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Julia  Maschion
Julia Maschion

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Como me tornei desenvolvedora Front End

Senta que lá vem história… Nesse texto contarei muitas coisinhas da minha trajetória profissional que não é tão longa assim, da minha vida pessoal e de todo o meu passado em relação ao que eu queria ser.

Durante bons anos da minha vida, em 2007 acredito, eu queria cursar Letras. Meu sonho era ser tradutora naquelas reuniões importantes da ONU, algo assim. Mas não de inglês, nem espanhol, eu queria ser tradutora de japonês. Desde criança eu me identificava muito com a cultura japonesa e com uns 12 anos entrei em uma escola de bairro, bem tradicional e estudei japonês por uns 3 a 4 anos.

Depois em 2011, entrei no ensino técnico de Vestuário no SENAI e eu não tinha mais tempo pro japonês, comecei a fazer aos sábados, mas já não conseguia ir e acabei saindo pra focar no técnico + colégio.
Nisso eu cogitei trabalhar como modelista, mas a ideia não durou muito e fiz 1 ano e 6 meses do curso. Faltando 6 meses pra me formar eu desisti. Aprendi a costurar, fazer moldes, desenhar roupas, gestão de pessoas, moulage e foi bem legal a experiência.

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Em 2013 entrei no cursinho e estava na cabeça que queria Letras na USP. Você pode pensar "nossa ela entrou no cursinho pra prestar Letras?", pois é, você não imagina a dificuldade que eu tinha com matemática, eu não passaria nem em Letras, mesmo sendo um curso com poucos inscritos. Porém, teve um dia no cursinho que fiquei para estudar e eu estava numa sala e do meu lado tinha algumas revistas "Guia do Estudante". Peguei uma revista e fiquei vendo sobre várias profissões. Você deve estar pensando que foi aí que eu vi sobre Tecnologia. Mas não.

Quando eu bati o olho em "Relações Públicas" e li que lidava com idiomas, eventos (poderia mexer com fotografia também ❤) e comunicação, foi amor a primeira vista! Eu amava tudo isso que a profissão pedia e eu enfiei na cabeça que eu queria Relações Públicas.
Mas a vida não é justa, não é mesmo? Eu me importava em ter uma faculdade de nome e queria a Cásper Libero, que era só R$1500 no mês. Mas eu não tinha passado em uma faculdade pública e não tinha grana.

2013 foi um ano tão horrível para mim, que mal lembro das coisas que aconteceram nesse ano, e olha que minha memória é muito boa. Mas é como se tivesse uma nuvem em cima e eu não enxergasse nada. Não lembro quase nada da época do cursinho, foi terrível.
Em 2014 eu comecei a trabalhar na lavanderia da mãe de uma amiga. Eu ficava na recepção e foi meu primeiro emprego na vida. Foi lá que eu vi a inscrição pro vestibular da FATEC em Gestão Empresarial. E como era um curso amplo e uma faculdade com nome, eu me inscrevi. Minha ideia era começar a trabalhar com a faculdade de Gestão Empresarial e tentar ir pra área que eu queria, pagando pós algo assim. Esse era meu pensamento na época. Em Março de 2015 comecei e trabalhar no administrativo do restaurante de um amigo.

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E foi em Agosto de 2015 que recebi uma proposta de estágio em um multinacional muito boa. Aquilo me deixou muito feliz!
Durante o estágio eu sempre comentava que queria ir pra área de comunicação, ainda queria Relações Públicas, mas também me brilhava os olhos Marketing Digital. Eu estava na área de TI, mais especificamente com projetos de TI, mas trabalhava com SAP e foi um trabalho bem operacional.

