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Vinicius Jimenez
Vinicius Jimenez

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Utilizando GitLab snippets para automação de criação de projetos React

Durante o processo de desenvolvimento de aplicações web com React, é gasto um bom tempo configurando ESLint, Prettier, lint-staged e husky, o que acaba sendo muito custoso e repetitivo. De forma a agilizar isso, nesse artigo busco apresentar como utilizando os snippeets do GitLab é possível automatizar isso.

De acordo com a documentação do GitLab:

Com os snippets do GitLab, você pode armazenar e compartilhar trechos de código e texto com outros usuários. É possível comentar, clonar e utilizar controle de versão em snippets. Eles podem conter vários arquivos. Além disso, suportam realce de sintaxe, incorporação, download, e você pode gerenciar seus snippets com a API de snippets

Como o snippets podem ser clonados, é possível clonar trechos de códigos e arquivos para dentro de seu projeto. Utilizando essa funcionalidade, podemos dividir partes das configurações iniciais do projeto em alguns snippets e depois clonar por partes dentro do nosso projeto. Além disso, vamos criar um script em bash para criar o projeto React com vite e clonar os snippets dentro do nosso projeto.

Criando os snippets

Neste artigo, abordaremos os seguintes snippets: start react project, react project configs, language config e react resets config. Cada snippet possui uma função específica, o que é necessário devido à limitação de 10 arquivos por snippet. Essa separação também facilitará a criação do script bash. A seguir, explico a função de cada um:

  • start react project: esse é o snippet principal, a ideia dele é que o usuário possa fazer clone nele e executar o script bash;
  • react project configs: esse arquivos contém os arquivos de configuração geral da aplicação React.
  • language config: esse snippet contém os arquivos de configuração de internacionalização utilizando a biblioteca react-intl;
  • react reset config: ao iniciar um projeto React, o vite gera alguns arquivos de exemplo que geralmente acabamos deletando. O objetivo deste snippet é fornecer um projeto “limpo” para evitar esse retrabalho.

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React project configs

Os arquivos que estão presentes nesse snippet são os arquivos de configurações do projeto que ficam normalmente na raiz do projeto. São eles:

  • .env.development: arquivo de variáveis de ambiente para o modo de desenvolvimento;
  • .env.production: arquivo de variáveis de ambiente para o modo de produção;
  • .eslintrc.yml: arquivo de configuração do ESLint. A nova versão 9 do ESLint tem usado um arquivo .js para essas configurações, no entanto, nem todas as bibliotecas de linting que nós utilizamos tinha suporte a versão 9, portanto, estamos utilizando a versão 8 que permite usar YAML;
  • .prettierrc.yml: arquivo de configuração de formatação do Prettier;
  • gitlab-ci.yml: arquivo de configuração de CI/CD do GitLab;
  • Dockerfile: arquivo de instruções para gerar uma imagem Docker do projeto React;
  • nginx/default.conf.template: arquivo de configuração default para iniciar um servidor NGINX. Estamos utilizando a extensão .template, pois, com ela é possível utilizar variáveis de ambiente. Essa feature foi introduzida na versão 25 do NGINX;
  • nginx/nginx.conf: arquivo de configuração do NGINX que inclui as configurações default do nginx/default.conf.template;
  • tsconfig.app.json: arquivo de configuração do TypeScript, configurado para habilitar o uso de aliases dentro da aplicação. O alias que utilizamos é o @ que faz referência ao diretório src;
  • vite.config.ts: e por fim, o arquivo de configuração do vite, que além de habilitar e resolver os aliases na hora de empacotar, ele está configurado para utilizar o import de SVG como componentes utilizando o plugin vite-plugin-svgr.

É importante notar que os arquivos que iniciam com nginx/quando forem clonados via Git serão adicionados a mesma pasta nginx/.

