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Gustavo Bizo Jardim
Gustavo Bizo Jardim

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O mito de Sísifo e a busca pela constância

Introdução

Certamente você já deve ter ouvido em algum momento a história de Sísifo, personagem da mitologia considerado o mais inteligente dentre os mortais. Caso nunca tenha ouvido, sem problemas, vou contextualizar para termos um entendimento melhor do assunto que será abordado.

Sísifo foi um rei grego fundador da região hoje reconhecida como Corinto. Ele entrou em conflito com Zeus e acabou sendo ludibriado pelo Deus dos deuses, sendo condenado a realizar um trabalho completamente exaustivo pelo resto da eternidade.

Sua punição foi ter que rolar uma enorme pedra até o topo de uma montanha, e quando finalmente chegasse ao cume com a esperança da recompensa de seu merecido descanso, a pedra rolaria ladeira abaixo para ele ter que empurrá-la novamente, repetindo-se indefinidamente, tornando-se assim sua sina sem nenhum propósito.

Partindo desse pressuposto, o filósofo francês Albert Camus (1913-1960) escreveu uma de suas obras mais conhecidas, "Le Mythe de Sisyphe" (O mito de Sísifo), relacionando a história de Sísifo com a jornada exaustiva, repetitiva e inútil dos trabalhadores da época.

Eles se encontravam em um mundo sem esperança, onde não encontravam sentido na realização de suas tarefas, tornando-se apenas hábitos "automáticos" sem perspectiva, e passando a ser apenas algo que precisava ser continuado para manter sua sobrevivência.

Olhar contemporâneo

Neste momento, você deve estar se perguntando qual é a sua relação com um personagem grego ou o que tem a ver com a situação dos trabalhadores descritos por Albert durante a Segunda Guerra Mundial. É indubitável a recorrência entre gerações de repetir infinitamente esses ciclos durante a jornada de trabalho, e principalmente a frustração consequente desses velhos hábitos.

Isso ocorre de forma cíclica: suba com a pedra, assista-a cair, desça para buscá-la e suba novamente. Volta e meia realizamos análises comparativas com os nossos iguais, fenômeno causado pela falsa sensação de meritocracia provocada pelas estruturas problemáticas do capitalismo, transformando algo que poderia ter ascensão de forma coletiva em uma competição com nossos colegas de profissão.

O sistema une suas forças para transformar uma figura abstrata de um personagem que "venceu na vida", romantizando suas chagas, demonizando seus descansos e sendo refém da necessidade de se demonstrar produtivo.

Antes de finalizarmos, deixo uma citação do autor mencionado anteriormente, Albert Camus:

"Não quero ser um gênio... Já tenho problemas suficientes ao tentar ser um homem."

Conclusão

Diante de tais considerações, torna-se imperativo, portanto, que sempre tendemos a ser injustos conosco mesmos, e isso é perpetuado por todas as gerações. É instinto do homem elevar seus deslizes e desmerecer suas conquistas. Você não tem sido improdutivo; muito pelo contrário, tenho certeza de que você deu o seu máximo e que, apesar das dificuldades, você não desistiu. Orgulhe-se disso! Continue persistindo, confie no processo e, na medida do possível, fique bem!

Referencias

O mito de Sísifo com resumo e significado
O mito de Sísifo
O Mito de Sísifo: resumo em filosofia e mitologia

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Fabricio Tiago Arantes

Um ótimo tema, meus parabéns!