No Episódio 49, tivemos a honra de conversar com Edson Oliveira Junior, professor e pesquisador com ampla experiência em engenharia de software. Ao responder sobre a próxima fronteira da engenharia de software, ele compartilhou visões profundas sobre dois grandes temas que estão moldando o futuro da pesquisa e da tecnologia: ciência aberta e o uso crescente de inteligência artificial (IA) nos projetos de engenharia de software.
Confira abaixo os principais pontos dessa conversa!
🌍 Ciência Aberta: Um Chamado para Pensar no Impacto Real da Pesquisa
Para Edson, um dos grandes desafios — e oportunidades — da ciência hoje é levar a sério o conceito de ciência aberta, não apenas como uma prática formal de publicação ou disponibilização de artefatos, mas como um modo de pensar e fazer pesquisa.
Ele destaca que muitos estudantes, especialmente no início da pós-graduação, questionam a relevância de suas contribuições:
"Professor, mas eu vou fazer aqui uma melhoria só, uma coisa que o aluno fez lá na outra dissertação... como isso vai gerar impacto?"
A resposta de Edson é clara e inspiradora: não existe pergunta boba. E mesmo as menores contribuições podem ter grande valor no futuro. Muitas descobertas científicas ganham sentido apenas com o tempo, quando novas tecnologias ou contextos permitem reavaliar o passado sob uma nova ótica.
O papel do orientador e da ciência aberta
O orientador tem um papel fundamental nesse processo, ajudando o aluno a enxergar onde sua pesquisa pode gerar impacto. A ciência aberta, segundo Edson, é uma ferramenta poderosa para isso:
- Facilita a reprodução de estudos;
- Amplia a transparência;
- Permite que outras pessoas continuem o trabalho e construam algo novo a partir dele.
“Eu acho que ciência aberta ajuda muito [...] de olhar e pensar, principalmente no impacto daquela pesquisa.”
Segundo ele, se começarmos a incorporar práticas de ciência aberta desde o início dos projetos de pesquisa, vamos começar a plantar uma sementinha que, com o tempo, se tornará parte natural do fazer científico.
Apesar de o Brasil estar ainda engatinhando nessa área, países da Europa já estão bem mais avançados. Mas há espaço para crescimento e aprendizado.
🤖 Inteligência Artificial: Moda Passageira ou Verdadeira Revolução?
Outro ponto central da conversa foi a aplicação da inteligência artificial na engenharia de software. Edson reconhece a importância da IA, mas também manifesta preocupações importantes:
“Tem muitos trabalhos que basicamente não têm necessidade de usar tanto apelo de IA. O contexto não justifica.”
Ele observa que estamos vivendo uma espécie de "onda da IA", e muitos pesquisadores sentem-se pressionados a incluir inteligência artificial em seus projetos, talvez até para aumentar as chances de aceitação de artigos ou financiamentos.
Mas será que tudo precisa de IA?
Cuidado com a hype da IA
Edson alerta para o risco de superexposição de certas ideias, inclusive por parte de pessoas que não são especialistas:
“Você vê várias entrevistas com pessoas de outras áreas e que essa pessoa, às vezes, não é especialista.”
Ele ressalta que especialista em IA é quem entende de algoritmos, heurísticas, otimização, enfim, quem realmente sabe o que está acontecendo por trás da "caixa preta".
Além disso, ele critica a forma como algumas notícias ou palestras têm alimentado mitos como:
“Será que vai acabar o programador? Não vai ter mais programador?”
Sua resposta é contundente:
“Eu acho que a criatividade humana não vai ser substituída tão cedo.”
🧠 Criatividade Humana vs. IA Generativa
Durante a conversa, Edson menciona uma palestra do professor Bruno, também da UEM, que destacou como pequenas mudanças em parâmetros de algoritmos não significam avanço real em IA.
“Mudar um parâmetro ou outro de algoritmo e tudo mais não ajuda a comunidade de IA a avançar.”
O verdadeiro progresso, segundo ele, vem de comparações robustas, análise de grandes volumes de dados e validação rigorosa de resultados.
E Edson brinca:
“Enquanto a IA for generativa, eu não estou preocupado. O problema talvez seja quando ela se tornar criativa.”
Essa ideia toca o cerne da questão: seria possível uma IA criar de fato, como fazemos nós, humanos, com nosso talento e intuição?
Por enquanto, não. Mas é preciso cuidado com o caminho que estamos traçando.
🚀 O Futuro da IA na Engenharia de Software
Mesmo com todas essas ressalvas, Edson é otimista quanto ao futuro da aplicação da inteligência artificial na engenharia de software. Ele acredita que a próxima fronteira será:
“Conseguir ter uma estabilidade da aplicação de IA em engenharia de software, ver coisas mais efetivas na IA mesmo, arquitetando ferramentas.”
Ou seja, deixar de lado a especulação e a moda passageira para focar no desenvolvimento de soluções reais, testadas e úteis.
📝 Conclusão: Ciência com Propósito e Olhos no Futuro
O bate-papo com Edson Oliveira Junior trouxe reflexões valiosas sobre dois dos temas mais quentes da atualidade:
- A importância da ciência aberta como meio de democratizar o conhecimento e potencializar o impacto social da pesquisa.
- A necessidade de usar a inteligência artificial com consciência, evitando modismos e priorizando soluções reais e fundamentadas.
Como ele mesmo diz:
“Por menor que seja o escopo, aquela intervençãozinha que você está fazendo, a tua pesquisa, em algum momento ela pode impactar.”
Que possamos todos seguir esse exemplo: pesquisar com propósito, responsabilidade e sempre pensando no futuro.
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