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Filipi Firmino
Filipi Firmino

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Mentores que não codam: dá pra confiar ou é cilada, Bino?

Sabe aquele mentor famosinho no LinkedIn que fala bonito sobre carreira dev, mas que nunca mostrou um git log ou um for na vida? Pois é… esse artigo é pra você que já se pegou pensando: "Será que eu devo ouvir alguém que não escreve código?"

Bora conversar sobre isso sem alfinetada gratuita, mas com umas verdades que talvez incomodem -um pouquinho só, prometo.


“Na minha época, isso tudo era mato...” — a sabedoria ou a enrolação?

Mentoria é um negócio mágico. Ter alguém que te guia, te mostra caminhos, evita que você caia em armadilhas... é como ter um GPS emocional e técnico na jornada. Mas, como todo bom GPS, ele precisa estar atualizado.

E aí começa o dilema: se o mentor não mexe mais com código, será que ele ainda entende os desafios reais de hoje? Tipo, como explicar burnout por causa de 34 deploys por semana se a pessoa nunca usou GitHub Actions ou enfrentou um Jira caótico às 17h de sexta?

A comparação é cruel, eu sei. Mas ela é necessária.


Nem todo mentor precisa ser um “coder ninja” (mas ajuda bastante)

Calma, respira. Não tô dizendo que só vale escutar quem tá com o VS Code aberto 24h por dia. Longe disso. Conhecimento teórico, vivência em outras áreas, visão de negócios... tudo isso é valiosíssimo.

Mas sejamos sinceros: quando o mentor nunca passou por nada parecido com o que você vive hoje, o risco de virar conselho genérico disfarçado de sabedoria é altíssimo.

É tipo pedir dica de arquitetura de microsserviços pra quem parou no monolito do Delphi. Pode vir algo útil? Até pode. Mas não seria mais prático (e seguro) conversar com alguém que realmente vive isso?


O que realmente importa num mentor?

Mais do que saber programar (embora isso seja ótimo), um bom mentor precisa:

  • Ter empatia de contexto: entender o que você tá passando hoje, e não só o que ele passou há 10 anos.
  • Compartilhar experiências com vulnerabilidade: não é só contar vitórias, é mostrar os tombos também.
  • Estar em aprendizado constante: o mentor que estagnou vira estátua, não guia.
  • Saber ouvir mais do que falar: porque às vezes, o melhor conselho é só fazer a pergunta certa.

Ah, e se ele ainda codar de vez em quando, aí é bônus nível épico.


A real: mentor bom não precisa saber tudo — só precisa estar disposto a caminhar com você

No fim do dia, o código muda, as ferramentas evoluem, mas os dilemas continuam os mesmos: insegurança, medo de não dar conta, decisões difíceis, síndrome do impostor, burnout, pressão.

Um mentor não serve só pra te ensinar a usar async/await, mas pra te lembrar que tá tudo bem se hoje você só conseguiu abrir o editor e tomar um café. Que todo mundo tem fases. E que crescimento de verdade vem mais de conversa sincera do que de fórmulas mágicas.


Conclusão que vale ouro (sem depender de pull request)

Confie em mentores que se importam com você como pessoa, não só como um “júnior querendo chegar lá”.

Desconfie de quem nunca mostra o bastidor, mas vive dando palestra sobre “ser sênior em 6 meses”.

E mais importante: seja também o mentor que você gostaria de ter tido.

O mercado precisa de menos palestrinha e mais gente de verdade.


P.S.: Tem algum mentor que te ajudou mesmo sem codar todos os dias? Manda esse artigo pra ele com um “valeu!” no assunto. Reconhecimento também é prática sênior 😉

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