E a cultura das pessoas que trabalham com você
Eu geralmente gosto do desconforto de desconhecer algo. E aí eu passo a saber sobre essa coisa e eu fico totalmente enlouquecida para saber mais. E desde que eu comecei a trabalhar em empresas que têm todos os tipos de pessoas, eu tento absorver o máximo da cultura e das diferenças ao meu redor.
Esses dias eu estava completamente obcecada com o Diwali. O Diwali para quem não sabe é um festival na Índia que é conhecido por ser o festival das luzes e da felicidade. Todas as cidades se iluminam para comemorar a vitória da luz sobre à escuridão. E eu só fui capaz de saber tudo isso através dos meus coworkers, que estavam saindo viajar e se reunir com suas famílias para aproveitar o feriado e celebrar. Muitas pessoas dividiram também sobre as suas infâncias assistindo o anime Ramayana: The Legend of Prince Rama durante o feriado.
Ah e durante o Diwali desse ano também aconteceu o grande jogo da Copa de Mundo de Cricket Paquistão x Índia, grandes rivais, pra alegrar ainda mais o feriado. O Cricket na Índia é como o Futebol aqui no Brasil, e Paquistão x Índia é como um grande jogo entre Brasil e Argentina!
E é bom conhecer o nosso mundo como ele é: diverso. Mas às vezes também incomoda muito porque no mundo existem diferenças que não são tão lindas , mas te faz conhecer pessoas incríveis. Mulheres incríveis como a que eu conheci hoje: Meital Avital.
Meital é uma manager na Red Hat e ela é de Israel. Mas além de uma manager incrível, que se preocupa até em escolher as palavras corretas para conversar com cada uma das pessoas diferentes que ela gerencia, ela também é uma mulher. Uma mulher israelita que lida com coisas que acontecem no próprio país dela com todas as mulheres.
E então ela me contou: há 6 anos, o marido dela fugiu do país, abandonando ela e as crianças. "Ela vai se divorciar né", a gente pensa. Mas então ela me conta que por mais que ela queira muito se divorciar, ela como mulher não tem o direito de pedir o divórcio. É isso mesmo, ela está presa num relacionamento em que nenhum dos dois quer estar.
Mas ela não se contentou por aí: ela começou a militar pelo direito das mulheres em Israel. Ela se tornou uma voz para as mulheres, num país em que o serviço militar é obrigatório para as mulheres, mas que não dá à elas o direito de se divorciar. E a voz dela tá fazendo efeito: ela já foi capaz de mudar até uma lei em Israel, que permite que mulheres divorciadas possam ter mais filhos após o casamento.
E o que isso tem a ver com tecnologia? Nossos times são formados por pessoas e se o teu time for global como o meu, a cultura de cada uma dessas pessoas influencia em como elas são, o que elas fazem e o que elas acreditam. E um time só existe se relações existirem. Mas relações reais, por isso que eu absorvo tudo. Absorvo do Cricket até a injustiça de uma mulher incrível não poder se divorciar.
Aprendo muito sobre o mundo, mas principalmente sobre as pessoas, porque tecnologia sempre será sobre as pessoas.
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