Atividades ligadas a uma senioridade elevada são intrinsecamente dependentes do tipo de empresa.
É inegável que as demandas atreladas a profissionais sêniors variam drasticamente de acordo com o contexto empresarial.
Empresas como agências e software houses, por exemplo, têm necessidades bem diferentes de startups, fintechs ou grandes corporações.
E de forma alguma estou invalidando a experiência ou fazendo juízo de valor.
Essas são apenas observações das diferenças estruturais do mercado de trabalho em computação.
Nas agências e software houses, raramente o trabalho exige conhecimento profundo em microsserviços, sistemas distribuídos, alta disponibilidade ou escalabilidade. Se você está em uma dessas empresas e tem contato com essas áreas, saiba que você é uma exceção. Afinal, nem todas as organizações possuem demandas que justifiquem tais soluções complexas.
E com isso emerge o questionamento: o sênior de uma software house é o mesmo de uma fintech ou de uma empresa extremamente corporate?
Context matters
Empresas corporativas, como grandes fintechs, trazem demandas específicas que vão além do código. Entender o impacto de regulamentações como a LGPD, termos como GMUD e saber alinhar soluções às normas legais é uma parte fundamental do trabalho. Além disso, trabalhar em sistemas distribuídos não é apenas uma questão de quebrar monólitos em diversos microsserviços. Antes de mais nada, é essencial questionar: realmente precisamos criar microsserviços?
E essa é uma linha de pensamento (não estou dizendo que exclusivamente, mas majoritariamente) que se adquire com estudo formal e tempo prático.
A junção primordial de ter feito uma boa universidade, com tempo de prática da profissão, permite fazer a análise crítica (gerada pelo pensamento crítico que se começa na universidade) juntamente com uma predição de possíveis problemas ao implementar aquela tecnologia.
E é isso que eu vejo no pessoal mais sênior com quem lidei: antes de dar um passo em direção ao abismo, cheque se está de paraquedas.
Vejo uma pancada de pessoas sempre trabalhando com atualizações e refatorações desnecessárias, sendo que o cliente sequer sabe para o que serve.
É claro, uma refatoração sempre cai bem para aumentar a DX.
Mas também é necessário respeitar os padrões da empresa, e cada empresa tem o seu. Ser sênior significa não se incomodar com isso, pois a comunidade da linguagem vai na direção X e, no seu trabalho, estão fazendo do jeito J.
E, sim, identificar e corrigir um problema de índices mal configurados no banco de dados é WAY FAR mais importante que o colaborador saber inverter uma lista binária.
Colaborar e desenvolver um design system e o desenvolvimento mesmo é uma baita atividade de sênior, PORÉM ela só é possível em empresas que suportem tais padrões (ou que tenham essa demanda).
Monitoramento é algo que cabe em quase todos os lugares. É claro que algumas ferramentas se adaptam melhor a certos contextos que outras, mas é completamente possível escrever um log tracing para onde você está trabalhando sem usar as soluções de prateleira.
Senioridade é Contextual
A senioridade não é uma questão de ferramentas ou tecnologias específicas, mas de julgamento, experiência e adaptação ao contexto. Um profissional sênior em uma software house pode não ter experiência com escalabilidade em larga escala, mas dominará outras áreas igualmente valiosas para aquele mercado. Da mesma forma, um sênior em uma fintech provavelmente estará habituado a lidar com regulações e sistemas distribuídos, mas talvez não tenha experiência com o dinamismo de uma agência criativa.
Essas diferenças enriquecem o mercado e mostram que senioridade é muito mais sobre resolver problemas reais do que sobre uma lista de habilidades ou tecnologias.
Agora, se você leu até o final, me dá uma migalha de interação aqui. Fiquei enrolando para corrigir e postar este artigo. Se tiver algo a contribuir, deixa nos comentários. Sempre é bom estimular uma discussão saudável.
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