Sistemas de recompensa, comportamento viciante e design ético
Você já se pegou rolando a timeline sem nem perceber?
Começou só “dando uma olhada” e, quando viu, se passaram 20 minutos?
Isso não é acaso.
É design — mais especificamente, design de recompensa neural.
🎯 O que é o scroll infinito?
O scroll infinito é um padrão de interface onde o conteúdo carrega continuamente à medida que o usuário rola a página.
Muito usado em redes sociais, feeds de notícia e marketplaces.
É conveniente.
Mas também é viciante. E tem explicação científica.
🧠 Dopamina: o combustível do vício
A dopamina é um neurotransmissor ligado ao prazer, motivação e recompensa.
Toda vez que você:
- Vê algo interessante no feed
- Recebe uma notificação
- Encontra uma imagem impactante
Seu cérebro libera dopamina — e você quer mais.
Esse ciclo de recompensa intermitente é parecido com o que acontece em cassinos.
Você rola, rola, rola… e de vez em quando, BINGO! Algo legal aparece.
🧪 Estudos sobre isso
📚 O psicólogo B.F. Skinner estudou esse tipo de comportamento nos anos 1950.
Ele mostrou que recompensas imprevisíveis (como um bom post aleatório no feed) são muito mais eficazes para gerar repetição de comportamento do que recompensas constantes.
Designers de produtos modernos entenderam isso muito bem.
⚠️ O lado sombrio: vício por design
Essa mecânica, quando mal utilizada, pode levar a:
- Redução da atenção
- Aumento da ansiedade
- Sentimento de exaustão
- Comportamento compulsivo
É o que chamamos de "dark UX": usar a psicologia contra o usuário, e não a favor.
💡 Design ético: usar com responsabilidade
Scroll infinito pode ser útil, mas exige cuidado.
Se você está criando uma interface com essa técnica, pense em:
- Limites visuais: indicar quando o conteúdo vai acabar
- Sinais de progresso: mostrar quantos itens foram exibidos
- Pausas naturais: botões de “carregar mais” ou blocos com separadores
- Opção de marcar como lido ou “voltar depois”
O poder está nas suas mãos. Use bem.
🔚 Conclusão
Scroll infinito é um exemplo perfeito de como interfaces conversam com o cérebro — e moldam o comportamento.
Você está projetando para entreter, informar ou prender?
🧠 Este é o post 4 da série Neurointerfaces: como o design conversa com o cérebro humano.
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