React reset config

Como dito anteriormente, quando um projeto React é criado, por padrão, vem bastante código “poluído” de template. Normalmente, umas das primeiras fases do desenvolvimento do projeto é remover esse código template e organizar os arquivos App.tsx e o main.tsx. Para isso, utilizamos os seguintes arquivos:

  • app.tsx: componente principal da aplicação React;
export const App = () => {
 return <div></div>
}
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  • main.tsx: componente que renderiza todo o projeto;
import { StrictMode } from 'react'

import { createRoot } from 'react-dom/client'

import { App } from './app'

const container = document.querySelector('#root')!
const root = createRoot(container)

root.render(
 <StrictMode>
  <App />
 </StrictMode>
)
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  • env.d.ts: arquivo de configuração de definição das variáveis de ambiente para serem expostas ao import.meta.
/// <reference types="vite/client" />

interface ImportMetaEnv {
 readonly VITE_API_URL: string
 readonly VITE_APP_VERSION: string
}

interface ImportMeta {
 readonly env: ImportMetaEnv
}
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Language config

Alguns projetos que desenvolvemos possuem como requisito ter dois idiomas: espanhol e português. Dessa forma, para manter um padrão, foi criado um snippet só com os arquivos necessário para agregar esse requisito nas nossas aplicações. Os arquivos desse snippet são:

  • translations/es-PY.json: arquivo JSON com todas as labels em espanhol;
  • translations/pt-BR.json: arquivo JSON com todas as labels em português;
  • utils/lang.ts: arquivo com a função para pegar o idioma preferido do usuário;
  • types/lang.ts: arquivo contendo os tipos e interfaces necessárias para a aplicação;
  • translations/index.tsx: arquivo que exporta o objeto de messages utilizados pelo provider do react-intl, contendo as labels em português e espanhol.
  • hooks/lang.ts: arquivo que exporta o hook userUserLanguage;
  • app.tsx: neste caso, o arquivo app.tsx contém o provider do react-intl utilizando as messages do arquivo translations/index.tsx;

No futuro, pretendo criar uma artigo explicando desde o começo como
aplicamos internacionalização nas aplicações React que desenvolvemos.

Start react project

E por fim, esse é o principal snippet desse artigo. Ele contém somente dois arquivos, um README.md, explicando como utiliza-lo, e o arquivo bash para criar o projeto React. O script é divido em várias funções, irie apresentar uma por vez neste artigo.

#!/bin/bash
initial_branch="main"
remote_address=""
project_name=""
template=""

parse_params(){
    while getopts ":b:r:n:t:" opt; do
        case ${opt} in
            b )
                initial_branch=$OPTARG
                ;;
            r )
                remote_address=$OPTARG
                ;;
            n )
                project_name=$OPTARG
                ;;
            t )
                template=$OPTARG
                ;;
            \? )
                echo "Invalid option: -$OPTARG" >&2
                exit 1
                ;;
            : )
                echo "Invalid option: -$OPTARG requires an argument." >&2
                exit 1
                ;;
        esac
    done
    shift $((OPTIND -1))
    if [ -z "$project_name" ]; then
        echo "Error: Project name is required." >&2
        exit 1
    fi
}
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O script aceita 4 parâmetros para ser executado:

n: nome do projeto React a ser criado (Obrigatório);
b: nome da branch inicial (Opcional);
r: endereço do repositório remoto (Opcional);
t: template que utilizamos, neste caso, um deles é o i18n, para sistemas internacionalizados (Opcional);

start_vite_project(){
    echo "Starting Vite project with React TS template..."

    npm create vite@latest "$project_name" -- --template react-ts --silent

    cd "$project_name" || { echo "Failed to change directory to $project_name"; exit 1; }
}
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A função acima é responsável por inicializar um projeto utilizando a ferramenta vite, passando como nome do projeto, o nome informado como parâmetro. Após isso, é realizado um comando cd para entrar dentro do diretório do projeto.

install_dependencies(){
    echo "Installing dependencies..."

