse foi um dos maiores aprendizados da minha carreira.
⭐ 8. Ownership é tudo
O maior diferencial que vi nas melhores pessoas não era talento técnico.
Era ownership.
É quando você:
- assume problemas antes que te peçam
- se importa com o usuário
- pensa no longo prazo
- entende o impacto do que constrói
- colabora de verdade
- direciona sem precisar de título
Esse comportamento transforma sua carreira.
⭐ 9. Big Tech te ensina a pensar grande
Trabalhar em um ambiente assim muda sua visão de mundo:
- você entende prioridade de produto
- aprende a lidar com escala de verdade
- amadurece tecnicamente
- ganha disciplina de engenharia
- cria contexto para tomar boas decisões
- desenvolve autonomia
- aprende a simplificar sistemas complexos
E carrega isso para qualquer lugar onde passar.
🎯 CONCLUSÃO
Trabalhar em uma Big Tech não te transforma em um engenheiro melhor automaticamente, mas te coloca em um ambiente que exige que você se torne um.
Eu saio dessa experiência entendendo muito mais sobre:
- escala
- arquitetura
- colaboração
- produto
- impacto
- responsabilidade
- engenharia de verdade
E principalmente:
👉 Que tecnologia não é sobre código. Tecnologia é sobre resolver problemas em escala.
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