Como vocês já sabem, sou uma daquelas leitoras compulsivas.📚
Geralmente escolho livros indicados por amigos ou por pessoas que admiro. Mas, em alguns momentos, me deixo levar por critérios de escolha completamente diferentes.
Confesso que até já andei por livrarias fotografando capas bonitas e interessantes, e li o livro por causa disso.🙈
Amo viajar, e ando morrendo de saudades do mundo🌎, em especial, de Roma. Estive lá em 2019, me apaixonei e nem queria voltar para Portugal (minha casa desde que saí de Salvador há 4 anos). Saí de lá certa de que, em algum momento da minha vida, morarei 1 ou 2 anos lá para me perder nas suas ruas estreitas.
Nesse meu momento de saudades de Roma, caiu (virtualmente) em meu colo o Quatro Estações em Roma: Memórias de um escritor americano na Itália, de Anthony Doerr.
Não conhecia o autor e descobri que ele é super premiado, incluindo um Pulitzer de Literatura Ficcional em 2015 pelo livro Toda Luz que não Podemos Ver (que até já estava esquecido no meu backlog infinito e descontrolado de livros).
"Quatro Estações em Roma" foi o livro perfeito para um voo de Lisboa para Salvador, uma viagem solitária que fiz recentemente, para ficar com a minha mãe em um momento de diagnóstico de câncer.😔
A escrita de Anthony é pura sensibilidade, quase um abraço. É um livro autobiográfico que conta a história dele, de sua esposa e de seus bebês gêmeos em uma mudança "abrupta" para Roma.
A narrativa é leve, mas incrivelmente profunda, principalmente nos momentos cotidianos, aqueles que parece que não percebemos mais, como uma primeira ida ao mercado em uma nova cidade ou a descoberta de uma linda varanda particular.
Algumas frases acertaram em cheio meu coração e vão virar post-its para mim. Espero que algumas virem para você também:
"Ser estrangeiro e não dominar o idioma do país é como passar por um portão e depois descobrir que ainda há outros dois a serem enfrentados." (pp. 46–47).
"Sou grato pelo fato de que tudo o que é doce só é doce porque uma hora acaba." (pp. 48–49).
"Saia de casa, saia do país, saia do costumeiro. Só assim as experiências corriqueiras - comprar pão, comer verduras e até dizer bom dia - voltam a ser novas." (p. 54).
Uma frase de Em casa, de Marilynne Robinson, me vem à mente: Há mil milhares de razões para viver a vida, e todas elas são suficientes." (p. 99).
"Não saber é sempre mais emocionante do que saber. É no não saber que surgem a esperança, a arte, a possibilidade, a invenção. É o não saber, o bom e velho não saber, que permite que tudo se renove." (p. 142).
"Viemos para Roma porque nos arrependeríamos para sempre se não viéssemos, porque todo acovardamento cedo ou tarde acaba se transformando em arrependimento." (p. 130).
Se matei a minha saudade de Roma durante o voo?
Não. Mas entendi que alguns passos são necessários para estarmos ao lado de quem amamos, ainda que sejam passos difíceis, desconfortáveis ou tragam um certo caos às nossas vidas.
O importante é não se deixar arrepender.😘
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