Porque?
Porque eu mentoro gratuitamente é a primeira pergunta que respondo quando me procuram. A resposta é simples: eu sei o que a falta de mentoria pode fazer com a carreira de uma pessoa. Passei meus 10 primeiros anos sem a ajuda de ninguém e evolui muito pouco. Não sabia como estudar, não conhecia o mercado, não sabia o que era uma postura profissional, não conhecia os frameworks, etc... As empresas que eu trabalhavam gostavam do perfil do herói. O cara que chega lá e mata o leão. E eu era esse perfil, mas sempre reinventando a roda.
Só temos que contextualizar isso no tempo. Nessa época tinha pouco conteúdo online. E eu não sabia o que procurar. Muitas vezes ia procurar na academia, em artigos.
Como?
A segunda pergunta é o como eu mentoro.
Deixo minha agenda aberta, qualquer um com acesso ao meu LinkedIn pode me encontrar ou encontrar nos sites de mentoria gratuita e marcar 30 minutos.
Marcada a reunião, eu dou uma olhada nas redes sociais da pessoa. O que ela anda postando? Como ela se descreve? O que ela anda curtindo?
Dentro desses 30 minutos vou fazer pedir para a pessoa descrever a sua história. Porque me procurou? Quais são suas queixas? O que você está fazendo hoje?
Normalmente a pessoa vai gastar 10 minutos contando essa história. Nesse tempo é fácil levantar algumas deficiências. Seja um conceito errado, seja uma incompatibilidade com suas redes sociais.
Depois eu explico os conceitos que eu identifiquei como errados. Exemplifico os comportamentos que não são desejáveis. E aponto algumas melhorias nas redes sociais. O exemplo mais claro:
— Estamos desenvolvendo uma API REST...
— Como você me descreve uma API REST?
— Ah, uma API que usa JSON!
Lá vou eu explicar que usar JSON não faz com que uma API seja RESTful.
Depois eu proponho um RoadMap. Vamos iniciar um plano de estudos. Eu vou dar um tema, vou dar uns posts de blog e vou pedir que a pessoa estude. Se possível ela deve:
- Produzir um post de blog
- Fazer um exemplo do que foi estudado
Áreas Avaliadas
Eu creio que mentoria é uma pratica muito importante. Eu nunca recebi um processo de mentoria formal, apenas algumas avaliações que me foram muito proveitosas.
Para desenvolver meu processo de mentoria, acabei levantando algumas possíveis áreas e o que desejo produzir de resultados nas pessoas que me procuram.
Qualidade de Código
Um desenvolvedor deve produzir um código com qualidade. O que isso significa? Este código deve ser:
- Estável
- De fácil compreensão
- De fácil manutenção
- Otimizado
Linguagem de Programação
Um desenvolvedor deve conhecer a fundo a sua linguagem de programação principal. Deve conhecer as APIs, como a sua linguagem está evoluindo, os seus pontos fortes e os seus pontos fracos.
Este deve saber ao iniciar um projeto qual linguagem usar. Se a sua não for a mais recomendada, deve saber o porque e qual ele pode usar.
Arquitetura de Software
Um desenvolvedor não precisa ser apenas um desenvolvedor. Ele pode atuar como arquiteto, compreendendo o que o arquiteto está falando e dialogar com o arquiteto.
Por isso proponho que o desenvolvedor conheça os principais conceitos arquiteturais. Quais são os padrões arquiteturais existentes. Deve saber documentar a sua solução.
Ele deve saber o que aplicar quando um problema surgir. E como raciocinar em cima do problema.
Conceitos Teóricos
O que você aprendeu na faculdade não fica na faculdade. É importante usar ele no seu trabalho.
Cada mentorado deve ter os conceitos corretos e saber usar. E mesmo que seja alguém em migração de carreira, deve aprender alguns conceitos de Computação para desempenhar um bom trabalho.
Negócios
Ninguém cresce em uma empresa se não conhecer a fundo o modelo de negócios dela.
Desejo que meus mentorados saibam como suas empresas funcionem e que eles contribuam para o crescimento delas.
Eles devem conhecer:
- Quem são seus superiores?
- Como a empresa se mantém?
- O que a empresa deseja deles?
Comportamento
O comportamental é essencial. Ninguém cresce se seu comportamento não mudar. Todos iniciam como júnior. Depois vão ganhando independência e param de depender dos Seniores, nesse momento se tornam plenos. Depois passam a apoiar outros durante a realização das atividades, e nesse ponto se tornam Seniores.
Eles devem saber ouvir e perguntar. Como se comportar e o que falar. As vezes um comentário indesejado pode ser fatal para sua carreira.
Conclusão
Eu sempre digo uma fase que reflete a minha própria experiência. O problema quando você não sabe é que você não sabe o que não sabe. Eu passei muitos anos achando que sabia muito, isso porque tinha me treinado ao máximo naquilo que já sabia, mas como não tinha contato com pessoas mais experientes, estava travado.
Só consegui crescer quando mudei de empresas e tive contatos com outras realidades. Isso foi muito enriquecedor!
Se você deseja mentoria, procure alguém que você admira e mande uma mensagem. Não é preciso muito tempo para o mentor, apenas 30 minutos a cada duas semanas.
Se você deseja mentorar e quer conversar, pode me procurar. Sempre respondo no Twitter e LinkedIn.
Atividades em paralelo
Paralelo à mentoria, é urgente produzir material em português. Nós estamos passando por um período de grande crescimento da necessidade de desenvolvedores. Você pode reparar, 10 anos atrás só tinha formados trabalhando em nossa área, agora temo pessoas sem nenhum conhecimento teórico, apenas o conhecimento prático aprendido em Bootcamps que não devem se aprofundar muito.
Tenho feito bastante isso, escrito coisas básicas. O que é básico para um pode ser muito relevante para outros.
Próximos Passos
Agora que eu estabeleci uma rede com algumas pessoas sendo mentoradas, devo me aprofundar no tema. Ler alguns artigos sobre o próprio processo de mentoria e sua aplicação no mundo de desenvolvimento de software.
Para isso escolhi dois artigos iniciais usando o Google Scholar:
- KE Kram (2007) - The Landscape of Mentoring in the 21st Century
- C Casado-Lumbreras (2011) - Culture dimensions in software development industry: The effects ofmentoring
Espero ler eles em breve...
Foto de nappy no Pexels.
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