“Você costuma baixar a branch do PR para testar localmente?”
Essa pergunta parece simples, mas pode render boas discussões sobre qualidade de código, eficiência nas revisões e confiança no processo de desenvolvimento.
Nem todo pull request precisa ser executado localmente e quando isso se torna uma prática comum para todo PR, talvez o problema esteja em outro lugar.
Neste artigo, trago algumas reflexões sobre quando faz sentido testar um PR localmente e como isso se encaixa com a Pirâmide do Code Review uma abordagem (fantástica) que propõe uma hierarquia de prioridades ao revisar pull requests, inspirada na lógica da Pirâmide de Maslow.
🧱 A Pirâmide do Code Review
Antes de falar de testar localmente, vale conhecer essa estrutura simples que define níveis de prioridade em uma revisão de código:
- Base da pirâmide: Functionality & Implementation – O código faz o que deveria fazer?
- Segunda camada: Testability & Coverage Tests – O código está bem testado? É fácil de testar?
- Terceira camada: Readability e Maintainability – Dá para entender e manter esse código?
- Topo da pirâmide: Code Style – O código segue o padrão do time?
Essa pirâmide nos ajuda a revisar com foco no que realmente importa, e só subir a escada se os degraus abaixo estiverem ok.
✅ Quando vale a pena testar localmente?
Baixar a branch e rodar localmente faz sentido quando você está na base ou na segunda camada da pirâmide:
1. Implementação
- O PR mexe em regras críticas (ex: valores financeiros, autenticação)?
- Há dúvidas se o código faz realmente o que deveria?
2. Testabilidade
- Os testes cobrem bem os casos de uso?
- Existem fluxos manuais ou side effects que não estão claros no PR?
Outros motivos
- É um PR que muda o comportamento da UI ou da API e você quer ver na prática.
- O CI está instável e você quer validar o funcionamento local.
- A descrição do PR está vaga, e rodar ajuda a entender o contexto.
❌ Quando isso pode virar um problema?
Se você sente necessidade de testar todo PR localmente, pode haver sinais de alerta:
- Os testes automatizados não cobrem bem o código.
- Os PRs não explicam claramente o que foi feito.
- O CI não é confiável ou não tem validação de comportamento.
- O código não é previsível: pequenas mudanças geram efeitos inesperados.
Se testar localmente se torna regra, é sinal de alerta: talvez o problema não esteja no código, mas na confiança no processo (e isso custa tempo).
⚖️ Prós e contras de testar localmente
✅ Pontos positivos
- Dá mais confiança para aprovar.
- Ajuda a pegar side effects.
- Facilita entender contextos complexos.
❌ Pontos negativos
- Torna a revisão mais lenta e pesada.
- Cria dependência de ambiente local e setups manuais.
- Pode mascarar problemas na qualidade do código ou na cobertura de testes.
🔁 E se o tempo for curto?
Use o bom senso. Nem todo PR precisa de execução local. Se for pequeno, direto e bem testado, a leitura de código pode ser suficiente. Confie na pirâmide: valide se a implementação corrige/cobre o problema de negócio, avalie os testes e só depois pense em rodar algo manualmente.
💬 Conclusão
Testar a branch do PR localmente é uma prática útil (mas não obrigatória). Ela deve ser usada com critério, como uma ferramenta de apoio para validar o que a leitura de código ou os testes automatizados não respondem sozinhos.
A pergunta que fica é:
Você testa localmente por necessidade, ou por desconfiança do processo?
Se for a segunda opção, talvez seja hora de investir em testes melhores, pipelines mais confiáveis e PRs mais bem descritos.
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