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Renan Carmona
Renan Carmona

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Padrões de Arquitetura: A Ferramenta, Não a Resposta

No nosso último papo, batemos na tecla que a arquitetura de software é uma batalha. A sua bússola nessa batalha são as Características de Arquitetura— o que o sistema realmente precisa ser para o negócio. Mas uma bússola não constrói nada. Para isso, você precisa de um conjunto de ferramentas: os Padrões de Arquitetura.

Eles não são uma solução mágica, um atalho para a perfeição. São apenas esquemas prontos para resolver problemas recorrentes. Um arquiteto de verdade não segue um padrão porque ele é "da moda". Ele o usa porque sabe exatamente qual problema ele resolve e quais novos problemas ele vai criar.

A Falácia do "Um Tamanho Único"
A maior mentira que contam por aí é que existe um padrão ideal para tudo. Isso é pura ignorância. Um padrão de arquitetura é otimizado para uma coisa, e geralmente sacrifica outra.

A escolha de um padrão é, na verdade, a escolha de um conjunto de trade-offs. É a sua forma de dizer: "Eu aceito a complexidade operacional dos microsserviços para ganhar em manutenibilidade e escalabilidade." Ou: "Eu aceito a dificuldade de evoluir um monólito a longo prazo em troca da simplicidade inicial."

Monolito vs. Microsserviços: O Exemplo Clássico
Vamos parar de falar de teoria e ir para a prática. A guerra mais famosa da arquitetura é entre o Monólito e os Microsserviços.

Monólito: É a arquitetura mais simples. Tudo em uma única aplicação.

O que ele resolve: Ele é ótimo para manutenibilidade inicial, pois o código está todo em um só lugar. A disponibilidade e o custo de operação também são mais fáceis de gerenciar no começo.

O que ele sacrifica: A longo prazo, a manutenibilidade pode ir para o inferno, e a escalabilidade se torna um pesadelo. Cada pequena mudança pode exigir um deploy da aplicação inteira, e se uma parte do sistema estiver sobrecarregada, todo o resto sofre.

Microsserviços: Várias aplicações pequenas e independentes que se comunicam entre si.

O que ele resolve: Ele é a resposta para os problemas de escala e manutenibilidade do monólito. Ele permite que equipes trabalhem de forma independente e que você escale apenas as partes do sistema que precisam.

O que ele sacrifica: A complexidade explode. Você troca um problema de código por um problema de rede, segurança e operação. A disponibilidade depende de dezenas de serviços, e um único ponto de falha pode derrubar o sistema inteiro se a arquitetura não for robusta o suficiente.

O Ponto é o Contexto
O ponto principal não é se um padrão é "melhor" que o outro. O ponto é entender o contexto do seu projeto. Qual é o seu orçamento? Sua equipe é grande o suficiente para gerenciar a complexidade de múltiplos serviços? O seu negócio exige que você lance funcionalidades super rápido, ou a estabilidade é a prioridade máxima?

A arquitetura de software é a disciplina que une o que o negócio precisa com o que os padrões podem oferecer, gerando um sistema que não apenas funciona, mas que é o sistema certo para o seu negócio.

Uma má decisão de arquitetura custa tempo e dinheiro. A escolha entre Monólito e Microsserviços é a primeira e mais crucial delas. Não se deixe enganar pela moda. Nossa próxima conversa é sobre como fazer a escolha certa, minimizando riscos e maximizando a chance de sucesso. É a diferença entre construir um negócio e construir um passivo.

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