Nestes mais de 30 anos de existência do kernel Linux, muita coisa aconteceu. Tivemos algumas revoluções que talvez não foram notadas mas que tiveram sua importância.
Por muito anos o MS Windows é o sistema operacional mais utilizado no geral, porém podemos observar comportamentos diferentes em determinadas áreas. Servidores Web desde meados da década de 1990 rodam em sua grande maioria o GNU/Linux. Com a "revolução" da arquitetura de microsserviços e o advento da "containeirização", mais ainda que o GNU/Linux se fortaleceu como sistema operacional para esta finalidade, por suas qualidades, segurança e também por ser um sistema operacional livre e opensource. Mesmo o MacOS ganhou uma fatia do mercado de desktops nestes últimos tempos, mas o que mais tenho visto são desenvolvedores rodando o sistema operacional GNU/Linux.
No desktop o GNU/Linux também evoluiu muito desde seu desenvolvimento inicial. De bons anos pra cá instalar um GNU/Linux é tão simples e intuitivo quanto instalar um MS Windows e o GNU/Linux tem à disposição muitas ferramentas, inclusive de console, que trazem muitas vantagens e produtividade às pessoas desenvolvedoras que optam por ter este sistema operacional como seu sistema padrão de uso diário. Outro ponto super positivo que considero para o GNU/Linux é a liberdade que você tem de deixar o sistema operacional dá forma que melhor lhe convém. Se você prefere o Gnome pode usa-lo, se prefere o KDE, XFCE, Mate, também pode. Se você se adapta melhor ao Bash, ok, se prefere o KSH ou o ZSH, tudo bem também, se usa o sistema de particionamento de disco Ext4, legal, se gosta mais do ZFS, JFS ou ReiserFS, perfeito, ou seja, você consegue customizar da melhor forma pra ti.
Bem, existem muitos sabores de GNU/Linux e vira e mexe aparece algum novo, bem como deixa de existir outro. Isso aconteceu muito ao longo destes mais de 30 anos. Fato é que algumas distribuições permanecem firmes e fortes desde o inicio, outras mudaram o leme do navio. No momento da escrita deste artigo eu gostaria de citar algumas distros que considero muito boas e que vejo um fortalecimento grande no mercado, são elas: Debian, Ubuntu, Redhat/Fedora e Oracle. Vamos dar uma repassada em cada uma delas para que você leitor possa traçar um plano de escolha coerente com a sua realidade.
Debian
Uma das mais antigas distribuições GNU/Linux ainda em atividade, juntamente a Redhat. A Debian é uma distro de muita importância visto que ela é base para muitas distros que vieram depois, tal como o Ubuntu. A Debian com o kernel Linux (existe também a opção de rodar com kernel Hurd, FreeBSD e NetBSD, que não são Linux) está disponível para 9 arquiteturas oficiais, sendo atualmente a AMD64 a principal, mas também disponível para ARM, PowerPC, etc. Ela conta com mais de 59000 pacotes disponíveis na versão stable, sendo que praticamente qualquer software livre e opensource já está empacotado para instalação e uso com o Debian de forma muito fácil a um simples comando apt-get install. Uma característica muito marcante da Debian é que ela não tem uma empresa por trás, a Debian é gerida pela comunidade, porém de forma super organizada, inclusive tendo eleições para quem irá comandar os rumos da distro em cada período, outra característica importante é que a distro prima pela segurança. A Debian tem sempre 3 versões em linha: stable, testing e unstable. Stable é a versão estável, que tem os pacotes mais seguros (e por vezes mais antigos). Para instalação num servidor esta é a versão mais indicada. A segunda é a Testing, que traz os pacotes mais novos e talvez essa seja uma boa escolha pra executar num desktop justamente por ter pacotes mais atuais e por fim a unstable que é uma versão que pode estar completamente quebrada pois é justamente nesta que os pacotes entram primeiro para serem incluídos na Debian. Enfim, a Debian tem grande utilização em servidores e no meio acadêmico, mas também em desktops.
Ubuntu
Ubuntu utiliza a Debian como base, daí vem os pacotes .deb e o gerenciador apt, ou seja, funciona de forma muito semelhante ao Debian. O Ubuntu tem a empresa Canonical como sua gestora. Quando o Ubuntu chegou ao mercado no começo dos anos 2000, causou grande alvoroço pois ela trouxe grande facilidade no processo de instalação e uso no desktop. Ganhou muitos fãs e hoje em dia tem inclusive, distribuição em novos computadores Dell (isso também é encontrado no Brasil). Assim como o Ubuntu e outras distros que utilizam o Debian como base, existem distros que utilizam o Ubuntu como base. Repare como as ramificações são criadas. O Ubuntu tem um ciclo de desenvolvimento definido, as versões LTS (Long-Term Support) são disponibilizadas a cada 2 anos e com suporte e atualizações de segurança por 5 anos, mas também conta com versões intermediárias que são lançadas a cada 6 meses.
Redhat/Fedora
A Redhat também é uma distro dos primórdios do Linux, diferentemente da Debian, a Redhat sempre foi uma distro comercial, com uma empresa gerindo a distro. Sempre a Redhat foi muito bem vista no mundo corporativo e chegou um momento em que ela se firmou neste mercado com o Redhat Enterprise Linux (RHEL) com uma distro voltada ao mercado corporativo, fornecendo um suporte amplo. Neste ponto da história, quando a Redhat optou por seguir exclusivamente com o mercado corporativo, ela criou um "galho" onde ela suportou, chamado Fedora. Tocado pela comunidade, apoiado pela Redhat e este voltado ao público em geral. Assim como Debian e Ubuntu, a Redhat/Fedora também são base para outras distros Linux. Aqui o padrão de empacotamento de pacotes é o .rpm, cujo sistema tem as mesmas facilidades do .deb. Desde uns bons anos a Redhat foi adquirida pela IBM, mas a Redhat continua seguindo seus caminhos e inovando, como sempre.
Oracle
A Oracle que é uma empresa super conhecida mundialmente pelo seu sistema gerenciador de bancos de dados (SGBD) de mesmo nome da empresa e ainda pelo Java, também em um momento da história decidiu ter a sua distribuição Linux. O Oracle Linux é baseado no Redhat Enterprise Linux, portanto segue o padrão de empacotamento .rpm. Também é visto com bons olhos no mercado corporativo e é a distro padrão em sua nuvem Oracle Cloud.
Curiosidade
Porque GNU/Linux e não apenas Linux? Linux é o kernel do sistema operacional, uma parte fundamental, mas um sistema operacional precisa de muitas outras peças de software e o que temos nas distribuições GNU/Linux são o kernel Linux e as outras peças que foram desenvolvidas pelo projeto GNU, portanto é bastante justo citar também o nome deles, que entregaram tanto para que pudessemos ter este sistema operacional.
Veredito
A escolha de uma distribuição Linux para utilização pelos desenvolvedores se dá muito pelo conhecimento de cada um e por se sentir confortável com seu uso no dia-a-dia. Fato é que as distros Linux vem ano a ano ganhando a confiança e a preferência da comunidade Dev.
Em minha opinião estas distros apresentadas neste artigo são excelentes escolhas para uso no desenvolvimento de software e como citei o leitor poderá customiza-las conforme sua necessidade. Se você ainda não usa GNU/Linux na sua máquina para desenvolvimento, acho que é um bom momento para dar essa chance e se surpreender com a qualidade deste sistema operacional e das ferramentas disponíveis para utilização nele.
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