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Gildo Junior
Gildo Junior

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đŸ§Œ Clean Architecture: o que Ă© e por que tantos devs falam disso?

No dia a dia como desenvolvedor, vocĂȘ provavelmente jĂĄ esbarrou em projetos que usam essa queridinha que se popularizou entre os design patterns modernos. PorĂ©m, especialmente se vocĂȘ ainda Ă© um jĂșnior cheio de sonhos — ou se ainda nĂŁo entende muito bem do que se trata — Ă© bem possĂ­vel que esteja aplicando essa arquitetura no dia a dia sem saber exatamente por que estĂĄ fazendo isso ou sequer saber que esta fazendo isso.

Neste artigo, quero te explicar de forma simples o que Ă© Clean Architecture, por que ela tem sido tĂŁo comentada, e como ela pode mudar o jeito como vocĂȘ enxerga a arquitetura de software — independentemente do seu nĂ­vel de experiĂȘncia.


đŸšȘ A porta de entrada: o problema que ela tenta resolver

Vamos imaginar que vocĂȘ estĂĄ construindo uma casa.

VocĂȘ começa pelas paredes? Pelo telhado? Pela pintura?

Claro que nĂŁo. VocĂȘ começa pela estrutura, pela fundação. É isso que garante que, mesmo que vocĂȘ troque o telhado ou pinte as paredes depois, a casa continue firme.

Com sistemas de software, a lĂłgica Ă© a mesma: Clean Architecture Ă© uma forma de organizar seu sistema pensando em estrutura sĂłlida, separando bem cada responsabilidade.


🧠 A ideia central (bem simples mesmo)

A proposta da Clean Architecture Ă© a seguinte:

Coloque as regras de negócio no centro do sistema. E mantenha os detalhes — como banco de dados, APIs e interfaces gráficas — nas “bordas”.

Por quĂȘ?

Porque os detalhes mudam. O que seu sistema faz (suas regras) Ă© o que realmente importa e deveria durar mais.


🎯 Um exemplo para ilustrar

Imagine que vocĂȘ estĂĄ criando um sistema para enviar pedidos.

Sem Clean Architecture:

  • A tela do sistema sabe como montar o pedido.
  • A tela sabe como salvar no banco.
  • A tela sabe como enviar e-mail de confirmação.

Se vocĂȘ mudar o banco de dados ou o jeito de enviar o e-mail
 tudo quebra.

Com Clean Architecture:

  • A lĂłgica de criar um pedido estĂĄ isolada numa parte central do sistema.
  • A tela sĂł pede para criar o pedido.
  • A lĂłgica decide o que fazer, e chama interfaces genĂ©ricas para banco ou e-mail.
  • Se o banco mudar? Sem problemas, vocĂȘ sĂł troca a peça.

Pense como LEGO: cada parte encaixa sem depender da cor ou do tamanho das outras. O sistema vira um conjunto de blocos bem separados.


đŸ—ïž Como ela organiza o sistema?

De forma visual, funciona mais ou menos assim:

Clean Architeture Flow Graph

A direção Ă© sempre de fora para dentro quando o sistema Ă© chamado — mas as dependĂȘncias no cĂłdigo vĂŁo de dentro para fora. Ou seja: o centro nunca depende das bordas.


💡 Por que usar isso?

Alguns dos benefĂ­cios mais comuns:

✅ Seu sistema fica mais fácil de manter

✅ VocĂȘ consegue testar regras de negĂłcio sem depender de banco ou APIs

✅ Mudanças de tecnologia (tipo trocar o banco de dados) afetam só uma parte do sistema

✅ Seu cĂłdigo tem uma vida Ăștil maior


đŸ§Œ Mas
 Clean Architecture vale pra tudo?

Vendo todos esses benefĂ­cios, vocĂȘ jĂĄ deve estar querendo implementar, no seu prĂłximo projeto, esse poderoso recurso para deixĂĄ-lo o mais “clean” possĂ­vel.

Porém, serå que ela vale para todo tipo de projeto?

A resposta honesta Ă©: nĂŁo necessariamente.

Por mais que Clean Architecture seja uma abordagem poderosa, ela não é a solução ideal para todo tipo de projeto. Ela exige mais estrutura, mais organização, e até um certo investimento inicial de tempo e disciplina. Por isso, antes de aplicar, vale refletir:


❌ Quando Clean Architecture pode ser exagero

Se vocĂȘ estĂĄ desenvolvendo algo simples, pontual ou de vida curta — como um script de automação, uma prova de conceito rĂĄpida, ou atĂ© um microserviço isolado com lĂłgica trivial — talvez nĂŁo precise da estrutura completa da Clean Architecture.

Imagine isso:

VocĂȘ vai rodar um script que lĂȘ um CSV e grava no banco de dados. Ele serĂĄ usado uma vez e depois descartado. Criar camadas, interfaces, abstraçÔes e casos de uso sĂł vai tornar o cĂłdigo mais longo, sem entregar valor real.

Nesses casos, quanto mais direto, melhor, ou seja*, menos Ă© mais.*


✅ Quando Clean Architecture faz todo o sentido

Agora, se o que vocĂȘ estĂĄ construindo Ă© uma aplicação que:

  • Vai crescer com o tempo
  • Vai passar pelas mĂŁos de vĂĄrias pessoas
  • Vai lidar com regras de negĂłcio complexas
  • Vai precisar de testes confiĂĄveis
  • Vai ter mĂșltiplas formas de uso (web, mobile, API)


então aplicar Clean Architecture pode ser a decisão que vai salvar o projeto no futuro.

Ela permite que a lógica de negócio seja independente de ferramentas e frameworks, facilitando mudanças, manutenção, reuso e testes. Ou seja, torna seu sistema mais sustentåvel.


🎯 O ponto de equilíbrio

A Clean Architecture não precisa ser um “pacote fechado” aplicado em 100% do sistema desde o primeiro dia.

VocĂȘ pode (e deve) começar aos poucos, isolando partes crĂ­ticas, desacoplando regras, separando responsabilidades.

Afinal, nem todo código precisa ser “clean” —

mas todo cĂłdigo que pretende durar merece uma boa estrutura.


✍ ConclusĂŁo

Clean Architecture Ă©, no fim das contas, uma maneira de pensar. NĂŁo Ă© sobre usar a linguagem certa ou o framework da moda. É sobre proteger o que realmente importa no seu sistema: as regras e a lĂłgica de negĂłcio.

VocĂȘ nĂŁo precisa aplicar tudo de uma vez. Pode começar pequeno: separar uma parte da lĂłgica, usar uma interface no lugar de um acesso direto ao banco, ou isolar uma regra num arquivo prĂłprio. Com o tempo, a estrutura evolui — limpa, clara e sustentĂĄvel.


Se esse artigo fez sentido pra vocĂȘ, deixa um comentĂĄrio! Estou sempre aberto para trocar ideias sobre arquitetura, boas prĂĄticas e formas mais humanas de construir software. 🚀

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