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Anderson Contreira
Anderson Contreira

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Faculdade em TI não serve pra nada...

uma análise realista sobre carreira, ambição e futuro

A frase “não precisa de faculdade para trabalhar com TI” virou moda.
Aparece em posts, palestras, vídeos e discussões por toda parte. E sempre com o mesmo tom provocador:

“Diploma não importa.”
“A faculdade está ultrapassada.”
“O que vale é codar.”

Esse discurso parece libertador — e, em parte, ele realmente tem fundamento.
Mas a verdade é mais complexa do que isso.
Depois de anos trabalhando com empresas nacionais e internacionais, fica evidente que:

A faculdade não é tudo.
Mas também está longe de não ser nada.

O debate não é “fazer ou não fazer”.
O debate é que tipo de carreira você quer construir.


1. Sim, o mercado ficou mais flexível, mas não para tudo

De fato, muitas empresas modernas deixaram de exigir diploma. Especialmente startups, consultorias e scale-ups, onde o que importa é:

  • experiência real
  • projetos construídos
  • capacidade de aprender rápido
  • autonomia
  • comunicação clara

Esse cenário permite que profissionais entrem na área sem ensino superior.

Mas isso vale principalmente para:

  • vagas júnior
  • pleno
  • alguns casos, para sêniors, mais focados em execução técnica

Ou seja:

entrar na área sem faculdade é totalmente possível.

Crescer nela… já é outra história.


2. Para cargos de liderança, o diploma volta a fazer diferença

Quando falamos de posições como:

  • Tech Lead
  • Staff Engineer
  • Principal Engineer
  • Engineering Manager
  • Arquiteto de Software

…a exigência muda.

Essas funções não dependem apenas de código. Elas envolvem:

  • visão sistêmica
  • pensamento estruturado
  • maturidade profissional
  • tomada de decisão
  • influência e comunicação
  • alinhamento com estratégia de negócio
  • credibilidade interna

É por isso que, em muitas empresas de médio e grande porte, o diploma ainda aparece como requisito mínimo — mesmo que “desejável”.

E não porque a faculdade ensine arquitetura moderna ou práticas avançadas, mas porque o diploma transmite:

  • consistência
  • disciplina
  • capacidade de completar ciclos
  • base teórica
  • preparação para responsabilidades maiores

Você pode crescer sem diploma?
Sim.
Mas o teto chega mais rápido.


3. Vagas internacionais: mais exigentes do que o hype promete

Outra distorção comum é acreditar que “lá fora ninguém liga para diploma”.

Na prática, muitas vagas internacionais ainda pedem:

  • Bachelor’s Degree (como requisito ou forte desejável)
  • equivalente formal em tecnologia
  • histórico acadêmico validado
  • comprovação para processos de visto, imigração ou compliance

Isso acontece por motivos como:

  • padronização global de RH
  • exigências legais
  • auditorias internas
  • políticas de contratação
  • responsabilidade sobre projetos críticos

E mesmo quando o diploma não é obrigatório, ele pesa no filtro inicial.

Em resumo:
para quem mira carreira internacional, a faculdade aumenta competitividade de forma clara.


4. Faculdade e certificações comunicam investimento na carreira

Esse ponto é essencial — e raramente alguém menciona:

Tanto diploma quanto certificações enviam uma mensagem direta:

“Eu invisto em mim mesmo.”

Empresas (e clientes!) percebem isso.
Mesmo que o conhecimento técnico venha de outras fontes, o diploma reforça:

  • profissionalismo
  • comprometimento
  • base teórica
  • disciplina
  • credibilidade

Da mesma forma que um AWS Solutions Architect mostra entendimento em cloud,
uma graduação mostra consistência de longo prazo.

Isso não é tudo — mas é um diferencial claro.


5. Liderança exige muito além de código

Crescer em TI não é só aprofundar stack.
É desenvolver habilidades como:

  • gestão de projetos
  • gestão de pessoas
  • liderança
  • comunicação e influência
  • negociação
  • capacidade de priorização
  • visão de negócio

E é aí que cursos como:

  • pós-graduações
  • MBAs
  • cursos de liderança e gestão
  • PMBOK
  • comunicação assertiva
  • gestão ágil

…se tornam extremamente relevantes.

Esses temas raramente são aprendidos sozinho.
E quem domina isso simplesmente avança mais rápido.


6. “Mas eu conheço gente que cresceu sem diploma!”

Sim.
Exceções existem.
E são inspiradoras.

Mas construir sua carreira apoiada em exceções é arriscado.
O mercado, no geral, segue padrões claros — e diploma, ainda hoje, continua sendo um desses padrões para determinadas trilhas profissionais.


7. Antes de perguntar “preciso de faculdade?”, pergunte: “onde eu quero chegar?”

A resposta é simples:

  • Quer entrar na área? → Não precisa.
  • Quer crescer até pleno/sênior? → Também não.
  • Quer liderar, arquitetar, influenciar? → Ajuda muito — às vezes é requisito.
  • Quer trabalhar no exterior? → Em muitos casos, é obrigatório.
  • Quer competir entre os melhores? → É um diferencial forte.

Seu futuro define sua necessidade.


Conclusão

A faculdade não garante nada.
Mas dizer que “não serve pra nada” é simplificar demais uma realidade complexa.

O diploma é uma ferramenta.
Não é a única.
Mas também não é irrelevante.

E aqui vai o conselho mais prático possível:

Se puder, faça a faculdade o quanto antes — e se livre desse problema.
Se puder, faça também uma pós relevante em uma instituição decente.

Isso tira essa pendência do seu caminho e te liberta para focar nos próximos passos da sua carreira:

  • evoluir tecnicamente,
  • construir portfólio,
  • liderar pessoas,
  • desenvolver maturidade,
  • conquistar oportunidades melhores,
  • e abrir portas para o mercado global.

Não é sobre diploma.
É sobre onde você quer chegar
e se você prefere remover barreiras ou criar novas.

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