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Ricardo Gouveia
Ricardo Gouveia

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Comunidade como indicativo de empresas

Esse texto é polêmico e totalmente aberto a comentários - inclusive discordando. Mas depois do “o front end vai acabar”, nada abala mais a gente…

Nesse - bastante gradual - retorno as atividades presenciais (as que fazem sentido ser ou ter a opção de ser presenciais), eu também estou aproveitando para retornar a frequentar meetups e eventos, e também voltar a ter uma rotina de criar conteúdo.

Esse artigo em específico é algo que eu comecei a idealizar em 2021, mas nunca passei da fase de pesquisa (até porque é bem baseado em opinião e experiência pessoal). E, de certa forma, esse atraso foi benéfico, visto que minha conclusão desde a idealização até aqui mudou.

O que se diz por “comunidade”

Muito semelhante ao conceito de convenção comum, o que me refiro a comunidade nesse contexto é a parte de pessoas de TI que se reúnem em eventos, meetups, grupos e outros ambientes de interação para trocar conhecimento, fazer networking, etc… Essa é uma das atividades que está retornando a ter fluxo de pessoas em eventos presenciais, e para mim faz todo sentido - pessoalmente, as vezes estou com “fadiga de tela” pelo trabalho e um evento presencial é o que me motiva a continuar dedicando tempo a assuntos de software mesmo que no fim de semana.

O proprio dev.to é uma comunidade, principalmente considerando os posts no formato de pergunta ou discussão, que são principalmente para engajar e interagir.

Eu sempre estive ligado a comunidade. Entrei no front-end por uma comunidade de desenvolvedores local de onde eu morava na época, e hoje estou participando das que estão discutindo tecnologias com que eu trabalho ou já trabalhei na área próxima de São Paulo.

Mesmo assumindo que me distanciei propositalmente da comunidade durante a pandemia - principalmente pela fadiga de tela e eventos apenas remotos como falei - ainda considero uma parte importante da carreira de um dev. Não é como se fosse impossível se tornar um bom dev sem a comunidade - afinal muitas coisas na vida tem muitos jeitos diferentes de ser alcançadas - mas eu certamente apontaria como um caminho menos turbulento até o sucesso.

Comunidade e Empresas

As comunidades de tecnologia e as empresas se relacionam a muito tempo. Essa associação ficou mais óbvia na década de 2010 com o hype de startups. Os eventos de tecnologia chegaram a ser tema de episódios satirizados pela série Sillicon Valley da HBO (que, caso você não conheça, recomendo bastante. Vale inclusive aguentar a vergonha alheia que dá ver algumas situações completamente malucas mas muito próximas da realidade, atual ou do passado).

As empresas podiam fornecer espaço para eventos dentro de seus escritórios, podiam patrocinar eventos e anunciar vagas neles, podiam dar incetivos a seus devs para palestrar nesses eventos, entre outras coisas.

Em contrapartida, os eventos poderiam ser agregadores de profissionais que as empresas estavam buscando, além de ser fonte de inspiração para devs buscar novas tecnologias, metodologias e soluções para os problemas que estavam enfrentando no seu trabalho, de cunho técnico.

Assim como nem todos os devs participam da comunidade, com certeza nem todas as empresas participam também. E também temos aquelas empresas que promovem os próprios eventos de tecnologia, mas que não necessariamente participam, apoiam ou incentivam seus funcionários a participarem de outros eventos. E algumas empresas simplesmente ignoram a comunidade dev.

Ausência motivada

Toda regra tem sua excessão, e aqui com certeza vão ter mais do que simplemente uma, mas essa associação foi algo que eu já pude fazer: algumas empresas não apoiam seus funcionários participarem de eventos de tecnologia por conta de suas taxas de “turn-over”turn-over”; para essas empresas, se o funcionário se envolver numa comunidade com muitas empresas ligadas procurando profissionais e muitas pessoas falando sobre as vantagens de seu trabalho, ele facilmente pode ir para uma oportunidade melhor, ou que esteja mais alinhada com seus objetivos.

Não são todas as empresas que não apoiam comunidades que o deixam de fazer pelo mesmo motivo, mas acredito que as famosas “empresas trampolim” o fazem exatamente pelo exposto acima, como forma de reter um funcionário por mais tempo.

Conclusão

Essa associação foi uma coisa que percebi refletindo sobre algumas experiências de trabalho que tive, e também conversando com alguns colegas e perguntando o quanto eles conheciam sobre comunidades de software e o quanto eram expostos a esse tema, tanto em comunicações institucionais quanto por colegas de trabalho (a sua bolha mais próxima também diz muito sobre o local onde você está).

Uma outra conclusão que eu pude tirar disso foi: a comunidade e os eventos também podem te ajudar a entender o valor justo do seu trabalho. Se você vai em um evento e conhece pessoas da sua área que palestram, que podem fazer mais com suas rendas e estão dispostos a falar sobre faixas salariais e benefĩcios de onde trabalham, você pode refletir se está sendo remunerado de forma justa mesmo que sua empresa não tenha uma política aberta de faixas salarias internas.

Hoje, eu estou feliz trabalhando numa empresa que, a cada vez que vou a um evento, encontro pessoas que já conhecem ou ouviram falar do nome e das iniciativas de pioneirismo, diversidade, inclusão e apoio a comunidades e eventos, e cada vez mais ir para eventos me mostra que a empresa que remunera de maneira adequada, dá suporte e incentiva seus funcionários a crescer tem muito mais a ganhar do que a perder com seus empregados participando de grupos de discussão de tecnologia.

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