    npm install --silent
    npm i -D eslint@8.53.0 --silent
    npm i -D prettier --silent
    npm i -D husky --silent
    npm i -D lint-staged --silent
    npm i -D vite-plugin-svgr
    npm i -D @types/node

    npx husky init --silent

    npm i -D @typescript-eslint/eslint-plugin --silent
    npm i -D @typescript-eslint/parser --silent
    npm i -D eslint-config-prettier --silent
    npm i -D eslint-import-resolver-typescript --silent
    npm i -D eslint-plugin-import --silent
    npm i -D eslint-plugin-react --silent
    npm i -D eslint-plugin-react-hooks --silent
    npm i -D eslint-plugin-react-refresh --silent
    npm i -D eslint-plugin-sonarjs --silent
    npm i -D eslint-plugin-unicorn --silent
    npm i -D eslint-plugin-unused-imports --silent
    npm i -D eslint-plugin-prettier@latest --silent
}
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A função install_dependencies instala todas as dependências adicionadas pelo vite as dependências esperadas pelo arquivo de configuração do ESLint e Prettier. Além disso, também é instalado e iniciado o Husky para adicionar rotinas de pré commit para o projeto.

set_scripts(){
    echo "Configuring formatting, type checking, and linting scripts..."

    npm pkg set scripts.lint="eslint \"src/**/*.{ts,tsx}\" --quiet"
    npm pkg set scripts.lint:fix="eslint \"src/**/*.{ts,tsx}\" --quiet --fix"
    npm pkg set scripts.type:check="tsc --noEmit"
    npm pkg set scripts.format="prettier --write \"src/**/*.{ts,tsx}\""

    npm pkg set scripts.prepare="husky install"
}
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De modo a facilitar o uso do ESLint e do Prettier, criamos alguns scripts para realizar linting e formatação do código. Além disso, ao refatorar código, nem sempre a IDE mostra todo os erros de tipo no código, portanto, criamos um script para verificar os tipos.

  • lint: realiza as verificações de linting baseado na configuração do .eslintrc.yml;
  • lint:fix: realiza as verificações e corrige os erros de linting;
  • type:check: executa a verificação de tipos sem gerar o código compilado; format: formata todo o código baseado nas configurações definidas em .prettierrc.yml.
set_lint_stage(){
    npm pkg set lint-staged='{"./src/**/*.{ts,tsx}": ["npm run format", "npm run lint:fix"]}' --json
    npm pkg set husky='{"hooks": {"pre-commit": "lint-staged"}}' --json

    echo -n "" > ./.husky/pre-commit
    echo "npx lint-staged && npm run type:check" >> ./.husky/pre-commit
}
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Essa função configura os Git hooks criados pelo Husky e utilizando o lint-staged. Neste caso, estamos utilizando somente um hook que é para ser executado antes de realizar o commit.

import_default_templates(){
    echo "Importing default templates..."  

    rm -rf src/*
    rm -rf vite.config.ts
    rm -rf tsconfig.app.json

    git clone https://gitlab.com/snippets/156.git ./src/ --quiet
    git clone https://gitlab.com/snippets/154.git ./temp --quiet

    mv ./temp/nginx . || exit
    mv ./temp/.eslintrc.yml . || exit
    mv ./temp/.prettierrc.yml . || exit
    mv ./temp/.gitlab-ci.yml . || exit
    mv ./temp/.env.development . || exit
    mv ./temp/.env.production . || exit
    mv ./temp/Dockerfile . || exit
    mv ./temp/tsconfig.app.json . || exit
    mv ./temp/vite.config.ts . || exit

    rm -rf eslint.config.js
    rm -rf temp
    rm -rf src/.git
}
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Nesta função são importados os templates padrão das aplicações React. Após criar um snippet, no lado superior direito, há um botão clone que mostra a URL para fazer o clone do snippet. Cada snippet possui um ID sequência e é clonado com base nisso. Os snippets react reset config e react project config representam os IDs 154 e 156, respectivamente.

