Nos últimos dias, assisti a uma live sobre inteligência artificial com Mano Deivyn, Lucas Montano e Fábio Akita. Dentre os muitos temas discutidos, um me chamou a atenção de forma especial: AGI.
Mas o que é AGI?
AGI é a sigla para Artificial General Intelligence, ou Inteligência Artificial Geral.
Diferente da IA que usamos hoje — como GPT-4, Gemini e Claude — que são modelos especializados (chamados de LLMs), a AGI seria capaz de aprender qualquer tarefa intelectual que um ser humano também conseguiria aprender.
Talvez você pense:
“Mas o ChatGPT já faz poema, sabe desenhar…”
Sim. Mas isso não significa que ele entende o que está fazendo.
Uma LLM apenas reproduz padrões. Ela não cria com intenção. Não expressa sentimento. Não compreende significado. Ela responde.
AGI vai muito além disso!
A AGI seria uma entidade que:
- Aprende a aprender
- Raciocina
- Adapta-se
- Cria estratégias
- Toma decisões baseadas em objetivos próprios
- Se auto-aperfeiçoa continuamente
Seria, em teoria, uma inteligência capaz de se desenvolver até alcançar algo próximo de uma superinteligência.
E aí começa a preocupação: Se ela é mais inteligente que a gente, quem estará no controle?
“Mas já estamos perto disso?”
Depende de quem responde.
- Um pesquisador sério provavelmente diria: “Não sabemos. Pode demorar décadas, séculos, ou nunca acontecer.”
- Já um investidor do Vale do Silício provavelmente está tentando patentear um bebê com chip neural.
A verdade é que ainda não temos AGI. O que temos hoje são sistemas excelentes em tarefas específicas — a chamada IA estreita (Narrow AI).
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Eles parecem inteligentes. Mas não são._
A grande confusão: IA ≠ consciência
As LLMs não entendem. Elas correlacionam. Não pensam. Elas respondem. Não têm intenção. Elas completam.
Mesmo técnicas como a RAG (Retrieval-Augmented Generation), que enriquecem as respostas com dados externos, não dão consciência ao modelo. Só melhoram a ilusão.
Então por que tanto alarde?
Porque, se a AGI for inventada, ela pode mudar tudo:
Mais do que a internet. Mais do que a eletricidade. Mais do que o fogo.
Se criarmos uma inteligência capaz de melhorar a si mesma infinitamente, entramos numa espiral de superinteligência. E aí? Quem estará no comando?
Pra quê criar uma AGI?
Essa é a pergunta que quase ninguém faz.
- Automatizar tudo?
- Resolver problemas científicos?
- Aumentar a produtividade?
- Manter o lucro concentrado nas mãos de poucos?
A AGI não pode ser só um marco tecnológico sem propósito claro. Senão, vira só mais uma ferramenta de poder — muito mais perigosa.
As barreiras para a AGI não são só técnicas
- Filosóficas: Como recriar algo (consciência) que nem sabemos definir?
- Éticas: Algoritmos já causaram decisões enviesadas no Judiciário dos EUA.
- Sociais: Ferramentas atuais já impactam o emprego. Imagine uma que pensa sozinha.
- Políticas: O desenvolvimento está nas mãos de pouquíssimas empresas privadas.
E se a gente nunca chegar lá?
Talvez a AGI seja um horizonte inalcançável. E talvez isso não seja tão ruim assim.
Porque perseguir a ideia de inteligência geral sem refletir sobre o que é ser humano pode nos afastar daquilo que mais importa: nossa própria humanidade.
AGI é um espelho
Se um dia existir, a AGI vai refletir:
- O que valorizamos
- O que tememos
- E o que queremos ser enquanto espécie
Então talvez a pergunta mais importante não seja:
“Como chegaremos lá?” Mas sim: “Vale a pena chegar?”
Essa é uma versão resumida da transcrição do BranchAberta, episódio v0.0.6, para mais episódios acesse o site: branchaberta.dev e ouça os outros episódios da sua plataforma de podcast predileta!
Um abraço do Primo, T+!!!
Foto de Capa: Markus Winkler https://www.pexels.com/photo/scrabble-tiles-on-a-wooden-table-with-the-word-rock-19867470/
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