Nos últimos dias surgem debates intensos sobre o impacto da inteligência artificial (IA) no mercado de trabalho.
Ao ler uma reportagem da Fortune e em análises de pesquisadores da Anthropic, vejo que agora sim há alerta para um futuro potencialmente sombrio para os empregos de nível inicial, especialmente um setor bem concorrido no Brasil.
Dario Amodei, CEO da Anthropic, levantou questões cruciais sobre automação, mobilidade social e as medidas necessárias para mitigar uma crise iminente.
Um Década "Bastante Terrível" à Frente
Uma manchete da revista Fortune cita pesquisadores da Anthropic, como Sholto Douglas e Trenton Bricken, prevendo uma "década bastante terrível" devido à automação em massa de empregos de nível inicial. A ideia central é que os sistemas de IA atuais, quando combinados com os dados certos, já são capazes de realizar eficientemente tarefas padronizadas em áreas como contabilidade, recursos humanos e atendimento ao cliente.
O primeiro sinal dessa transformação já é visível: empresas não estão mais substituindo funcionários demitidos, mas optando por automatizar silenciosamente esses papéis.
Dario Amodei, conhecido por sua visão franca sobre os desafios da IA, reforça esse alerta. Segundo ele, até 50% dos empregos de entrada podem desaparecer nos próximos cinco anos, potencialmente levando a taxas de desemprego de até 20%.
Essa previsão é corroborada por dados recentes, como o relatório do Fórum Econômico Mundial de 2025, que indica que 40% dos empregadores planejam reduzir suas equipes onde a IA pode automatizar tarefas.
Além disso, uma pesquisa da CNN Business destaca que o novo modelo Claude 4, lançado pela Anthropic na semana passada, pode operar de forma independente por quase sete horas, ampliando as preocupações sobre a velocidade da automação.
Mudanças Abruptas e Consequências Sociais
Diferente de uma transição gradual, a automação ocorrerá em saltos. Assim que uma empresa perceber que a IA pode realizar tarefas de forma mais eficiente, ela reduzirá sua força de trabalho em vez de expandi-la.
Esse processo, segundo Amodei, ameaça especialmente o primeiro terço da carreira profissional — os empregos onde jovens aprendem, cometem erros e constroem redes de contatos. A perda desses papéis pode colapsar a mobilidade social, um pilar das sociedades liberais que promete progresso para aqueles que trabalham duro.
Os impactos sociais são profundos na visão de Amodei, e enfatiza que sem iniciativas governamentais como redistribuição de renda - o que eu não concordo, sem programas massivos de educação ou a criação de novas formas de emprego, ele prevê uma crise social genuína.
Dados da Socius revelam que 14% dos trabalhadores já enfrentaram deslocamento de empregos devido à IA, um número que pode crescer exponencialmente se medidas não forem tomadas.
Além disso, o momento é delicado e com muitas empresas sob pressão econômica, gera um fenômeno que acelera a adoção de IA para maximizar a eficiência.
Uma Era de Abundância ou Desigualdade?
Apesar do tom alarmante do Amodei - CEO da Anthropic, vejo um raio de esperança nisso.
Amodei fala de uma possível "era de abundância", onde os benefícios da IA poderiam ser amplamente distribuídos.
Para alcançar esse cenário, porém, seriam necessárias reformas significativas.
Uma proposta mencionada é a criação de um "imposto de token" — uma taxação sobre os lucros da IA — para financiar bem-estar social.
Acho bulshitagem, mas sempre vai ter quem apoie mais impostos para uma sociedade.
Além disso, Amodei sugere um novo contrato social que não dependa exclusivamente do emprego como forma de participação na sociedade como essencial.
Essa ideia ressoa com debates atuais. A Axios reportou em maio de 2025 que Amodei propôs um Índice Econômico Anthropic para monitorar o uso da IA em ocupações, incentivando outras empresas a compartilharem dados e ajudando formuladores de políticas a entenderem o impacto.
Propostas de tributação da IA, como o "token tax", ganham força como uma maneira de redistribuir a riqueza gerada pela automação, evitando uma concentração ainda maior de recursos.
Reações e Perspectivas Divergentes
Uns concordam com Amodei, mas alertam que, enquanto os mercados de ações podem continuar subindo devido à produtividade impulsionada por IA, stresses sociais — como aumento da criminalidade e agitação civil — podem surgir. Por outro, vemos que é carregada de narrativa a fala de Amodei, sugerindo que a IA oferece oportunidades para desenvolver novas habilidades e criar empregos inovadores, em vez de apenas destruir os existentes.
Essa divisão reflete um debate mais amplo. Enquanto alguns pessoas veem a IA como uma ameaça iminente, outros equilibram o alerta com a possibilidade de um futuro positivo, desde que ações proativas sejam tomadas.
A pesquisa do Fórum Econômico Mundial também aponta que, apesar da perda de 9 milhões de empregos, a tecnologia pode criar 11 milhões de novas vagas — um equilíbrio que dependerá da adaptação da força de trabalho.
Referências:
Axios: "AI jobs danger: Sleepwalking into a white-collar bloodbath" (28/05/2025)
CNN Business: Relato sobre o lançamento do Claude 4 (junho 2025)
Fórum Econômico Mundial: Relatório Futuro dos Empregos 2025
Socius: Dados sobre deslocamento de empregos por IA (2025)
Top comments (0)