O primeiro passo é remover todo o contéudo do diretório src, o arquivo de configuração do vite e o do TypeScript. Após isso, são clonados os snippets, um deles dentro do src(react reset config) e outro dentro de uma pasta temporária temp. Como não é possível fazer clone em um diretório com conteúdo, fazemos o clone em um pasta vazia e depois movemos para seus respectivos lugares. Todos os arquivos do diretório temp são movidos para a raiz do projeto. Por fim, é excluído a pasta temp e a pasta .git criado dentro de src, criada ao executar o clone do snippet.

import_i18n_template(){
    echo "Importing i18n template..."

    npm i react-intl --quiet
    npm i react-hook-form --quiet
    npm i jotai --quiet
    npm i flat --quiet

    git clone https://gitlab.com/snippets/155.git ./temp --quiet

    rm -rf ./src/app.tsx
    mv ./temp/* ./src/ || exit
    rm -rf ./temp
}

import_templates(){
    if [ "$template" = "i18n" ]; then
        import_i18n_template
    fi
}
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Caso o usuário tenha informado o parâmetro de template, esta função é responsável por importar os templates dentro do projeto. Neste caso, existe somente um template i18n. Novamente, como não podemos fazer o clone em um repositório não vazio, é necessário utilizar uma pasta temp.

start_git_repository(){
    echo "Initializing Git repository..."
    git init --initial-branch="$initial_branch"
    npm run prepare --silent
    git add .

    echo "Making initial commit..."
    git commit -m "feat: initial commit"

    if [ -n "$remote_address" ]; then
        echo "Adding remote repository..."
        git remote add origin "$remote_address"
        echo "Pushing initial commit..."
        git push origin "$initial_branch"
    fi 
}
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O script bash também inicializa um repositório Git e inicializando as rotinas de pré-commit definidas pelo Husky. Além disso, o script também realiza o commit inicial e, se for informado um repositório remoto, a função irá adiciona-lo como origin na lista de repositórios remotos e realizar push para aquele repositório remoto na branch inicial.

run(){
    parse_params "$@"
    start_vite_project
    install_dependencies
    set_scripts
    set_lint_stage
    import_default_templates

    if [ -n "$template" ]; then
        import_templates
    fi

    start_git_repository
    echo "Project setup completed successfully!"
}

run "$@"
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Por último, mas não menos importante, a função run é responsável por chamar todas as funções apresentadas acima na ordem correta. Caso tenha sido informado um template, ela irá importá-lo também. Em Bash, $@ é uma variável especial que representa todos os argumentos passados para um script ou função, como uma lista separada por espaços. Cada argumento é tratado como uma string individual.

Executando o script

Antes de executar o script, é necessário dar permissão para executa-lo. Para usuários de Linux, basta executar o seguinte comando.

$ chmod +x start-react-project.sh
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Após torna-lo executável, rode o seguinte comando:

$ ./start-react-project.sh -n <NOME_DO_PROJETO> -b <BRANCH_INICIAL> -r <REPO_REMOTO> -t <TEMPLATE>
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A execução do script pode demorar alguns segundos até instalar todas as bibliotecas e fazer clones de todos os snippets. Neste artigo, irie considerar o template i18n. A estrutura do projeto será a seguinte:

./
├── nginx/
│   ├── default.conf.template
│   └── nginx.conf
├── node_modules/  
├── public/
│   └── vite.svg
├── src/
│   ├── hooks/
│   │   └── lang.ts
│   ├── translations/
│   │   ├── es-PY.json
│   │   ├── index.ts
│   │   └── pt-BR.json
│   ├── types/
│   │   └── lang.ts
│   ├── utils/
│   │   └── lang.ts
│   ├── app.tsx
│   ├── env.d.ts
│   ├── main.tsx
│   └── vite-env.d.ts
├── Dockerfile
├── README.md
├── index.html
├── package-lock.json
├── package.json
├── tsconfig.app.json
├── tsconfig.json
├── tsconfig.node.json
└── vite.config.ts
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Conclusão

Neste artigo busquei mostrar um pouco de como, utilizando uma ferramenta simples, é possível criar automações para facilitar no desenvolvimento de aplicações. Espero que tenham gostado desse artigo, este é o meu primeiro artigo aqui no dev.to, espero que seja o primeiro de muitos. Muito obrigado pela atenção!

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