uma análise realista sobre carreira, ambição e futuro
A frase “não precisa de faculdade para trabalhar com TI” virou moda.
Aparece em posts, palestras, vídeos e discussões por toda parte. E sempre com o mesmo tom provocador:
“Diploma não importa.”
“A faculdade está ultrapassada.”
“O que vale é codar.”
Esse discurso parece libertador — e, em parte, ele realmente tem fundamento.
Mas a verdade é mais complexa do que isso.
Depois de anos trabalhando com empresas nacionais e internacionais, fica evidente que:
A faculdade não é tudo.
Mas também está longe de não ser nada.
O debate não é “fazer ou não fazer”.
O debate é que tipo de carreira você quer construir.
1. Sim, o mercado ficou mais flexível, mas não para tudo
De fato, muitas empresas modernas deixaram de exigir diploma. Especialmente startups, consultorias e scale-ups, onde o que importa é:
- experiência real
- projetos construídos
- capacidade de aprender rápido
- autonomia
- comunicação clara
Esse cenário permite que profissionais entrem na área sem ensino superior.
Mas isso vale principalmente para:
- vagas júnior
- pleno
- alguns casos, para sêniors, mais focados em execução técnica
Ou seja:
entrar na área sem faculdade é totalmente possível.
Crescer nela… já é outra história.
2. Para cargos de liderança, o diploma volta a fazer diferença
Quando falamos de posições como:
- Tech Lead
- Staff Engineer
- Principal Engineer
- Engineering Manager
- Arquiteto de Software
…a exigência muda.
Essas funções não dependem apenas de código. Elas envolvem:
- visão sistêmica
- pensamento estruturado
- maturidade profissional
- tomada de decisão
- influência e comunicação
- alinhamento com estratégia de negócio
- credibilidade interna
É por isso que, em muitas empresas de médio e grande porte, o diploma ainda aparece como requisito mínimo — mesmo que “desejável”.
E não porque a faculdade ensine arquitetura moderna ou práticas avançadas, mas porque o diploma transmite:
- consistência
- disciplina
- capacidade de completar ciclos
- base teórica
- preparação para responsabilidades maiores
Você pode crescer sem diploma?
Sim.
Mas o teto chega mais rápido.
3. Vagas internacionais: mais exigentes do que o hype promete
Outra distorção comum é acreditar que “lá fora ninguém liga para diploma”.
Na prática, muitas vagas internacionais ainda pedem:
- Bachelor’s Degree (como requisito ou forte desejável)
- equivalente formal em tecnologia
- histórico acadêmico validado
- comprovação para processos de visto, imigração ou compliance
Isso acontece por motivos como:
- padronização global de RH
- exigências legais
- auditorias internas
- políticas de contratação
- responsabilidade sobre projetos críticos
E mesmo quando o diploma não é obrigatório, ele pesa no filtro inicial.
Em resumo:
para quem mira carreira internacional, a faculdade aumenta competitividade de forma clara.
4. Faculdade e certificações comunicam investimento na carreira
Esse ponto é essencial — e raramente alguém menciona:
Tanto diploma quanto certificações enviam uma mensagem direta:
“Eu invisto em mim mesmo.”
Empresas (e clientes!) percebem isso.
Mesmo que o conhecimento técnico venha de outras fontes, o diploma reforça:
- profissionalismo
- comprometimento
- base teórica
- disciplina
- credibilidade
Da mesma forma que um AWS Solutions Architect mostra entendimento em cloud,
uma graduação mostra consistência de longo prazo.
Isso não é tudo — mas é um diferencial claro.
5. Liderança exige muito além de código
Crescer em TI não é só aprofundar stack.
É desenvolver habilidades como:
- gestão de projetos
- gestão de pessoas
- liderança
- comunicação e influência
- negociação
- capacidade de priorização
- visão de negócio
E é aí que cursos como:
- pós-graduações
- MBAs
- cursos de liderança e gestão
- PMBOK
- comunicação assertiva
- gestão ágil
…se tornam extremamente relevantes.
Esses temas raramente são aprendidos sozinho.
E quem domina isso simplesmente avança mais rápido.
6. “Mas eu conheço gente que cresceu sem diploma!”
Sim.
Exceções existem.
E são inspiradoras.
Mas construir sua carreira apoiada em exceções é arriscado.
O mercado, no geral, segue padrões claros — e diploma, ainda hoje, continua sendo um desses padrões para determinadas trilhas profissionais.
7. Antes de perguntar “preciso de faculdade?”, pergunte: “onde eu quero chegar?”
A resposta é simples:
- Quer entrar na área? → Não precisa.
- Quer crescer até pleno/sênior? → Também não.
- Quer liderar, arquitetar, influenciar? → Ajuda muito — às vezes é requisito.
- Quer trabalhar no exterior? → Em muitos casos, é obrigatório.
- Quer competir entre os melhores? → É um diferencial forte.
Seu futuro define sua necessidade.
Conclusão
A faculdade não garante nada.
Mas dizer que “não serve pra nada” é simplificar demais uma realidade complexa.
O diploma é uma ferramenta.
Não é a única.
Mas também não é irrelevante.
E aqui vai o conselho mais prático possível:
Se puder, faça a faculdade o quanto antes — e se livre desse problema.
Se puder, faça também uma pós relevante em uma instituição decente.
Isso tira essa pendência do seu caminho e te liberta para focar nos próximos passos da sua carreira:
- evoluir tecnicamente,
- construir portfólio,
- liderar pessoas,
- desenvolver maturidade,
- conquistar oportunidades melhores,
- e abrir portas para o mercado global.
Não é sobre diploma.
É sobre onde você quer chegar —
e se você prefere remover barreiras ou criar novas.
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