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Wivson Machado
Wivson Machado

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É hora de mudar…

Curiosamente esse texto não tem a pretensão de mudar absolutamente nada, ele é apenas um registro de que podemos mudar, talvez o titulo não seja o melhor, mas é o que veio à minha cabeça nesse exato momento.

Esse texto será temporal, uma cápsula do tempo que irei revisitar de tempos em tempos, provavelmente será construído ao longo do tempo, dos sentimentos e das vivencias que tive e que terei.

Começo a escrever esse texto por volta das 16 horas de quarta-feira, 02 de junho de 2021.

Na TV e nas redes sociais falamos da CPI da Covid, Copa América e nosso doloroso dia-a-dia de brasileiros.

Minha cabeça é um turbilhão de ideias e é bem difícil organizar, otimizar e executar tudo o que ela pensa, talvez eu não precise executar tudo, porém saber o que executar e o que não executar já é uma tarefa difícil.

Eu acredito que ninguém ao meu redor consiga me entender, nem meus pais, minha esposa ou mesmo meu melhor amigo. Mas será que alguém precisa me entender, ou melhor, será que alguém quer me entender ou eu quero que as pessoas me entendam?

Se eu mesmo não entendo minha cabeça como posso esperar que as pessoas ao meu redor, mesmo as mais intimas, possam me entender?

E quando falo que não me entendo, significa que não sei quem sou.

Esse texto marca o inicio do que pode ser o fim dessa duvida, que só um futuro breve dirá, talvez daqui a cinco anos eu possa revisitar esse texto e no fim responder: sim, eu sei quem eu sou! ou ainda estar perseguindo essa resposta.

Spoiler: Tenho a impressão que viver é sobre perseguir quem você é!

Mas por que esse texto marca o que pode ser o inicio do fim dessa duvida?

Pra responder isso, preciso ir no começo da minha vida acadêmica.

Eu nunca soube bem o que eu gostaria de ser quando eu crescesse, sinceramente não lembro de responder essa pergunta.

Mas lembro que sempre fui muito curioso em saber como as coisas funcionavam, inventivo e criativo. Desmontava para montar, criar e recriar.

Talvez, quem leia diga: Engenheiro!

Sou de uma família simples, pais sem formação acadêmica mas com muita experiência de vida, que me ensinaram demais como encarar a vida de peito aberto.

Estudei a minha vida toda em escola publica com seus defeitos, desafios, greves e afins.

No ensino médio entrei para uma escola técnica, para um curso técnico que eu não fazia ideia do que era, então como escolhi? Um primo meu mais velho já fazia esse curso e sem nem saber as outras opções de cursos, me inscrevi, fiz a prova e passei.

Durante o curso, tive um professor de mecânica industrial que dizia:

“Vocês estão no curso errado, vocês estão no curso errado. Estão tirando a vaga de quem quer estudar”

Ele tinha razão, 16 anos depois a turma de aproximadamente 40 alunos, talvez apenas quatro ou cinco ainda estejam na área de formação.

Eu sou um deles que continua na área, não exatamente na profissão que estudei para ser técnico, mas numa área paralela que o curso técnico me levou.

Hoje faço algo que nada tem a ver com a minha natureza, aquela curiosa, inventiva, criadora.

Durante muito tempo criei escudos para dizer que o que eu faço é algo absurdamente maravilhoso e fora da caixa.

A verdade é que aprendi a suportar o que eu faço, e declarar um amor inexistente porque é o que paga as minhas contas.

Afinal ninguém ama tomar chuva na cara às 3hs da manhã num frio de 15° para assinar um documento de algo que vale 250 vezes(no mínimo) o seu salário mensal.

Durante esse percurso tentei ser muitas coisas: artesão, músico, fotógrafo e sempre conciliando com o trabalho que paga as minhas contas, elas nunca foram as minhas profissões e eu sempre dizia, é um hobby, e o que é um hobby senão uma fuga do que você faz, um detox mental daquilo que você não aguenta mais, não é?

Percebe que todos os meus hobbies eram ligados à curiosidade, criatividade e inventividade? Era a minha própria natureza chamando.

E é incrível como a gente fica nesse círculo vicioso de enganar a nós mesmos, à procura de hobbies, fugas, distrações e não admitir que estamos no lugar errado, fazendo a coisa errada só porque: “é isso que paga as minhas contas”.

Não estou dizendo que devemos chutar o pau da barraca, largar o que paga nossas contas e ir fazer o que amamos, não é isso.

O que quero dizer é que enquanto vivemos em negação e continuamos à fazer o que amamos somente como hobby apenas no tempo livre, os anos vão se passando, a vida vai passando e simplesmente não vemos.

Pra mim, até o momento foram 16 anos. Até quando? Até quando vou viver nessa negação?

Eu entendo perfeitamente o quanto é difícil encarar essa realidade depois de um tempo, mas é preciso coragem de enxergar, admitir e mais coragem ainda de fazer o movimento para aquilo que você quer, deixar de ser um hobby e se tornar a sua profissão.

E quando digo que entendo, entendo mesmo pois só na área que atuo tenho 12 anos de experiência, todos que atuam na minha região me conhecem, sabem como trabalho e o que eu sei.

Isso pesa demais na hora de tomar uma decisão, mudar a rota e começar absolutamente do zero. Começar tal qual um estagiário.

Mas será que isso não é mais um dos meus escudos, contra o medo de mudança?

Afinal, quem eu sou? Alguém que prefere se acomodar em um lugar por já estar estabelecido ou aquele curioso, criativo, inventivo? Vou negar a minha natureza mais uma vez?

E sabe o que é mais curioso? A vida nos presenteia com sinais que as vezes não percebemos, mas se pararmos para prestar a atenção eles estarão lá como um letreiro luminoso da Broadway Avenue.

No meu caso a minha psicóloga, que me ajudou a sair de uma depressão, largou a advocacia para fazer psicologia. O meu melhor amigo que largou a engenharia com 2 graduações, pós graduação e foi para o mercado financeiro.

São exemplos que mostram pra mim que é possível sim, levantar, sair da minha zona de conforto, sair de um local estabelecido e ir em busca do que eu gosto, do que eu posso verdadeiramente dizer que amo.

Ir sem medo de ser um novato, sem experiência e com pouco conhecimento.

Até porque eu já saio em vantagem no inicio de um novo desafio, eu tenho a certeza que em algum momento eu vou adquirir experiência, confiança e conhecimento, e se eu pude fazer isso em algo que a vida me levou a fazer, que eu não escolhi fazer, imagina em algo que eu estou escolhendo fazer, não é mesmo?

E é a partir daqui que a mudança vai começar. Nos vemos em breve.

Top comments (2)

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cassiodourado profile image
Cassio Dourado

muito interessante.
Estou mais ou menos nesse ponto da carreira

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wivsonmachado profile image
Wivson Machado

@cassiodourado que você consiga, assim como eu, fazer esse movimento... esse texto é justamente para encontrar pessoas que estão nesse ponto da vida e mostrar que elas não são as únicas. Qualquer coisa estamos aí, grande abraço.