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Semelhança entre DevOps e bactérias comedoras de resíduos industriais oleosos

Esses dias eu participei do maior evento de inovação, empreendedorismo e tecnologia do Rio Grande do Norte: o GO!RN 2023. Essa experiência foi muito útil para mim em diversos aspectos profissionais e pessoais, mas o que chamou minha atenção foi o fato apresentado no título do post.

Certamente, não uma relação direta entre ambas as coisas, mas ainda assim elas são semelhantes. A analogia faz mais sentido na minha cabeça do que na sua agora, mas é apenas um certo aspecto que eu gostaria de frisar aqui.

Contexto situacional

Eu tinha acabado de chegar no evento e a primeira palestra que eu participei acabou com 30 minutos de antecedência para a próxima. Então eu aproveitei para ir até o estande da próxima palestra que me interessou. Chegando lá eu me vi no momento de pitch da segunda colocada do AES startups. Porém foi o do primeiro colocado que chamou a minha atenção.

Se tratava de uma empresa que produzia bactéria para tratar tanques de resíduos oleosos. Tais resíduos precisam de um transporte e tratamento muito caros. Desta forma, a ideia deles é tratar esses resíduos de forma mais barata e ecológica. Eles desenvolveram uma bactéria capaz de se alimentar desse lixo muito rapidamente.

O estalo inicial

Neste momento, eu me peguei a pensar: Nossa! As pessoas ganham dinheiro com tanta coisa diferente, e eu, aqui, só pensando em sair de operações para ir para a área de desenvolvimento. Essa situação abriu os meus olhos para perceber que não existe apenas tecnologia do mundo digital, mas de como diferentes áreas de conhecimento são relevantes, são capazes de deixar um legado, e podem ser inovadoras também.

Tenho muito admiração pelas demais áreas do conhecimento, mas nenhuma me fascina mais do que a engenharia que envolve o mundo digital, a programação, a eletrônica, e tudo que possui um circuito elétrico. É nessa área que quero trabalhar e fazer minha carreira, mas o meu contexto atual não me é muito favorável à aquilo que eu tinha idealizado.

Contexto pessoal

Há umas semanas eu me vi em um dilema profissional: será que é realmente que eu quero para a minha vida? Confesso que ele me ocorre com mais frequência do que o desejado (algum tipo de impaciência).

De fato, hoje eu trabalho na área de engenharia de cloud, que eu me identifico bastante. Mas de uns 2 anos para cá, eu tenho deseja me tornar um engenheiro DevOps, e atualmente eu estou bem próximo disso. O que tem me incomodado é o fato de que, sabendo o que eu sei sobre DevOps hoje e tudo o que ele promete, parece inadmissível que trabalhar de outra forma que não seja esta.

Parece tolice deixar que alterações sejam feitas em ambientes de testes e produção, e que isso não seja codificado ou documentado. Da mesma, me parece sem razão fazer processo manuais sem se questionar se eles não podiam ser automatizados. Mas como seguir agindo dessa forma, sem se cansar, quando você é um dos poucos que pensa numa perspectiva DevOps.

Além disso, onde mais pode-se praticar DevOps se não no desenvolvimento Web? Foi nesse momento que eu percebi que essa cultura possui um nicho, um propósito e situação específica, e poucos vão precisar disso a longo prazo.

DevOps é nichado

Eu fico me perguntando: faz sentido que uma empresa com apenas um time de desenvolvimento, com seus próprios servidores empoeirados, cujo o negócio não é TI, ter um engenheiro DevOps? Ou pior, é relevante que eles saibam o que é isso? Não e sim, respectivamente.

Se o time de desenvolvimento e o ambiente é pequeno, mais vale um desenvolvedor do que um engenheiro DevOps. Em todas as situações onde eu vi uma posição para DevOps foram em médias para grandes empresas, cujo o negócio é TI e que tinham que manter uma plataforma Web. E não é que falte espaço no mercado, mas que o desenvolvimento de software é si é menos nichado do que isso.

Mesmo sem implementar o cargo de DevOps, eu acredito ser vital que qualquer empresa cultive a cultura dentro de casa. Porque essa perspectiva vai garantir soluções mais longínquas, eficientes e manuteníveis. Além disso, um pipeline de CI/CD é útil para qualquer nível de maturidade de projeto. E versionar infraestrutura também entra nesse conjunto.

Dificuldades do mercado Júnior

Outro ponto que me desmotiva é a dificuldade para iniciar na área de baixo. São pouquíssimas as vagas para juniores e raríssimos os estágios. As vagas presentes são altamente concorridas, juntamente pelo nicho e a própria ideia do DevOps.

O próprio roadmap DevOps é muito diversificado entre áreas de operações e desenvolvimento. Eu entendo que um bom DevOps deve entender bem da operação em seus processos e ideologias, mas também de programação em sua essência e agilidade. Desta forma, ter ambas as experiências em sua bagagem é tentadoramente vantajoso.

Com isso em vista, noto que as vagas mais abundantes são pra plenos e seniores. Não é difícil encontrar vagas de DevOps para que já tem pelo menos 5 anos de carreira. Enquanto isso, apesar de a diminuição, as vagas para desenvolvedores juniores são mais frequentes.

Conclusão

O cenário atual não é muito favorável para o juniores no geral, mas se você quiser ter maiores chances de conseguir um emprego, é melhor procurar posições de desenvolvimento ou de operações; e então, subir a escada corporativa rumo ao cargo de DevOps. É isto que estou fazendo hoje.

Acredito que o caminho seja fazer aquilo que os primeiros engenheiros DevOps fizeram (Os devopeiros ancestrais kk): fazer um nome com experiências sólidas em áreas relacionadas com DevOps, como programador ou sysadmin, e depois migrar para a área como pleno. Ainda assim, é difícil encontrar vagas com descrições que não peçam uma experiência mais ampla em ambos os cargos.

Esperança

Ela existe, e está no fim do túnel de pelo menos cinco anos de experiência. Enquanto isso, é currículo atualizado, portfólio, estudo e trabalho!

Até a próxima!

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