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Higor Silva
Higor Silva

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Nossos dispositivos nunca serão o suficiente

Ano após ano, semestre após semestre, somos apresentados a um mundo novo. Apple, Samsung, Xiaomi e outros fazem de seus dispositivos um verdadeiro evento. Um espetáculo, sempre acompanhado de artistas e celebridades para o anúncio de um novo smartphone. Câmeras quíntuplas, sensores de cor, de profundidade e aproximação de altíssima performance, possibilidade de gravação de vídeos em 8K60FPS, quantidade de RAM maior que muitos notebooks e desktops intermediários, processamento beirando 3, 4Ghz. Mas vem uma questão: Isso realmente é necessário?

Evento de lançamento do Samsung Galaxy Note 8

Essa é uma pergunta muito complexa, e se me permite um spoiler, aqui vai: Não sei responder. O intuito não é cagar regra sobre suas escolhas, mas apenas fazer você refletir.

Aqui tomei como exemplo os smartphones pois são algo que nunca sairão de moda, na minha visão. Há uma estimativa de 6.64 bilhões de smartphones no mundo em 2021 e a cada ano esse número apenas aumenta. Isso equivale hoje (2022) 83,72% da população mundial, para se ter uma ideia.

Smartphones — ou como ouvi de um professor: “Nossas próteses digitais”.

Mas, voltando à pergunta principal: Por que você precisa de um processador de última linha, desempenho altíssimo, gigas e gigas de memória RAM se você apenas usa redes sociais? É realmente necessário você ter o último top de linha do ano?

Em uma estimativa publicada no BBC, os brasileiros passaram cerca de 1/3 de suas horas acordadas usando o smartphone. Isso equivale a aproximadamente cinco horas e meia, todos os dias, na frente de uma tela pequena. Se me permite ser um pouco boomer, porquê não passarmos essas horas (ou parte delas) com nossos amigos, familiares ou com outros lazeres?

Do ponto de vista comercial e tecnológico, “a tela grande está lentamente morrendo, enquanto o celular continua a quebrar recordes em todas as categorias — tempo gasto, downloads e receita (gerada)”, afirmou o executivo-chefe da App Annie, Theodore Krantz

O ser humano é um ser competitivo. Se há uma opção melhor, é muito provável que ele irá atrás dela. As empresas sabem disso, por isso o lançamento anual do mesmo smartphone mas com umas melhorias aqui e ali. No fim das contas, usamos nosso dispositivos para os mesmos fins. Gastar R$6k em algo que você usa apenas 10% da capacidade total dele não faz sentido.

Evolução das câmeras do iPhone

As empresas sabem disso, por isso o motivo de marketing girar em torno de eventos; por que, vamos combinar, você ter um aparelho que foi lançado por um artista que você admira muito é bem diferente (e você se sente melhor) do que apenas ir numa loja e pegar um mais em conta.

Um lembrete: Não estou demonizando dispositivos tecnológicos, nem nada do tipo. Se você é fotógrafo, programador, ou editor de vídeo e usa seu smartphone para esses fins profissionalmente, esse artigo não é para você. Devemos separar o que é consumismo de investimento.

De todo modo, você pode ter uma opinião distinta. O consumismo está dominando nossa mente e nossa vida, fazendo com que gastemos muito mais do que realmente importa nas nossas vidas. Infelizmente muita gente ainda não tem controle financeiro e isso acaba prejudicando sua saúde mental, sempre em estado de comparação e querer sempre o melhor, não importa o quanto isso custe.

Abraços e se cuidem.

originalmente escrito em março de 2022

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