Nessa época eu tentei ir para marketing digital, mas o gerente da área não aceitou, por que eu só tomei coragem pra falar que queria mudar de área quando eu já tinha 1 ano de estágio. E ele queria alguém que ficasse 2 anos… Eu gostava muito de lá, mas na real eu estava acomodada por que a empresa era boa, mas não tinha nada a ver comigo e eu nem gostava do que eu fazia lá. Na minha entrevista já tinham avisado que efetivação era bem raro. Dito e feito, acabou em Agosto 2017 o estágio, pé na bunda, tchau e bença.
Foi aí que começou o sofrimento, que para mim foi um divisor de águas.

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Já tinha passado 1 mês e nada de emprego, 2 meses e nada, 3 meses e nada, 4 meses e nada, 5 meses e nada, 6, 7, 8…Começava a me questionar, poxa tenho inglês, faculdade boa, estágio em empresa boa…O que falta? Comecei a procurar vagas em Marketing Digital e via que pedia SEO, HTML, CSS… Que diabos era isso? Conversei com um amigo que trabalhava na área, tirei um certificado de Google Adwords, estudava sobre Analytics e fui atrás de uma bolsa no curso do SENAC de HTML, CSS e Javascript, que eu nem sabia o que era.

O curso ia começar no final de Março de 2018, era aos sábados e ia até o final de Maio. E em Março de 2018 arrumei um emprego. Mas o emprego era tão terrível que assinei a proposta sentindo que estava assinando minha morte. Mas eu queria trabalhar! E trabalhei. Durante 1 mês fazendo CTRL + C e CTRL + V o dia inteiro. Aproveitava pra ouvir podcasts sobre tecnologia. O curso já tinha começado e eu estava curtindo demais! Foi nesse curso que comecei a ver o mundo front-end, mas nem sabia ainda desse nome: "Front-end".

Bom, no dia 22 de abril de 2018, eu tive um acidente e quebrei a clavícula. Tive que me afastar do trabalho e faltar muito no curso. :(
Mas foi graças a esse acidente que eu pensei mais na vida e na época eu soube da inscrição do bootcamp Reprograma pelo meu namorado, que já tinha me mostrado antes até, mas ainda não estava com inscrições abertas.
A Reprograma é um curso intensivo para mulheres que queriam entrar na área de tecnologia para virarem desenvolvedoras Front-End. A inscrição era dia 27 de junho, se não me engano. Esperei ansiosamente.
Voltei para o trabalho no dia 23 de Junho e pedi demissão no dia que abriu a inscrição para a Reprograma, dia 27. ❤
Eu saí daquele lugar tão aliviada, tão feliz, batia o vento no meu cabelo eu estava como num filme. Só faltava tocar a música Journey — Don’t Stop Believin’ kkkkkk…

image de uma cachorrinha pegando metrô com as orelhinhas voando, dando sensação de liberdade

Bom, enviei um vídeo, fiz uma entrevista e uma provinha e fui uma das 30 selecionadas de 300 mulheres que se inscreveram. Foi um puta de um privilégio participar disso e mudou muito a minha vida!
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Pois é, e foi assim que me tornei desenvolvedora. E foram os incríveis 5 meses da minha vida estudando conteúdos para entrar na área. E em Fevereiro de 2019, comecei a jornada oficialmente!!! ❤ ❤

Tudo que aconteceu na minha vida foi se encaixando para chegar aqui, por mais que eu tenha passado por momentos que foram tristes para mim, eu sei que cada acontecimento estava sendo construído para hoje. Podia ter sido antes? Podia ter sido mais rápido? Talvez, mas tudo tem um motivo e acredito fortemente nisso.

Eu era "de humanas", distraída, com dificuldade em exatas, e é super possível com amor e dedicação aprender coisas diferentes e que sejam desafiadoras.

Então se você está lendo esse texto e acha que não serve pra área por que "é de humanas", rótulo idiota que criaram, não desanime, por que eu sou de "humanas", sou de "exatas", sou de "artes" e principalmente sou de "brisas", por que eu "briso" bastante e falo várias merdas! hahahahah…. Viva a espontaneidade!! Seja quem você quiser, sem medo de rótulos ;)

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